Me chame no WhatsApp Agora!

Marcus Vinicius Masson

Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia Specialty Cellulose/Copener Florestal

Op-CP-51

Ciência: excelência
A ascensão e o pleno estabelecimento do setor florestal brasileiro, nas últimas décadas, com ênfase à eucaliptocultura, têm em seu excerto nacional ostensiva responsabilidade no âmbito social, ambiental e, sobretudo, econômico. De fato, isso se deve à constante evolução dos processos silviculturais e às suas intrínsecas tecnologias, coadjuvando com o desenvolvimento do setor industrial ante as extensivas demandas de diversos segmentos, como defensivos agrícolas, fertilizantes e demais insumos necessários na produção da matéria-prima da cadeia produtiva, a madeira.

Adicionalmente, a coevolução do terceiro setor no desenvolvimento e seu papel na formação de florestas comerciais, aliados aos processos de certificação florestal, têm permitido promover uma cadeia de gestão com solidez diante dos pilares da sustentabilidade, sobremaneira da maior inserção do “socialmente justo” e “ambientalmente correto”. 
 
O conhecimento dos cenários comerciais e seus componentes na caracterização da gestão do negócio florestal, em seus 5,7 milhões de hectares de florestas de eucalipto, são sustentados pela necessidade de obter florestas de alta produtividade com agregação de valor comercial, através de elevado padrão de qualidade e eficiência, uma vez que a oscilação de mercado tem sido de grande impacto nos últimos anos. Dessa forma, o absoluto caminho a se percorrer consiste na formação de matéria-prima com excelência e, para tanto, há a necessidade de se produzir ciência.
 
A aplicabilidade da ciência pura na condução da ciência aplicada, pela via da transferência de tecnologia, requer habilidade e compreensão dos processos e etapas no contexto da cadeia de gestão. Não há resultado sem execução congruente de etapas. A harmonia necessária entre o planejamento de atividades de Pesquisa e Desenvolvimento e o resultado esperado perfaz o objetivo principal do setor, que consiste em, em suma, promover excelência.
 
A produtividade potencial das florestas plantadas só poderá ser aproximadamente alcançada se cumpridas etapas da cadeia de produção: do melhoramento genético à entrega da madeira na unidade fabril. Há de se considerar os fatores adversos que tornarão a produtividade potencial em realizável, enfatizando a importância da aderência do melhoramento genético na cadeia produtiva. Por mais produtivo que determinado material genético seja, a inter-relação entre os campos da ciência é obrigatória na busca da excelência e, por consequência, produtividade. 
 
O conhecimento dos solos nos locais de cultivo, suas alterações frente às relações com o ambiente externo, como regime hídrico e suas variações, como número de dias com chuva, períodos de veranicos sucessivos, oscilação de temperatura ante as mudanças climáticas e seus impactos (objeto de discussão em diversos fóruns de caráter internacional), direcionam o manejo de preparo de solo pregresso na ciência da Pedologia.

As possíveis mudanças e a adequação do manejo de subsolagem, quer seja profunda ou não, ao regime hídrico local requer análise de corpo técnico e que tenha frequência, bem como da análise de mapeamento, fertilidade e recomendações técnicas de fertilizantes. A plena relação solo-planta é obrigatoriamente regida por aspectos fisiológicos vegetais (provenientes do desenvolvimento de materiais genético na ciência do Melhoramento Genético), adequado manejo silvicultural (proveniente das ciências de Solos e Nutrição de plantas, Proteção Florestal e Manejo Florestal) e caracterização climática específica para o desenvolvimento local e análise de causa e efeito na produção (ciência da Agrometeorologia).
 
Historicamente, o desenvolvimento e o progresso do melhoramento genético florestal requereram, de algumas décadas até então, aperfeiçoamento e rigor científico no tangente à adaptabilidade de materiais genéticos a regimes e a solos específicos, por região do Brasil. 
 
Incremento nos padrões de herdabilidade nas características de interesse industrial, além da rotineira produtividade florestal, como densidade básica, teores de celulose e hemicelulose, extrativos, polpação, dentre outros, sofreram, naturalmente, necessidade de direcionar o objetivo dos programas para atender às necessidades industriais, entretanto a sustentabilidade do programa de melhoramento e, por consequência, do negócio florestal jamais poderá ser deixada em segundo plano, através do melhoramento multiespécies e/ou provenientes de material melhorado. 
 
Com o advento de tecnologias como ferramentas de seleção genética, além das ferramentas tradicionalmente estatísticas, houvera, por um lado, a agilidade na seletividade de materiais genéticos em seus programas. A exemplo, calibração e leituras a partir de tecnologia NIR (Near InfraRed spectroscopy) na seleção de progênies no direcionamento e alocação de testes clonais em campo têm permitido seleção precoce nesses últimos, de fato, por se conhecerem características industriais ainda enquanto progênies. 
 
Por outro lado, a remoção de indivíduos do programa florestal pode acarretar problemas da ordem de resistência a pragas e a doenças (incluindo quarentenárias), fatores abióticos com promoção de alterações fisiológicas em plantas, adaptação a adversidades climáticas e que, em um dado momento, poderá culminar em insucesso, caso não se tenha sólida base científica para alternância e que assegure os plantios florestais comerciais.
 
Medidas que remetam a caráter profilático e terapêutico têm assumido grande importância no contexto econômico do manejo de pragas e doenças em florestas plantadas, embasadas em desenvolvimento científico, direcionadas por sólidos programas cooperativos e comuns às companhias florestais, como o Protef/Ipef e SIF/UFV, além de entidades como Unesp, Embrapa, UFV. 
 
Aliados à prática, e considerando a representatividade de agentes danosos à cultura, com ênfase às pragas exóticas, programas de controle biológico têm norteado o Manejo Integrado de Pragas, sobretudo, pela natural necessidade de se estabelecerem ambientes sustentáveis em suas zonas de manejo e de atuação. Para tanto, a diversidade de estudos científicos, bem como parcerias estabelecidas com renomadas instituições de pesquisa, tem ganhado campo e, diante de tamanha importância em se gerar ciência aplicada, se concretizado.

Contextualizar excelência nos plantios comerciais para produção de florestas de alto valor agregado, na seguridade e na sustentabilidade de mercados industriais de diversos gêneros, atribui à ciência aplicada e a seus profissionais a inerente e irrestrita responsabilidade da assertividade, da continuidade.