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Luis Eduardo Alves Sabbado

Gerente Executivo de Desenvolvimento e Excelência Operacional da Suzano

Op-CP-56

A eficiência da geotecnologia no sistema florestal
As geotecnologias são um conjunto de tecnologias para coleta, processamento, análise e disponibilização de informações com um vínculo geográfico. O uso dessas tecnologias possibilita a obtenção de dados que suportam a gestão ambiental e operacional no sistema de produção de floresta plantada.
 
Na Suzano, a geotecnologia é utilizada de quatro diferentes maneiras: caracterização e monitoramento do ambiente, monitoramento de máquinas, monitoramento de insumos e gestão comportamental, englobando a gestão da produtividade e a gestão da segurança operacional. 
 
Para caracterização e monitoramento do ambiente, o uso da tecnologia LiDAR começou a ser utilizada em larga escala, na Suzano, em 2011, com o objetivo de identificar o relevo, uso do solo e a fitofisionomia das áreas ambientais. A empresa possui uma área de mais de dois milhões de hectares, sendo cerca de 900 mil hectares de áreas de conservação, distribuídos em oito estados do País. Para realizar o monitoramento de toda essa extensão, a Suzano utiliza, além dessa tecnologia, drones e satélites. Todas essas informações são processadas e analisadas em um sistema de informações georreferenciadas (SIG), com análise multicritério espacial, tanto na fase de planejamento dos plantios, quanto na fase de controle e gestão das operações.
 
O uso de radar e outros sensores ópticos na detecção de ervas daninhas é um exemplo de grande sucesso na gestão do manejo florestal. Esse procedimento permite a coleta de informações sobre o nível de biomassa de extensas áreas de plantio, com temporalidade quinzenal, e, comparado com padrões históricos de evolução desse indicador, possibilita a identificação de níveis de infestação, auxiliando o controle.
 
Ainda na linha de monitoramento do ambiente, o fogo é um risco para as pessoas, a biodiversidade e o plantio. Câmeras digitais distribuídas em raios de até 20 km realizam a detecção de fumaça, garantindo a identificação imediata de focos de incêndio. A identificação da coordenada é realizada por meio de triangulação, utilizando a visada de duas torres. Essa tecnologia nos permitiu reduzir a área atingida na unidade florestal de maior incidência. Foram 94% de redução da área total com sinistro por incêndio florestal, no período de 2015 a 2018.
 
Quanto ao monitoramento de máquinas e caminhões, o objetivo que almejamos com o uso da telemetria é a redução dos custos de manutenção, por meio do monitoramento sobre o modo como as máquinas estão sendo operadas. Buscamos também suportar ações corretivas em campo junto aos operadores, atingir melhoria da eficiência energética e realizar o monitoramento de dados das máquinas, de modo a instruir as equipes de manutenção com informações para a atuação não apenas reativa ou planejada, mas também preditiva.
 
A melhoria da dirigibilidade dos ativos pesados por intermédio da educação evolutiva que ocorre no momento da implementação de ações corretivas no campo, a partir do monitoramento das máquinas, é outro resultado expressivo obtido através do uso de geotecnologias. Na área de logística florestal, as taxas de acidentes com e sem afastamento apresentaram expressivas reduções. As principais causas dessa redução são o treinamento de motoristas e o uso de tecnologia de precisão no acompanhamento das operações. Atualmente, 100% da frota possui telemetria.

Para melhorar o trânsito na fábrica, a Suzano criou um sistema automatizado de entrada de caminhões na unidade de Três Lagoas-MS semelhante a um sistema de pedágio de cobrança automática; a tecnologia permite que a unidade receba e rastreie um caminhão de madeira a cada três minutos, sem filas ou engarrafamentos. 
 
Na colheita florestal, outro exemplo relevante é o uso de mapas de planejamento operacional de colheita embarcado nos harvesters. O aumento da segurança e da produtividade na operação de colheita está relacionado à interação entre operador, máquina e ambiente. Nesse processo, o operador é orientado por meio do mapa digital, com a localização onde está operando e a identificação das características do relevo e alertas, caso esteja operando em regiões não programadas.

Dessa forma, os riscos de acidentes de trabalho são reduzidos. Já em relação à produtividade, obtivemos uma redução do deslocamento das máquinas nos talhões, com base na programação adicionada aos mapas digitais. São estudadas previamente as melhores maneiras de alocação dos equipamentos em cada projeto. Os indicadores de segurança e produtividade na operação de colheita evidenciam os bons resultados obtidos.
 
Já na silvicultura, o foco do monitoramento é a gestão de insumos, realizada por meio do controle da volumetria aplicada em campo pela medição de massa e volume das aplicações de iscas, adubos e defensivos. É realizada a anotação assertiva dos locais e instantes de aplicação para validação posterior, correlação geoespacial com a produtividade, controle de infestações e compliance. Não menos importante é o acompanhamento com a telemetria dos tempos produtivos e improdutivos das operações florestais, processo realizado com o objetivo de atingir melhoria na produtividade operacional.
 
O uso de drones na aplicação de insumos em baixo volume, a utilização de imagens de drones para avaliação da qualidade de plantio entre 90 e 120 dias e o uso do LiDAR para inventário florestal contínuo são alguns exemplos de aplicações com custos e qualidade competitivos. Entretanto, por enquanto, há baixa disponibilidade de prestadores de serviço especializados no mercado, com capacidade para atender em escala operacional.
 
No contexto de uso das geotecnologias nas empresas florestais, ainda é necessário evoluir na mudança do paradigma da gestão tabular para a gestão geoespacial com o incremento na utilização de informações geográficas, não apenas em campo, mas também no escritório. A evolução na gestão e o aumento da escala de uso passam pela capacitação dos usuários para uso intensivo dessas tecnologias e a internalização de novas competências e conhecimento nas empresas florestais. 
 
Esta é uma visão de geotecnologias com uso consolidado no meio florestal, mas também existe uma série de tecnologias disponíveis no mercado, e com uso em potencial para utilização com escala operacional em um futuro próximo. O uso de tecnologias de sensoriamento remoto e telemetria tem sinergia com tecnologias de comunicação de dados e analytcs, que aceleram a disponibilização de dados para as operações e possibilitam um menor tempo de resposta nas tomadas de decisão, além da análise sistêmica de dados com uso de inteligência artificial e tecnologia de processamento de grandes volumes de dados, realizados com o objetivo de gerar valor ao negócio florestal por meio do uso intensivo de informações.