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Aline Regina Vergani

Engenheira Florestal Senior da Veracel Celulose

Op-CP-56

Os nossos muitos olhos
O sensoriamento remoto atingiu um novo nível com o avanço dos satélites ao longo dos anos e, principalmente, com o advento dos VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) ou drones, que trouxeram uma nova visão e praticidade ao monitoramento e à aquisição de dados em diversos segmentos da economia, incluindo o setor florestal. 
 
A atividade que gerava apenas um indicador médio para cada unidade operacional, ou talhão, hoje traz informações espacializadas, com alta precisão, e permite que a tomada de decisão seja feita com mais rapidez. Esse fato também facilita o entendimento das causas das variações dos indicadores por meio dos seus padrões espaciais de distribuição. Além disso, o conhecimento desses padrões nos permite fazer um uso racional dos recursos na formação florestal. 
 
Em meio à grande disponibilidade de sensores e ferramentas de aquisição de dados, cabe ao profissional de geoprocessamento ponderar todos os custos e benefícios de cada um deles no momento do planejamento do seu projeto. O encantamento gerado pela riqueza de detalhes de uma imagem de altíssima resolução muitas vezes confunde os usuários, que entendem os drones como melhor alternativa para qualquer tipo de levantamento. Imagens de alta resolução permitem mapeamentos em escalas menores, com maior detalhamento, mas também requerem maior tempo de coleta e processamento e maior custo de aquisição. Todos esses fatores, além do tipo de produto que se deseja obter, devem ser considerados quando se define qual tecnologia deve ser usada em um determinado estudo ou levantamento.
 
Comparados aos drones, os satélites apresentam maior capacidade de cobertura, além de permitirem análises temporais, através de seu histórico de imagens. Além disso, o tempo de coleta é praticamente imediato e não demanda esforço de campo e processamento da imagem pelo usuário, o que torna a alternativa mais barata e mais adequada para extensas áreas de trabalho e menor necessidade de detalhamento. Já os drones trazem mais praticidade ao levantamento e costumam ser indicados quando se necessita de imagens atuais, com alto nível de detalhamento e de pequenas áreas, ou áreas mais dispersas.
 
A cobertura de nuvens afeta diretamente a disponibilidade de imagens de qualidade quando se fala em sensoriamento remoto óptico. Estudos mostram que o litoral nordestino tem nebulosidade constante em torno de 80%, o que nos motiva a buscar alternativas que permitam a garantia da frequência e a qualidade das análises. A tecnologia radar, que tem a capacidade de atravessar as nuvens, torna-se uma grande aliada à coleta de dados em áreas com nebulosidade ou em períodos de chuvas. 
 
Também nesses casos, entram novamente os drones como alternativa para os levantamentos, pois sobrevoam a baixas altitudes e não sofrem influência das nuvens, apesar de também estarem sujeitos a uma menor disponibilidade operacional devido às condições meteorológicas ou sofrerem o efeito da luminosidade variável, o que pode prejudicar a qualidade dos mosaicos após o processamento. 
 
Ainda, os sensores LiDAR, que têm apresentado custo a cada dia mais competitivo, são alternativas que permitem mapeamentos com alto nível de detalhamento e diversos produtos, e podem ser viabilizados para trabalhos em grande ou pequena escala, sejam em formato terrestre, embarcados em drones, ou em aeronaves tripuladas.
 
Atualmente, na Veracel, os drones são apenas um de nossos muitos “olhos na floresta”. Além das equipes de monitoramento, inventário e operações, o sensoriamento remoto é uma ferramenta que tem nos auxiliado muito. Iniciamos os levantamentos usando índices de vegetação, calculados a partir de imagens de satélite gratuitas. 
 
É um processamento rápido e automático, que nos permite avaliar grandes áreas, e vem se mostrando uma ótima ferramenta para identificação de anomalias na floresta e também desvios no cadastro florestal. Identificando os pontos de atenção, partimos para as imagens de satélite de alta ou altíssima resolução, onde descartamos os possíveis erros do mapeamento automático e determinamos um plano de ação para garantirmos um cadastro consistente e uma floresta produtiva.
 
Além disso, os drones nos têm auxiliado como uma nova visão para as áreas operacionais. Atualmente, estão presentes nos monitoramentos, controle de qualidade das operações e avaliações de qualidade pós-colheita, ajuste de área de talhões, microplanejamento operacional e, a cada dia, despertam novos interesses e aplicações. 
 
Os aplicativos mobile são também ferramentas muito utilizadas como apoio e interface entre os profissionais da cartografia e a área operacional. Eles vêm substituindo os mapas impressos, que são menos comuns na rotina de campo. Esses aplicativos são responsáveis pela disseminação dos resultados das análises que são geradas em escritório e também são usados como dispositivos de coleta de dados, trazendo novas informações, que garantem a melhoria contínua dos processos.
 
Em uma época em que a tecnologia nos permite gerar uma grande quantidade de dados em um curto intervalo de tempo, o desafio atual é a estruturação e a análise dos extensos bancos de dados e, principalmente, a transferência da tecnologia do escritório para o campo. É no campo que são recuperados os investimentos financeiros e também onde se aprende, garantindo que os belos mapas e imagens gerados com as geotecnologias atuais cumpram sua missão de redução de custos, de aumento da produtividade e de qualidade das operações e dos produtos florestais.