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Caio Eduardo Zanardo

Gerente de Desenvolvimento Operacional da Fibria

Op-CP-27

É preciso inovar

O setor florestal está passando por uma grande transformação, na qual organizações empresariais deparam-se com exigências crescentes quanto à velocidade de mudanças frente ao aumento das incertezas relativas ao futuro do mercado. A insistência pela renovação está cada vez mais presente no dia a dia dos executivos, e as empresas estão cada vez mais pressionadas a operarem com baixo custo, alta qualidade e sustentabilidade.

Nesse contexto, é necessário dar saltos tecnológicos no desenvolvimento de processos, máquinas e equipamentos para alavancar a produtividade e garantir a competitividade no mercado global.

No passado, a inflação corroía qualquer ganho de produtividade nos processos, e o Brasil vivia numa ciranda financeira; entretanto, com a entrada do Plano Real e a estabilização da moeda, a excelência operacional passou a ser o foco das grandes empresas. Nas últimas décadas, o setor florestal vem implantando inovações e desenvolvimentos significativos.

Podemos destacar a entrada do uso do herbicida no processo silvicultural como um marco para que as empresas pudessem aumentar o seu ritmo de plantio e atender às demandas cada vez maiores dos digestores industriais.

Nessa mesma direção, podemos citar a  busca do setor pela redução desse consumo, com a implantação do monitoramento de ervas daninhas, conseguindo efetivamente racionalizar o seu uso e ainda garantir as produtividades cada vez mais elevadas dos nossos plantios.

A colheita mecanizada no Brasil, que, para muitos, não teria viabilidade econômica, foi financiada pelas empresas, já prevendo que, no longo prazo, não teríamos mão de obra suficiente para atender à demanda futura. Somos benchmarking mundial e celeiro de novos desenvolvimentos de máquinas.

Hoje, temos um mercado estabelecido, o que possibilita aos grandes fabricantes adequar seus equipamentos para a realidade brasileira, considerando as nossas condições climáticas, ergonômicas e legais. No transporte, podemos dizer que avançamos muito, principalmente no que diz respeito à segurança de nossas operações.

Trocamos uma frota de caminhões sucateados por composições logísticas complexas, com rastreabilidade, transmissões online de indicadores de produção e otimizadores de rotas, visando à maximização do uso dos ativos. Tais processos romperam barreiras e mudaram as inércias, alavancando resultados e colocando o Brasil à frente dos demais concorrentes. Os próximos anos serão fundamentais para mudarmos o patamar tecnológico.

Acreditamos que a colheita já tenha atingido a sua plenitude dentro dos modelos atuais, sendo necessária uma mudança no processo para que tenhamos uma alteração significativa nos custos atuais.

Em paralelo, devemos fomentar junto às associações e aos governos iniciativas para aumentar o interesse pela qualificação florestal, pois, em países escandinavos, por exemplo, crianças de quatro anos já brincam com seus pais nos simuladores espalhados por feiras e exposições.

Cooperação e parceria serão essenciais para que possamos formar e qualificar operadores e mecânicos, pois esse será o principal diferencial das empresas. Será, na silvicultura, o grande desafio de desenvolver processos e máquinas capazes de absorver a escassez de mão de obra.

Ao contrário do que é visto na colheita, não temos tratores florestais “prontos” de fábrica para serem utilizados nos 6,5 milhões de hectares florestais plantados neste país. Gastamos cerca de 3 semanas para adaptar os tratores agrícolas, aumentando o peso, dificultando as manutenções e reduzindo as nossas disponibilidades mecânicas e eficiências operacionais.

Não há fornecedores com presença nacional para implementos e equipamentos florestais, sendo ainda, muitas vezes, necessário realizar adaptações locais de equipamentos agrícolas. A agricultura avançou muito na gestão embarcada, e a silvicultura ainda caminha a passos lentos.

Conhecer o processo é essencial para que possamos agir nas causas que irão alavancar as nossas disponibilidades e, com isso, otimizar os nossos recursos. A mecanização através da robustez e a automação das operações silviculturais deverão contribuir para a sustentabilidade de nossas operações.

Grandes são os desafios que teremos de superar, e a inovação deverá estar presente no nosso dia a dia, desde a mais simples ideia até a mais sofisticada solução. Todos têm um valor fundamental nesse processo. Devemos, agora, buscar a próxima prática, para que possamos usufruir da conquista.