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Eduardo Possamai

Gerente de Silvicultura da International Paper do Brasil

Op-CP-27

Sem inovação, não há transformação

O slogan é bem conhecido e, sem dúvida, aplica-se sobremaneira aos processos florestais que envolvem as atividades de plantio, da colheita e do transporte florestal. As empresas florestais brasileiras sempre buscaram agregar conceitualmente essa dinâmica, com as estruturas e possibilidades de cada época, vivenciando muitas adaptações de máquinas e equipamentos originários do setor agrícola.

De maneira geral, agregaram-se avanços, como reduções de mão de obra e custos; não, talvez, no tempo e na expectativa desejada, mas que mostravam a aptidão e o apetite das empresas nessa busca, que, com certeza, foi, é e será constante.

Atualmente, temos uma série de exemplos que caracterizam e retratam essas inovações; de maneira especial, nas atividades da colheita e do transporte florestal, com máquinas de última geração, que trouxeram um altíssimo salto de mecanização.

Como não comentar feller-bunchers e harvesters, com tecnologia embarcada com imensos recursos e uma gama de conceitos que traduzem significativos ganhos de produtividade, custos e interessantes aspectos ergonômicos? Mesmo máquinas até “marginalizadas” desse processo de mecanização, como os tratores florestais skidders, agregaram, dentro da sua concepção, esses conceitos ergonômicos, exemplo do advento da versão 6x6 e tratores equipados com banco giratório e joystick de grande acessibilidade.

Na questão do transporte florestal, as empresas focaram fortemente na mudança do tipo de composição, abandonando as composições de pequeno e médio porte, para as de grande porte, como atualmente tem sustentado o processo de abastecimento das empresas florestais brasileiras.

Exemplos de composições tipo treminhão, tritrem, rodotrem passaram a fazer parte da nomenclatura das empresas, e foi, sem dúvida, outro grande salto, pois esses tipos de composições aumentaram a capacidade de carga em até 50% em relação às anteriores. Imaginarmos a base florestal atual e a necessidade anual de transporte florestal para abastecimento das fábricas, considerando uma estrutura passada, teríamos um comprometimento logístico impensável.

Desse tripé de atividades, focando a atividade de plantio, observamos o enorme salto na colheita e no transporte florestal; o plantio obteve seus avanços tecnológicos, mas não na mesma velocidade e na estruturação de máquinas e implementos que a atividade pede e necessita. De forma muito crítica, essa atividade silvicultural, fundamental para os ciclos de produção florestal, tem, ainda, um razoável caminho a ser percorrido.

É notória a grande dificuldade no recrutamento e seleção de pessoas para execução desse tipo de atividade pelas empresas florestais. É, ainda, uma atividade essencialmente manual, que demanda o uso intenso de uma mão de obra não tão especializada, mas, nos dias atuais, de difícil contratação.

É evidente a real necessidade de um crescimento ou uma mudança de foco, para que se busque desenvolver processos tecnológicos que alavanquem essa atividade, não objetivando tão somente uma conceituação mecanizada, com consequente redução na mão de obra empregada, mas, principalmente, uma efetiva redução do custo de exaustão da madeira produzida no respectivo maciço florestal.

Aceitarmos puramente que o valor da madeira em pé, a cada ano, terá sua dose de aumento é uma leitura muito simplista; a busca e a aplicação dos avanços tecnológicos dentro dessa atividade de plantio podem e devem trazer um valor, a cada ano, mais atrativo do ponto de vista financeiro, já que, no contexto do abastecimento das fábricas, o item madeira tem um peso muito expressivo na composição final por unidade produzida.

Podemos fazer uma reflexão sobre como avançar cada vez mais, como continuar a desenvolver processos tecnológicos que tragam uma realidade interessante para as empresas, quer seja em atividades com menos avanço ou naquelas que já possuem uma considerável evolução.

Entendemos que a grande mola propulsora para essa contínua alavancagem está sedimentada na figura dos fabricantes de máquinas e equipamentos; eles são, sem dúvida, a chave para alcançarmos a manutenção e os avanços necessários. A capacidade dessas empresas, formadas por pessoas de grande conhecimento técnico somado à estrutura física, pode contribuir de forma decisiva para a manutenção desse ciclo.

Infelizmente, eventos não previstos ferem de forma aguda esses fabricantes, advindos de fatores econômicos internos e externos, mas é fundamental essa contribuição; e, olhando o cenário atual, que haja uma atenção muito especial dentro dessa atividade de plantio.

Temos sempre a honra de comentar que nosso país tem, atualmente, as melhores condições de produção de fibra ao redor do mundo, tanto no aspecto da produtividade florestal como na questão do custo da produção. Portanto é essencial que as inovações tecnológicas alicerçadas nessas atividades de plantio, colheita e transporte florestal sejam sustentáveis ao ponto de manter para o Brasil seu papel de destaque e esse rótulo.

Não podemos imaginar que outros países estejam apenas assistindo a esse quadro; estão, sem dúvida, buscando mudar essa realidade. Temos, então, de forma continuada, que buscar novos conceitos, metodologias e sistemas, ou seja, sermos incansáveis na busca das inovações tecnológicas.