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Caio Eduardo Zanardo

Diretor Florestal da Suzano

Op-CP-57

Tecnologia a serviço da prevenção
As notícias recentes sobre o aumento de queimadas e focos de incêndio na Amazônia colocam novamente em evidência o debate em relação às formas de prevenção, controle e combate a incêndios em áreas de plantio e matas nativas. Em um ano em que o período de estiagem se prolongou e houve registro do maior número de ocorrências de incêndios para o período na década – 91.891 até o fim de agosto, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) –, fica clara a urgência de adoção de medidas perenes para coibir o avanço do fogo nas florestas brasileiras.
 
No caso de empresas produtoras de celulose e papel, os cuidados são redobrados para monitorar as grandes áreas de plantação de eucalipto e de proteção ambiental, que possuem fauna e flora conservadas. A Suzano, maior produtora global de celulose de eucalipto e líder no mercado de papel na América Latina, tem preocupação permanente com o tema, investindo em tecnologia e mantendo Brigadas de Incêndio em todas as suas unidades, visando diminuir as ocorrências e minimizar os impactos ambientais causados pelos focos de incêndio. O objetivo é proteger os cerca de 1,3 milhão de hectares de áreas plantadas e os mais de 900 mil hectares de áreas destinadas à conservação em suas unidades. 
 
Para uma atuação ainda mais efetiva, a infraestrutura disponível para a Brigada é constantemente aprimorada e os brigadistas passam por capacitações para atuarem no atendimento às ocorrências. Atualmente, as equipes têm à disposição uma frota de veículos específicos para o combate às chamas, que incluem caminhonetes 4x4 equipadas com kits para o primeiro combate, em sinergia com os monitoramentos florestais e vigilância patrimonial, além de caminhões-pipa de alta capacidade e caminhões multitarefa equipados e que atuam também em atividades da silvicultura, agregando valor ao processo com otimização dos recursos empregados na estratégia de prevenção e combate aos incêndios florestais.
 
Uma novidade que trouxe benefícios relevantes foi a utilização de um caminhão que atua com o CAF (Compressed Air Foam, traduzido do inglês como espuma com ar comprimido), sistema de alta energia que usa ar nitrogênio comprimido para aplicar espuma de combate ao incêndio, especialmente para utilização em áreas florestais, sendo cinco vezes mais potente. Aliado a outros equipamentos, como soprador e produtos retardantes de chamas, o CAF tornou o combate mais eficaz e reduziu o volume de água utilizado nas operações.
 
A segurança dos cerca de 600 brigadistas é prioridade, e a nova estratégia de combate, com equipes menores e mais ágeis nos deslocamentos, proporcionou menos exposição ao fogo. Eles também contam com equipamentos de proteção individual modernos, como capacete termoplástico, óculos de proteção antirrisco e antiembaçamento, capuz em malha de aramida, luvas em vaqueta com forro, macacão de combate com forro e botas antichamas.
 
Outra novidade está sendo implementada no Maranhão, onde já existe um sistema de gestão das ocorrências, com registros do histórico de atendimento que ajudam a criar padrões a partir de informações, como formas de detecção, tempo da operação e quantidade de brigadistas envolvidos, tudo gerado a partir de apontamento eletrônico por meio de smartphones e tablets, em um aplicativo desenvolvido pelos colaboradores da empresa.

Esse banco de dados traz um panorama mais claro da situação e indica formas de combate mais adequadas para cada caso, tendo como principais resultados uma área monitorada, entre própria e de terceiros, de 800 mil hectares. Além de detecção de incêndios, também usamos imagens das câmeras para ver pragas e doenças. Em 2019, tivemos, até o momento, 1750 focos de incêndios, sendo destes 1050 focos em agosto. O uso do aplicativo será ampliado como uma boa prática em todos os sites da empresa.
 
As torres de observação são outro importante instrumento estratégico. Alimentadas por energia solar, elas são equipadas com câmeras e conseguem controlar, 24 horas por dia, a quase totalidade da área florestal da empresa. O monitoramento das áreas florestais por meio das câmeras instaladas nas torres se mostrou essencial para tornar mais eficaz o combate a focos de incêndio, desde o acionamento da brigada até o acompanhamento e a conclusão das atividades. Ele possibilita manter a segurança, verificar possíveis desvios nas operações e aprimorar as ações de conservação da biodiversidade, pois são comuns registros da presença de animais silvestres nas áreas florestais.

A Suzano possui mais de 110 torres que realizam o monitoramento em suas unidades. Os equipamentos medem entre 54 e 72 metros – alturas equivalentes a prédios de 18 e 24 andares, respectivamente – e têm um raio de alcance de 15 a 20 km. Com eles, o tempo de resposta médio de atendimento das ocorrências diminuiu cerca de 30% em comparação com o período em que não havia monitoramento por câmeras e as equipes operacionais passaram a ser municiadas em tempo real, com informações referentes à progressão da ação de combate e necessidade de utilização de recursos adicionais.
 
As torres de observação são equipadas com câmeras digitais com giro de 360°, que enviam, on-line, imagens em alta definição para a central, onde controladores atuam permanentemente. Durante o dia, as câmeras detectam fumaça e, à noite, são capazes de detectar rapidamente qualquer luminosidade ocasionada por fagulhas que possam originar os focos de incêndios.
 
Assim que há detecção de algum foco de incêndio, é feito o cruzamento da imagem com outras câmeras para determinar o ponto exato da ocorrência. Se ele estiver dentro ou próximo das propriedades da Suzano, a equipe mais próxima de 1° Combate – que utiliza veículos menores, para deslocamentos rápidos – é acionada. Em mais de 50% dos casos, ela consegue debelar o fogo, sem a necessidade de acionar recurso de apoio. Se o foco está em um vizinho ou em florestas de outras empresas, o responsável é avisado. Todas as imagens são armazenadas por 48 horas, e as ocorrências são gravadas no banco de dados.
 
Outra importante contribuição para a detecção dos focos vem da comunidade vizinha às áreas florestais. As campanhas de conscientização costumam ocorrer anualmente, normalmente meses antes do período de maior probabilidade de incêndios, e há canais de comunicação, como um telefone de emergência para aviso de ocorrências em florestas de eucalipto ou nativas no território da empresa.
 
A soma de todos esses esforços já trouxe bons resultados, mas a Suzano continua investindo e realizando testes para aperfeiçoar as estratégias de combate a incêndios. Visitas de benchmarking recentes da Suzano na Espanha e Portugal, assim como parcerias com universidades, também reforçam a ideia de que é possível conseguir combater focos de incêndio com mais eficiência e economia de recursos, a partir de planejamento estratégico e utilização de tecnologia de ponta.
 
Um dos próximos passos na busca por melhorias tecnológicas é a detecção automática de focos de incêndio. Com uso de inteligência artificial, em breve será possível utilizar um algoritmo capaz de perceber mudanças na paisagem ou de cenários que caracterizem queimadas, tornando o trabalho de detecção e combate ainda mais rápido e eficaz. 
 
Com o fogo não se brinca.