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Rogério Gonçalves Gazolla

Presidente do Intersind - Ubá

Op-CP-10

Pólo de desenvolvimento de Ubá

Atualmente, a sobrevivência de um pólo moveleiro, assim como o seu desenvolvimento, depende de inúmeras questões ambientais. Precisamos ficar atentos em todo o processo produtivo, que envolve desde a matéria-prima, até o destino final dos resíduos. Implantar um pólo de desenvolvimento florestal, além de evitar a degradação do meio ambiente, fortalece a cadeia produtiva regional, garante a matéria-prima para as indústrias e contribui ativamente para a economia.

Ao contrário do que se pode pensar, a implantação do pólo não significa sair plantando árvores e criando florestas. O processo é formado por estudos e pesquisas, que utilizam tecnologia e ciência, além de garantir a organização e o fortalecimento de estruturas geradoras de conhecimento e tecnologias, formação de recursos humanos e prestação de serviços técnico-especializados, para a promoção do desenvolvimento sustentável do setor de base florestal.

Recentemente, o Governo de Minas assinou convênio com o Intersind, Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Marcenaria de Ubá, Universidade Federal de Viçosa, Sebrae-MG, entre outros parceiros, lançando oficialmente o Pólo de Excelência em Florestas. Trazendo a realidade para o pólo moveleiro de Ubá, podemos afirmar que a implantação deste Pólo de Excelência tornará a região auto-sustentável, proporcionando o desenvolvimento do setor.

O objetivo é gerar soluções inovadoras, capazes de garantir qualidade, competitividade, promoção social e, ao mesmo tempo, consolidar o desenvolvimento sustentável florestal de Minas. Sua sede será em Viçosa e vai abranger as cadeias produtivas de carvão vegetal, celulose e papel, madeira e móveis. Essa integração vai atrair novos negócios para a cadeia produtiva, gerar desenvolvimento e criar uma rede de inovação tecnológica, integrando centros de competência, além da criação de um Núcleo de Capacitação Técnica, um Centro de Inteligência Florestal e o curso de mestrado profissionalizante para a área, que será oferecido pela UFV.

O projeto, para sua implantação, recebe o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais, Fapemig, instituição vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e prevê a elaboração de um plano de negócios para definir o foco, o modelo de governança e sustentabilidade, a montagem do escritório de funcionamento e a manutenção da estrutura administrativa.

Esse esforço insere valor agregado para o pólo moveleiro e, conseqüentemente, para as indústrias que integram a região. Não há mais espaço para empresas que não trabalham as questões ambientais, como um compromisso inserido em seu plano de negócios. É preciso pensar no amanhã e gerar benefício para as pessoas que fazem parte da localidade onde a indústria atua.

O APL de Ubá e região, que é composto por nove cidades, tem realizado ações coordenadas, para que o processo de crescimento se dê de forma organizada. Entre outras questões, também ligadas à ecologia, estão em andamento projetos que são interligados com à preservação ambiental. O programa de geração de emprego e renda através do artesanato com resíduos da indústria é um exemplo disso.

Outra ação que está prestes a ser implementada é a que trata da destinação dos resíduos líquidos (químicos) das indústrias de aço e tubulares e também dos resíduos sólidos, produzidos pelo setor de madeiras. A Unidade de Tratamento de Resíduos é um projeto piloto, que congrega um consórcio com mais de 20 empresas. Na região também existem indústrias com manejo de florestas de eucalipto.

A Paropas, fabricante de estofados e colchões, é uma delas: com 1,5 milhão de árvores plantadas, a empresa responde por cerca de 700 empregos diretos e trabalha o reflorestamento há mais de 15 anos. O que se pretende é criar uma base florestal sustentável na Zona da Mata, trazendo benefícios ambientais, econômicos e sociais.

Em 2007, atingiremos a meta de mil hectares de florestas de eucalipto plantadas, com atendimento a cerca de 350 pequenos e médios produtores rurais. Para isso, o IEF produziu 1,8 milhão de mudas. O convênio tem uma grande importância social e econômica, visto que a região já teve uma produção significativa na agricultura e hoje enfrenta problemas, como áreas degradadas. O reflorestamento com alta tecnologia é uma forma de valorizar o homem do campo. Vai transformá-lo em um empresário agrícola, com o escoamento garantido do seu produto, tanto para a celulose, carvão, mas, principalmente, para a indústria moveleira.

Além de beneficiar as empresas do APL de Ubá com a oferta de madeira com características específicas, a ação trará benefícios aos produtores rurais das cidades de Dores do Turvo, Paula Cândido, Divinésia, Guidoval, Rodeiro, São Geraldo, Senador Firmino, Ubá, Astolfo Dutra, Tocantins, Piraúba, Cataguases, Guiricema e Visconde do Rio Branco, que, com o plantio de florestas de eucalipto, terão a oportunidade de diversificar o uso de suas propriedades, utilizando áreas subaproveitadas, e de obter uma alternativa de renda, respeitando a legislação ambiental vigente: recuperação de áreas degradadas, proteção dos solos, regulação do regime hídrico e captura de gás carbônico.

Com tais medidas, acreditamos que seja possível agregar valor à propriedade e aumentar a renda do produtor com a diversificação agrícola, mediante o aproveitamento econômico das áreas, em sua maioria, improdutivas, mas de grande potencial para a atividade florestal. É perfeitamente possível produzir florestas de bom rendimento, integradas à agricultura e à pecuária e em perfeita harmonia com o meio ambiente.