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Salo Davi Seibel

Presidente da Abipa

Op-CP-05

A indústria brasileira de painéis de madeira no cenário nacional

Nosso país, por suas características climáticas e estrutura de solo, apresenta grande vocação para o desenvolvimento de florestas e de produtos de base florestal. Somos uma nação privilegiada que, graças aos esforços realizados pelos segmentos produtivos, apoiados pelos centros de pesquisa e desenvolvimento, mantém e amplia essa vocação, fomentando o desenvolvimento de diversas regiões, gerando mais emprego e renda e, conseqüentemente, melhorando a qualidade de vida da população.

Somos reconhecidos pelos investimentos em pesquisa e desenvolvimento em melhoramento genético, que trouxeram ganhos expressivos em produtividade e em qualidade das florestas industriais, nos últimos 20 anos. Os impactos desses avanços tecnológicos geraram altos índices de produtividade no campo e elevadas eficiências nas indústrias de transformação da madeira, dando grande competitividade aos produtos dos segmentos respectivos.

Um dos marcos históricos da silvicultura no Brasil ocorreu no século passado, quando se estabeleceram plantios florestais com espécies exóticas, para substituição do consumo das madeiras de florestas nativas. Na década de 1970, com os incentivos fiscais, iniciou-se o processo de crescimento das florestas plantadas, que permitiram a instalação das primeiras indústrias de transformação da madeira, originada das florestas de pínus e eucalipto.

Embora tenha ocorrido um hiato histórico após o fim do programa de incentivos, vindo a crescer as áreas dedicadas às culturas anuais e à pecuária, em anos recentes, o aumento na demanda por madeira, por parte das indústrias de transformação, igualou a oferta de produtos florestais, oriundos de florestas plantadas, acentuando a busca de espécies florestais de alta produtividade e a prática de programas de parceria, baseados em arrendamento de terras e no fomento florestal.

Nos programas de fomento florestal, as empresas cedem aos pequenos e médios produtores rurais as mudas, os insumos e a assistência técnica, garantindo a compra da madeira à época da colheita, a preços de mercado. Essa prática realiza uma efetiva distribuição de renda nos municípios dentro do raio econômico das empresas, injetando recursos nas comunidades, fixando as populações no campo, elevando o Índice de Desenvolvimento Humano e promovendo a diversificação das culturas agrícolas na região.

Esses programas têm sido apoiados por financiamentos do governo, como o PRONAF, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar e o PROPFLORA, Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas. Nos mercados globais, a atividade madeireira e a cadeia produtiva a ela associada são parte integrante da economia mundial, tendo o Brasil atingido, em 2005, um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 59 bilhões, considerando todas as atividades da cadeia de base florestal, arrecadando anualmente R$ 9,2 bilhões em tributos e sendo responsável por cerca de 4,1 milhões de empregos (diretos, indiretos e efeito renda).

O segmento industrial, representado pelos fabricantes de painéis de madeira reconstituída (aglomerados, MDP, chapas de fibra, MDF e OSB), estabelecido no Brasil na década de 60, deu origem a uma importante cadeia produtiva, englobando a indústria de móveis, a de químicos, a de bens de capital, os prestadores de serviços e indústrias de produtos de maior valor agregado.

O setor utiliza, como fonte de matéria-prima principal, a madeira oriunda de florestas plantadas, que substituem a madeira de florestas naturais. As áreas florestais, diretamente vinculadas à indústria de painéis de madeira reconstituída, compreendem cerca de 0,5 milhão de hectares, localizados nos estados Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, e, além de suprirem a necessidade de madeira para o parque industrial desse segmento, incorporam, ainda, áreas de preservação e conservação, acima das exigências legais, representando uma importante contribuição do segmento à manutenção do equilíbrio ambiental e à preservação e conservação da biodiversidade.

O setor de painéis investiu aproximadamente R$ 3 bilhões, de 1995 a 2005, destinados à instalação de novas unidades industriais às atividades de plantio de florestas e à atualização tecnológica das plantas já existentes. Como resultado desses investimentos, a capacidade instalada atual de produção saltou de 1,6 milhão de m3/ano em 1994, para 5,8 milhões m3/ano, atualmente.

Esses investimentos, além do impacto na geração de empregos, estão gerando um importante efeito multiplicador nos clusters já existentes, gerando ampliações e crescimento nas indústrias associadas, que fornecem insumos para a indústria de painéis e componentes e acessórios para a indústria de móveis. No ano passado, a indústria de painéis e a indústria moveleira, em conjunto, atingiram um Valor Bruto de Produção (VBP) que ultrapassou R$ 15 bilhões, representando cerca de 25% do total da indústria de base florestal plantada.

Com práticas economicamente viáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas, as empresas do setor de painéis têm um compromisso com a sustentabilidade de suas atividades, não só na área florestal, como também na cadeia de custódia, e vêm obtendo o reconhecimento internacional, através do Selo Verde e da Certificação Florestal, concedida por entidades ligadas ao FSC, Conselho Brasileiro de Manejo Florestal. Qualidade e preços competitivos são os principais ingredientes que garantem competitividade aos produtos da indústria brasileira de painéis de madeira reconstituídos no mercado internacional.