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Nilton Cesar Fiedler

Professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo

Op-CP-27

Colheita e transporte em áreas declivosas

Nas últimas décadas, os plantios em áreas declivosas têm avançado consideravelmente. Esse avanço tem ocorrido, em grande parte, por falta de áreas em terrenos planos ditos “nobres”, principalmente relacionados aos proprietários rurais, fomentados ou não. Além disso, em muitas regiões, as áreas planas são muito escassas, e as empresas ou os proprietários rurais têm o desafio de utilizar essas áreas nas suas propriedades.

Além dos cuidados necessários nos plantios, como origem e qualidade das mudas, eliminação de mato-competição, tratos culturais corretos, os plantios em áreas declivosas devem ter um planejamento muito detalhado para que o alinhamento de plantio seja bem-feito, as estradas e pátios no interior dos talhões sejam bem projetados, alinhados e construídos corretamente.

Todas as estradas devem ser desenhadas com o cuidado de não existência de áreas descobertas (grotas sem acesso) para que, no período de colheita, o profissional responsável não tenha que traçar novas estradas ou extrair a madeira para pontos mais altos, onde não havia o projeto de uso de guinchos arrastadores ou cabos aéreos. Deve-se atentar para não intervir nas áreas de preservação permanente durante essas operações.

A colheita e o transporte se constituem, de uma maneira geral, as operações mais caras de toda a cadeia de produção de florestas. Em áreas acidentadas, esses custos são, em geral, ainda maiores.

Isso devido à dificuldade de mecanização das atividades, havendo uma maior exigência de operações manuais de menor rendimento e, consequentemente, maior custo. O transporte também é impactado pela impossibilidade de uso de veículos de maior capacidade de carga, em função dos aclives e dos declives acentuados.

A mecanização total ou parcial das atividades de colheita em áreas declivosas tem sido o maior desafio dos empreendedores florestais no Brasil. Nas operações de corte, tem predominado a motosserra. Algumas empresas têm apostado no uso de harvesters ou feller buncher com esteiras ou semiesteiras e nivelamento de cabines. No entanto mesmo essas máquinas ainda têm limitação de inclinação do terreno, e os custos são elevados.

Na extração, são usados, normalmente, forwarders ou skidders com semiesteiras adaptadas. Na tentativa de um maior rendimento na extração com menor custo, tem-se tentado diversas alternativas, como os cabos deslizantes, cabos aéreos e guinchos arrastadores.

No caso dos cabos deslizantes usados durante a derrubada com motosserra, há um risco alto de acidentes na execução da operação. Além disso, a mudança constante de posição dos cabos leva a um menor rendimento. As operações subsequentes (desgalhamento, traçamento e empilhamento), às vezes, ficam comprometidas pelo entrelaçamento de muitos troncos na estrada.

A opção por cabos aéreos também é de elevado custo, principalmente para o deslocamento constante de todo o maquinário por faixas de área derrubada. Os guinchos arrastadores, além de serem de alto custo em função do baixo rendimento, causam um dano ambiental considerável no terreno.

Esses são os grandes desafios para a colheita em áreas declivosas, encontrar máquinas e equipamentos projetados para executar as operações de corte e extração com elevado rendimento e baixo custo. O maior desafio é encontrar máquinas com rodado, sistema de frenagem, bitola e lastragem que tenham condições de operar com segurança e baixo custo nessas áreas.

Na opção da extração por sistemas de cabos aéreos, deve haver um investimento elevado em pesquisas para desenvolver equipamentos com maior facilidade de montagem e desmontagem ou deslocamento fácil em áreas com floresta derrubada.

No transporte de madeira em áreas declivosas, os maiores desafios são o desenvolvimento de veículos com maior capacidade de carga, maior capacidade de tráfego em aclives e declives acentuados e deslocamento em pistas estreitas, com graus de curvaturas elevados.

A pesquisa nessa área ainda é muito recente, comparada com setores do empreendimento florestal, como a silvicultura e o melhoramento. Para os próximos anos, deve haver um maior investimento nesse setor, já que os plantios de espécies florestais cada vez mais tendem a utilizar áreas declivosas nas propriedades.