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Xico Graziano

Secretário do Meio Ambiente de São Paulo

Op-CP-16

Meio ambiente: o natural versus o social

Quando se pensa no meio ambiente, geralmente as pessoas se lembram de imagens contendo belas paisagens, muito verde, lindas flores, belas árvores e animais vivendo livres na floresta. Nada errado. Mas essa visão idílica esquece um ator fundamental: o homem, a vida da sociedade. Com a ampliação do debate sobre a conservação ambiental, a sustentabilidade e os riscos das mudanças climáticas e do aquecimento global, o ambientalismo acabou dividido em duas vertentes.

Há a vertente naturalista, essa que remete às áreas preservadas, à natureza pura, e a vertente socioambiental, na qual se encontra a preocupação com a relação da sociedade com a natureza, a influência dos hábitos, costumes e do padrão de vida na “pegada ecológica”.
Escapando do preservacionismo puro e adentrando as preocupações da sociedade sustentável, a equação ambientalista exige a participação da cidadania como parte integrante do meio ambiente.

Não como “agentes da salvação”, mas como um dos responsáveis pelo funcionamento do planeta, com os seus ciclos naturais, agora, abalados pelas intervenções humanas, nas quais o meio ambiente não foi considerado como parte integrante das construções sociais.
Na evolução da luta ambientalista, é chegado o momento dessa reintegração homem-natureza, sob uma perspectiva progressista e sustentável.

Isso só se faz trabalhando muito, saindo do discurso e partindo para a prática das ações ambientais, distribuindo as lições de casa ambientais, nas quais integrar o homem ao meio ambiente é tarefa que exige a participação de toda a sociedade.
Na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, em São Paulo, para buscar essa reintegração e agilizar a agenda ambiental, foram criados 21 Projetos Ambientais Estratégicos. Em todos os casos, a sociedade é considerada como peça fundamental para o alcance das metas.

Um dos melhores exemplos desse trabalho é o Projeto Ambiental Estratégico Município Verde, que partiu da premissa de que a base da sociedade está nos municípios. Afinal, quem vive o dia a dia de cada localidade são as administrações municipais, e são elas que dialogam constantemente com os cidadãos.
Hoje, dos 645 municípios de São Paulo, 635 aderiram ao projeto e estão trabalhando em parceria com o estado, executando planos de ação para as melhorias ambientais de cada localidade.

Com isso, já é possível observar resultados animadores. No lixo, por exemplo, agenda polêmica e desgastante, os números são excelentes. Em menos de dois anos, foi possível reduzir em 70% o número de lixões. Eram 137 em 2007 e agora são 42. A meta é chegar a zero até o final deste ano. Quem não se adequar, verá suas fábricas de urubus interditadas.

Em vez de sofrer as consequências desse jogo duro, as municipalidades têm optado pela adequação, criando alternativas e trazendo melhorias ao meio ambiente. As ações de coleta seletiva que surgiram nos últimos anos são um ótimo exemplo. Em 2007, havia 181 municípios desenvolvendo alguma atividade de coleta seletiva de lixo no estado.

Ao término de 2008, eram 446 localidades praticando essa ação. Um aumento de 146%. Lixo que iria para os aterros e lixões se revertendo em reais melhorias ambientais. Enquanto trabalhamos nessa reintegração do homem com o ambiente, há as gerações que precisam ser integradas, fazer parte desse contexto desde os primeiros passos. São as crianças que vão garantir a efetividade de todo esse trabalho. Por isso, a educação ambiental se tornou primordial para que a atual geração cresça fazendo parte do meio ambiente.

Com o Programa Criança Ecológica, as crianças de 8 a 10 anos da rede pública de ensino estão aprendendo que a sociedade também faz parte do meio ambiente e precisa respeitar o ciclo natural do planeta, que garante a vida de todos nós. Estamos no caminho. Sendo assim, definir meio ambiente é definir o espaço da vida. Meio ambiente sadio significa vida sadia, sociedade com futuro.

Meio ambiente abalado significa a vida cercada por debilidades. Falar em meio ambiente é, também, falar em natureza, fauna e flora, mas, acima de tudo, é falar do lugar onde as pessoas, os animais e as plantas interagem e constroem o meio onde se viver. E
m paz e harmonia com a natureza, construindo uma civilização duradoura para a espécie humana.