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João Antônio Pereira Prestes

Diretor de Recursos Naturais e Negócios do Grupo Orsa

Op-CP-20

Primarização e inovações da colheita florestal próximas à linha do Equador

Na literatura florestal, é comum verificarmos que a colheita e o transporte, do ponto de vista técnico-econômico, são as partes mais importantes dentro do maciço das atividades florestais. Representam também a maior parcela dos custos na produção da madeira. Nas empresas florestais, esse paradigma prevalece como uma grande oportunidade de melhoria, onde é constante a busca por métodos que proporcionem ganhos de produtividade com menores custos.

Sempre de acordo com os padrões e exigências de rigorosas certificações em meio ambiente e manejo florestal. Em 2007, a empresa Jari Celulose, localizada no Vale do Jari, no Amapá, próximo à linha do Equador, ampliou sua capacidade produtiva a partir de mudanças no seu sistema de colheita florestal. A estratégia foi incorporar à frota novos equipamentos de tecnologia avançada e adequada às nossas necessidades e condições operacionais e com custos reduzidos.


Entretanto, é inegável, ao analisarmos a operação florestal, o grande diferencial é a competência das equipes florestais que retiram o máximo de rendimento dos equipamentos em suas operações. Competência essa desenvolvida a partir da formação de equipes de operadores e mecânicos extremamente eficientes, que levam os equipamentos a elevados índices de produtividade e disponibilidade operacional. Diante desse contexto, a Jari conta com uma equipe de profissionais qualificados para realizar o processo de formação dos operadores.

Tudo começa com uma avaliação do perfil profissional, na qual o candidato selecionado passa por um processo de aprendizagem teórica, com o objetivo de assimilar conhecimentos sobre o equipamento, mecânica, manutenção, técnicas de operação, segurança e meio ambiente. Somente depois dessa fase, acontecerá o primeiro contato com o equipamento.

Devemos também considerar que o investimento na aquisição de máquinas com alto nível de tecnologia gera a necessidade de uma manutenção especial, que inclui a garantia da disponibilidade mecânica, treinamento dos técnicos-mecânicos, inspeções diárias, execução de constante manutenção preventiva até o monitoramento a distância dos equipamentos.

Buscamos constante inovação de processos, principalmente porque a colheita florestal é o item que mais onera o custo da produção da madeira. Assim, as operações a ela ligadas precisam ser otimizadas. Por isso realizamos vários estudos com módulos de colheita florestal, mostrando que a produtividade dos povoamentos explorados tem influência direta sobre a eficiência técnica e econômica da maioria das máquinas utilizadas.

No entanto, a colheita de madeira de baixo volume por árvore é um dos grandes desafios para os técnicos da Jari. Com a expansão em áreas com site de baixa produtividade (solos arenosos), tem-se buscado módulos que possibilitam o maior rendimento de seus equipamentos com um custo competitivo. Atualmente, é utilizado como principal módulo full-tree (Feller + Skidder + Garra Traçadora), representando 60% de toda demanda fabril.

Na operação de madeira sem casca desde 2008 – nessa época a operação seguia o molde da operação tradicional Cut-to-Length (harvester + forwarder) –, foi possível elevar a produtividade do módulo com madeira de baixo volume, com a substituição para um sistema de toras longas. Os equipamentos harvester realizam a derrubada, descascamento, desgalhamento, destopo e formação de feixes no interior das quadras, com o arraste sendo realizado até o subpátio pelo skidder/clambunk, onde o traçamento é feito com garra traçadora.

Devido à necessidade de biomassa para a empresa, houve uma mudança para o melhor aproveitamento do resíduo florestal. No módulo de árvores inteiras, as ponteiras do eucalipto são arrastadas até a borda das quadras, permitindo que, após a retirada das toras, fiquem adensadas para a picagem, operação realizada por um picador móvel.

O transporte para fábrica é feito via caçamba, com geração de cerca de 8 a 10 toneladas de cavaco de ponteira de eucalipto por hectare. A dinâmica operacional está sustentada por padrões atualizados de produtividade de cada equipamento versus sua meta de eficiência operacional, disponibilidade mecânica e custo. Os gestores recebem informações e indicadores que permitem tomar decisões, reprogramar metas, ter tendências de produtividade e abastecimento o tempo todo.

Muito além dos interesses pelos resultados operacionais e econômicos, empregamos nas atividades florestais o conceito de sociedade sustentável como eixo da estratégia de negócios e fator de transformação social. Essa filosofia, que permeia as empresas do Grupo Orsa, é uma visão ampliada de sustentabilidade, que vai além do comprometimento com os negócios e as comunidades onde estamos inseridos. Buscamos a melhoria de vida do País por meio de ações socialmente justas, ambientalmente corretas e economicamente viáveis.