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Elesier Lima Gonçalves

Diretor Presidente da ArcelorMittal BioFlorestas

Op-CP-26

A energia da floresta

Um dos maiores desafios do nosso século é a geração de energia renovável e sustentável. É reduzir, ou até mesmo eliminar, a dependência do combustível fóssil. Está aí mais uma grande oportunidade para o setor florestal brasileiro. O Brasil tem destaque no cenário mundial pelo excelente desempenho do setor florestal, resultante das especiais condições edafoclimáticas e pela tecnologia desenvolvida e aplicada.

Termos 6.510.693 hectares de florestas plantadas renováveis, dos quais 4.754.000 ha de eucalipto. O setor responde por 7,5% do PIB e gera 4,7 milhões de empregos. Produtos como madeira, celulose, papel, carvão vegetal, óleos essenciais e energia são gerados para atender às demandas da sociedade. Neste artigo, vamos focar energia.

O desenvolvimento está, historicamente, atrelado à geração de energia, e, aqui, mais uma vez, a floresta pode dar sua contribuição. Os combustíveis fósseis respondem por mais de 80% das fontes de energia mundial. A demanda por energia é crescente, com destaque para os países em desenvolvimento, mas todo o mundo, hoje, volta os olhos para a energia renovável. Independentemente das regras de mercado, a demanda por energia solar, eólica, de biomassa, dentre outras, será intensificada.

Com essa perspectiva, o setor florestal se destaca com suas claras vantagens competitivas e apresenta papel fundamental na contribuição para a continuidade do desenvolvimento com preservação e sustentabilidade. Apesar de o Brasil apresentar uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com uso intenso da energia elétrica (hidráulica) e combustíveis renováveis (álcool/biodiesel), o potencial existente para crescer e, a um só tempo, promover redução de emissões de CO2, é expressivo.

Em 2008, segundo o Balanço Energético Nacional, 45% da energia ofertada foi renovável, enquanto a média mundial foi de 13%. Como algumas oportunidades para a indústria de base florestal, podemos citar: 1. Produção de biomassa – madeira para energia, resíduos florestais e pellets; 2. Produção de biocombustíveis; 3. Geração de energia, substituindo combustíveis fósseis; 4. Produção de bioquímicos.

Algumas tecnologias existentes já estão disponíveis em escala comercial; outras em desenvolvimento para estarem disponibilizadas ao mercado em futuro próximo. É percebido pela sociedade a favorabilidade de adoção de energia gerada de forma limpa. Custo/preço - questão de tempo/necessidade. Essa percepção é mais evidente nos EUA e na União Europeia, onde metas de mudança da matriz energética foram estabelecidas contemplando a energia renovável.

Ações diversas nos países estão sendo desenvolvidas na busca de substituição fóssil versus renovável; portanto, não importando a razão, se econômica ou ambiental, os estudos e as pesquisas evoluem para energia hidráulica, solar, eólica, biomassa, dentre outras. A geração de energia base biomassa é, de fato, uma alternativa que faz parte da solução; porém, ainda temos vários desafios a vencer, como:

1. Terras para expansão dos plantios das florestas renováveis;
2. Recursos financeiros a custos compatíveis com a atividade;
3. Desburocratização do setor;
4. Investimentos em P&D;
5. Logística;
6. Eficácia energética;
7. Reciclagem; e
8. Cogeração.

Na empresa ArcelorMittal BioFlorestas, por exemplo, dentro do nosso compromisso com a sustentabilidade, assegurando a preservação ambiental e a geração de benefícios à sociedade, estamos desenvolvendo projeto específico para cogeração de energia, utilizando os gases gerados no processo de produção de carvão vegetal, com uso de 100% de madeira de florestas plantadas renováveis de eucalipto.

Esse projeto é uma parceria com a  Cemig, universidades e empresas especializadas. O carvão será utilizado pela ArcelorMittal – na unidade industrial de Juiz de Fora-MG, e os gases, coletados e queimados, passando por turbina especial que fornecerá potência para a geração de energia elétrica.

Serão utilizados, adicionalmente, para queima resíduos de biomassa florestal e finos de carvão. A iniciativa está alinhada às estratégias da ArcelorMittal BioFlorestas e da Cemig – utilização de combustíveis renováveis na geração de energia. Na área de produção de carvão vegetal em MG, estima-se uma capacidade de geração de 125 MW, somente com as seis principais empresas produtoras de carvão vegetal do estado.

Essa potência é equivalente à da Usina Termoelétrica de Igarapé (132 MW) ou à dos Parques Eólicos que a Cemig adquiriu no Ceará (99 MW). Essa tecnologia é inédita e demonstra que é possível gerar energia elétrica de forma limpa e sustentável. É a floresta, mais uma vez, contribuindo para o bem-estar da humanidade; como desde os primórdios da civilização.