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Germano Aguiar Vieira

Diretor Florestal da Eldorado

Op-CP-48

Motivação: da mão de obra para o meio florestal
A mão de obra é muito mais importante do que imaginamos para o setor florestal. Ela representa em torno de 30% do custo de formação de uma floresta de eucalipto, influencia cerca de 50% na qualidade da floresta e promove o acolhimento e a aceitação por parte da comunidade numa atividade de uso intensivo da terra.
 
Não havendo dúvidas quanto a isso, cabe a nós, gestores, buscar a melhor metodologia para captar, treinar, educar e reter essa mão de obra em nossas empresas. Despertar o interesse dos jovens de hoje, que têm, na vida urbana, seu habitat preferido. Trabalhar no campo é uma tarefa difícil, mas indispensável para o futuro do agronegócio e, especialmente, para o setor florestal.

As atuais condições de comunicação do mundo contemporâneo proporciona, principalmente aos jovens, um desejo forte de estar ligado todo o tempo ao mundo através de seu smartphone, condição, às vezes, impossível nos postos de trabalho rural. No entanto temos a tarefa de fazer crescer o interesse dessas pessoas para esse trabalho, através de adoção de uma estratégia de desenvolvimento operacional, envolvendo mais tecnologias e melhoria das condições dos postos de trabalho. 
 
Mudar o conceito de que, trabalhar no campo, é sinônimo de trabalho duro e com baixa tecnologia, para um setor desejado pelas pessoas por sua importância para toda a humanidade, pelo seu desempenho tecnológico e pelas condições dignas e adequadas ao mundo moderno, deve ser o grande projeto dos RH´s das organizações ligadas ao setor. 
 
Menos de 15% da população brasileira vive na área rural e, nesse caso, a densidade demográfica deve ser levada em consideração e poderá medir uma maior ou menor dificuldade nessa captação de mão de obra. Veja o quadro do IBGE, projeção 2016, que mede a densidade demográfica – habitantes por quilometro quadrado –, nos estados com maiores áreas florestais plantadas no Brasil.
 
Mas será que estamos conseguindo tirar o melhor proveito de nssas vantagens competitivas como produtor florestal, aliando toda essa vantagem ambiental com a melhor tecnologia disponível?  Provavelmente, ainda não, mas o crescente acesso à tecnologia nos levará para uma significativa mudança do estado da arte da silvicultura nacional, seja na área de conhecimentos intrínsecos da cultura, seja na mecanização das atividades de plantio e de colheita florestal. 
 
Treinar e capacitar nossa mão de obra rural é caro, mas também é fundamental para a obtenção de um projeto florestal vencedor. 
Ampliar o nível de desenvolvimento dos funcionários pode levá-los a atender às necessidades específicas de uma empresa, direcionando-o aos resultados esperados. Cada função dentro da estrutura florestal possui diferentes características com requisitos distintos, que diferencia o tempo de capacitação de cada uma. 
 
Devemos prepará-los para a obtenção de performance de excelência, investindo em treinamentos específicos sobre a cultura organizacional, segurança no trabalho, boas práticas operacionais e conhecimentos específicos que cada função requer. Segundo Chiavenato, 1999, o treinamento pode ser dividido em quatro temas distintos:
 
Aumentar o conhecimento das pessoas: Informações sobre a organização, seus produtos/serviços, políticas e diretrizes, regras e regulamentos e seus clientes.
 
Melhorar as habilidades e destrezas: Habilitar para a execução e a operação de tarefas, o manejo de equipamentos, máquinas, ferramentas;
 
Desenvolver/modificar comportamentos: Mudança de atitudes negativas para atitudes favoráveis, de conscientização e sensibilidade com as pessoas, com os clientes internos e externos.  
 
Elevar o nível de abstração: Desenvolver ideias e conceitos para ajudar as pessoas a pensarem em termos globais e amplos.

Pesquisa publicada na revista Exame informou que o trabalhador brasileiro recebe metade do treinamento de um americano. De acordo com os dados, enquanto um profissional brasileiro recebe 16,6 horas de treinamento por ano, o americano recebe 31,5 horas nesse mesmo período de tempo. 
 
Dentre várias funções que constam em uma estrutura florestal, podemos evidenciar cerca de 14 cargos operacionais específicos, cujo grau de especialização pode demandar um tempo de treinamento que varia entre 30 e 220 dias, desde treinamentos legais, treinamento técnico e treinamento operacional até alcançar plena performance. 
 
Além disso, a cada dia, as indústrias produzem máquinas e equipamentos mais modernos, com introdução de tecnologia sofisticada, demandando um nível de escolaridade maior do que tempos atrás para sua operação. Aliado a essa informação, os números apresentados nas estatísticas oficiais apontam um nível de analfabetismo ainda elevado, próximo a 20% na comunidade rural brasileira. 
 
Como havia mencionado, treinar suas equipes é uma diretriz utilizada em maior ou em menor escala de empresa para empresa, mas o resultado sempre se mostrou positivo, com benefícios importantes para o custo e para a qualidade da floresta. No entanto treinamento é caro, e deve ser considerado, na sequência, um plano para a retenção dessas equipes, que não só estarão prontas para aumentar a produtividade da empresa como também serão mais assediadas pelos concorrentes.
 
Uma opção viável é estabelecer uma série de programas que vão desde o pagamento de prêmio por produtividade, a criação de reconhecimento de profissionais até a criação de uma trilha de carreira que permita que cada profissional possa ter oportunidade de crescimento dentro da própria organização. Sejam quais forem as práticas adotadas, reter a mão de obra traz inúmeros benefícios para a organização, que aprende muito com seus colaboradores, ficando cada vez mais competitiva.

Dessa forma, as empresas florestais vêm se reinventando em estratégias inteligentes que produzam resultados eficazes e eficientes em curto intervalo de tempo, uma vez que os prejuízos e as perdas em não se ter mão de obra qualificada para a operação e os seus processos decisórios representam os maiores custos de um projeto florestal.
 
Contudo pode-se afirmar que há inúmeras evidências de que o capital humano nas organizações é fundamental para a sua sustentabilidade e propicia uma nova era produtiva, e investir em pessoas é, antes de tudo, a maior garantia de obtenção de bons resultados corporativos, a curto, médio e longo prazos.