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Cláudio Costa Cerqueira

Gerente Florestal da Eco Brasil Florestas

Op-CP-27

Melhoramentos operacionais

Dentre as oportunidades que se apresentam para a silvicultura brasileira, sem dúvida, os processos operacionais de implantação e manutenção de florestas são grande destaque. Para isso, basta observar a evolução, ao longo dos últimos 20 anos, dos procedimentos operacionais de silvicultura quando comparados a outros setores do agronegócio.

O setor florestal cresceu e cresceu muito em diversos campos, especialmente no melhoramento, nutrição, colheita e transporte. No entanto, para os processos operacionais de implantação e manutenção de florestas, tivemos uma evolução modesta. Somos carentes em praticamente tudo, de máquinas a implementos. A criatividade e as inovações ainda dependem muito dos esforços isolados de algumas pequenas empresas especializadas na construção de implementos florestais.

Há necessidade de apoio e participação das empresas florestais na busca de soluções específicas para o setor. Essa integração de esforços e de interesse ainda está distante e precária diante dos desafios e oportunidades existentes.

Como explicar saltos qualitativos expressivos nos segmentos de melhoramento, nutrição, propagação de mudas, colheita e outros comparado a um desenvolvimento tão acanhado nas operações florestais?  Essa pergunta necessita de resposta. O salto qualitativo requer convergência de esforços, que, acreditamos, deva ser capitaneado pelas grandes empresas do setor, buscando tecnologia inovadora ao integrar universidades, centro de pesquisas, empresas governamentais e políticas públicas.

Nesse contexto, nos instalamos no estado do Tocantins e encontramos várias dificuldades, com destaque para a indisponibilidade de mão de obra, especialmente para trabalho de campo. O trabalhador rural vem, há alguns anos, se distanciando do campo.

Procura centros urbanos em busca de melhores ofertas de emprego e qualidade de vida. O setor terciário, hoje, é o maior empregador e apresenta, pelo menos aparentemente, ofertas de emprego mais atrativas.

Hoje, o trabalhador rural não tem estímulo para trabalhar com enxada na mão e salário mínimo no bolso. Busca melhores empregos, novas condições de vida e oportunidades, o que é justo, lícito e respeitável. Fica, então, a questão: como atender a esses anseios e suas inter-relações com a atividade de silvicultura?

Cabe a todos nós discutirmos e encontrarmos alternativas. Teimar com modelos desgastados é remar contra a maré e só vai levar à exaustão, é luta perdida. Na busca de solução, nossa empresa tinha que responder a algumas perguntas e procurar soluções. Observamos que as respostas passavam necessariamente pelo atendimento às seguintes premissas:

 

  • elevação do nível de atividades mecanizadas;
  • qualificação da mão de obra para atendimento de novos processos, tanto no que se refere à execução propriamente dita quanto às atividades decorrentes da elevação do nível de mecanização;
  • agregação de operações florestais;
  • atendimento e respeito às características edáficas e climáticas;
  • busca de parceiros locais interessados no desenvolvimento de novos implementos; e
  • redução de custo. Começamos nossas atividades silviculturais com uma relação, no ponto de pico, de 150 trabalhadores/1.000 hectares de plantio. Atualmente, quatro anos após o início das atividades, trabalhamos com aproximadamente 50 trabalhadores/1.000 hectares de plantio.

Acreditamos que a evolução tenha sido significativa e sempre em direção do socialmente justo, ambientalmente correto e economicamente viável. Perseguimos essas metas com obstinação e conseguimos grande evolução. Estamos convencidos, no entanto, de que temos muito a alcançar no enorme conjunto de oportunidades existentes. 

Há muito que se fazer na busca de novas tecnologias e inovações. Não é uma caminhada tranquila, e muitos paradigmas precisam ser quebrados. Ao longo desses anos, a frase que mais escutamos tem sido: “não funciona”.

No entanto, essas palavras apenas serviram de estímulo na busca de soluções. Atualmente, caminhamos para uma segunda etapa de nossas preocupações, com ênfase na formação de profissionais qualificados. Vamos agregar conhecimentos de várias origens, buscando mentes privilegiadas, criativas e sem compromisso com a mesmice.

Quanto às inovações tecnológicas propriamente ditas, estamos à disposição para mostrar nosso trabalho e conquistas, discutir novas oportunidades e receber sugestões. Essa troca de experiências, de erros e acertos é vital para o crescimento. As conquistas alcançadas são insignificantes diante das oportunidades que se deslumbram para o setor.