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Luiz Carlos Baldicero Molion

Professor na UF-Alagoas e na Western Michigan University

Op-CP-61

A farsa do aquecimento global antropogênico
No sumário para Formuladores de Políticas (p. 20 SPM, 2013), o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas  – IPCC, sigla em inglês, órgão da ONU, afirma que o aumento da temperatura global média (TGM) no período 2016-2035, relativo ao período 1986-2005, provavelmente estará entre 0,3 °C e 0,7 °C, e o aumento no período 2081-2100, resultante das simulações por Modelos de Clima Global (MCG), estará entre 2,6 °C e 4,8 °C em um cenário irreal, com concentração de gás carbônico – CO2, três vezes superior à atual. 
 
Todo discurso do aquecimento global antropogênico (AGA) está calcado apenas em resultados de simulações de MCG, que possuem sérias limitações, dentre as quais se citam, como exemplo, o fato de não replicarem o clima passado observado e a pobre representação (parametrização) de processos atmosféricos, como o ciclo hidrológico, fundamental para manter a superfície do planeta refrigerada. 
 
Existe debate acirrado na comunidade científica quanto à confiabilidade dos resultados dos MCG e seu uso para prognosticar climas futuros. Suas projeções climáticas são meros exercícios acadêmicos, altamente questionáveis, e não se prestam para formulação de políticas públicas de desenvolvimento socioeconômico em harmonia com o meio ambiente.   
 
Existem controladores climáticos de prazo longo, de milhares de anos, como os parâmetros orbitais do planeta Terra (Ciclos de Milankovitch). Não se tem condições de quantificar o impacto dessas variações de longo prazo na TGM atual, por se processarem lentamente e serem mascaradas por variações decorrentes de fenômenos de escala de tempo rápida e, por vezes, imprevisíveis, como o impacto global de eventos El Niños e de grandes erupções vulcânicas. 
 
Aqui, exploraram-se os principais controladores do clima global de prazo relativamente curto, décadas, que são o fluxo de radiação solar absorvido pelo planeta, a cobertura de nuvens global e a temperatura da superfície dos oceanos. Contrariamente às previsões do IPCC, esses controladores indicam tendência de ligeiro resfriamento global nos próximos 10–20 anos, e não de aquecimento, um resfriamento semelhante ao do período 1946-1975, resultante de uma frequência maior de invernos mais rigorosos. 

A intensidade da atividade solar apresenta ciclos de intervalos de tempo variados, dentre os quais são de interesse, no tempo da vida humana, o Ciclo de Manchas Solares – que dura cerca de 11 anos e cuja numeração teve início em 1749 (Ciclo 1) – e o Ciclo de Gleissberg, da ordem de 100 anos.

No Ciclo de 11 anos, o número de manchas – que é uma medida da atividade solar – começa praticamente de zero manchas, atinge um máximo em cerca de quatro anos e decresce para zero nos sete anos subsequentes. Tanto no início quanto no final de um Ciclo de Gleissberg, ocorrem dois a três Ciclos de 11 anos com média mensal máxima de manchas relativamente baixa. 

Entre 1796 e 1820 (mínimo do Ciclo de Gleissberg), os Ciclos 5 e 6 de manchas apresentaram média mensal máxima muito baixa e igual a 79 manchas, em 1804, e 78 manchas, em 1816. Esse período foi chamado de “Mínimo de Dalton” e foi um período muito frio. No início do século XX, ocorreu outro mínimo do Ciclo de Gleissberg, e seu máximo ocorreu no Ciclo 18 de manchas (1957), com média mensal máxima de 269 manchas.

A partir de 1957, os máximos de manchas em cada ciclo de 11 anos começaram a diminuir, indicando que a atividade solar estava se reduzindo. Neste ano de 2020, começa o Ciclo 25 de manchas, que inaugura um novo mínimo do Ciclo de Gleissberg, e prevê-se que o Ciclo 25 (2020 a 2030), e possivelmente o Ciclo 26 (2031 a 2042), apresentem atividade inferior ao Mínimo de Dalton.

Comprovou-se que a baixa atividade solar enfraquece o campo magnético solar que protege os planetas da “chuva” de raios cósmicos galácticos (RCG) provenientes de explosões de estrelas supernovas. O campo magnético solar enfraquecido permite o aumento dos RCG que entram na atmosfera terrestre e provocam aumento da cobertura de nuvens global, segundo os resultados experimentais do físico dinamarquês Henrik Svensmark. 
 
Cobertura de nuvens aumentada resultará em redução da entrada do fluxo de radiação solar no planeta, a qual resfriará os oceanos, e estes, o clima global. Ou seja, os principais controladores do clima global na escala temporal de décadas estão apontando para um resfriamento global entre 2020 e 2040, e não um aquecimento, como prevê o IPCC.

Argumentos, tanto teóricos como observados, comprovam que o CO2 não controla o clima global! O CO2 não é um gás toxico, é o gás da vida! Reduzir as emissões antrópicas não terá efeito algum sobre o clima, e o Acordo Climático de Paris, de 2015, é inútil nesse aspecto. 

Por outro lado, a redução das emissões trará grandes malefícios para a humanidade. Primeiro, porque 85% da energia elétrica gerada no mundo dependem dos combustíveis ditos fósseis. Reduzir emissões implica gerar menos energia elétrica, e isso afetará mais severamente os países em desenvolvimento, aumentando as desigualdades sociais no mundo. 

Países desenvolvidos também não estão imunes. O termo pobreza energética está sendo usado, no Reino Unido, para definir famílias que gastam mais de 10% de sua renda para manter a calefação residencial. A falta de calefação adequada provoca excesso de mortes de pessoas idosas no inverno, com relação ao restante do ano, devido ao aumento de doenças respiratórias e cardíacas. 

Em 2018, foram identificados cerca de 2,4 milhões de lares nessa condição e, naquele inverno (dez-2017/mar-18), o número de mortes em excesso foi superior a 49 mil. Nos EUA, em 2015, 17 milhões de residências receberam aviso de corte de energia e 25 milhões tiveram que reduzir seus gastos com alimentação e saúde para pagar a conta de energia. 

Países subdesenvolvidos deveriam seguir o exemplo dos EUA e deixar o Acordo Climático de Paris, pois, além de reduzirem suas emissões de CO2, são forçados a adquirir instalações de energias renováveis, uma verdadeira ação neocolonialista. Convém lembrar que energias renováveis dependem das condições atmosféricas que, se não são favoráveis, não há geração. 

Em palavras simples, se não houver vento, os aerogeradores não geram; se não houver radiação solar, os sistemas solares não geram; e, assim por diante. Todas as instalações de energias renováveis, portanto, precisam de um gerador que usa combustível fóssil para manter o fornecimento de energia elétrica (backup).
 
Segundo, porque vegetação faz fotossíntese com CO2, e a redução de sua concentração traria diminuição de sua produtividade num mundo que, estima-se, daqui a 20 anos, terá uma população de nove bilhões de seres humanos a serem alimentados. 
 
É muita pretensão do homem querer modificar o clima global com suas emissões de CO2, que são inferiores a 5% das emissões naturais provenientes dos oceanos, vegetação, solos e vulcões, pois, como foi dito, o clima do planeta é muito complexo. As palavras de Francis Bacon contrariam, de forma sucinta, a crença das mudanças climáticas produzidas pelo homem: “Natura enim non imperatur, nisi parendi”. Traduzindo, “Não podemos comandar a natureza, apenas obedecê-la”.