Me chame no WhatsApp Agora!

Dagoberto Stein de Quadros

Professor de Engenharia Econômica e Economia Florestal na FURB de Blumenau

Op-CP-06

A premente necessidade de se desenvolver tecnologia

Os dados divulgados pelo IBGE, no último mês de novembro, sobre a Pesquisa da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, deixam-nos orgulhosos, pois demonstram que o faturamento da produção florestal brasileira ultrapassou os 10 Bilhões de Reais, destes, 66,4% provêm do cultivo de florestas, enquanto 33,6% foram originados da extração de vegetação nativa.

A publicação destaca que, no ano de 2005, o volume de madeira produzida no segmento da silvicultura obteve um aumento de 15,0%, quando comparado com o registrado no ano de 2004. A silvicultura brasileira oferece uma diversidade enorme de tipos de serviços, advindos de uma variedade de condições geográficas, de variadas escalas de produção, de distintas necessidades de garantia da produção no espaço e no tempo, resultando, assim, na existência de uma enorme variedade de agentes que atuam na área.

Esta diversidade, constantemente, aumenta e colabora com a evolução do processo de terceirização dos serviços florestais, que, agora, se organiza na forma de associações de prestadores de serviços. O elo de ligação entre os investimentos do setor de base florestal e as florestas é, normalmente, este conjunto diversificado de agentes, que têm suas empresas legalmente constituídas e estruturadas administrativamente, procuram atender às legislações tributária (carga tributária em torno de 37% do PIB), trabalhista e previdenciária (encargos sociais de aproximadamente 100%), que imputam enormes custos de produção.

Estas empresas enfrentam ainda problemas de base jurídica, pois a regulamentação legal de suas atividades, até hoje, não está consolidada. Deve-se destacar ainda – infelizmente – a concorrência desleal que estes prestadores de serviço sofrem com aqueles que chamamos de “empreiteiros”, os quais, de um modo geral, fazem pequenos serviços, porém em um volume relevante na cadeia produtiva florestal, atuando da mais deliberada e irresponsável forma, seja no tocante à qualidade e garantia dos serviços e ainda: no uso de máquinas e equipamentos obsoletos, na falta de utilização de serviços de profissionais habilitados em seus quadros, no desconhecimento dos seus reais custos, na desconsideração dos aspectos relacionados à segurança e saúde ocupacional de seus funcionários e – principalmente - em uma administração tributária, um tanto quanto duvidosa, apresentando, assim, baixos preços e altos riscos.

Apesar disto, os verdadeiros prestadores de serviços conseguem ter um corpo técnico composto de profissionais qualificados - muitas vezes, eles são os proprietários das empresas, e assim buscam, através da qualificação de seu pessoal, o desenvolvimento tecnológico, melhorando os seus custos e, conseqüentemente, a viabilidade econômica de suas empresas, através da melhoria do rendimento, da produtividade e da eficiência operacional e administrativa.

Estes prestadores de serviços, a bem da verdade, têm seu parque produtivo baseado, muitas vezes, na importação de máquinas e equipamentos, por conseguinte, utilizando-se de tecnologia de ponta, porém importada. Nota-se, no entanto, que estes procuram adaptar e melhorar o seu pessoal, as suas máquinas e os seus equipamentos, procuram ainda aperfeiçoar continuamente as suas atividades, através de melhorias nos seus sistemas de produção – portanto, desenvolvendo tecnologia - com o objetivo de atender às já citadas e variadas condições impostas ao setor de base florestal.

A partir destas constatações, pode-se afirmar que os verdadeiros prestadores de serviços têm relevantes custos de desenvolvimento de sistemas, de contratação e qualificação de mão-de-obra especializada, com os conseqüentes custos de treinamento. Estas empresas ainda têm que carregar os custos de encargos e benefícios sociais, de depreciação e manutenção de máquinas e equipamentos, de administração e comercialização (constituídos de taxas e impostos federais, estaduais e municipais), assim como, buscar alcançar o lucro necessário, advindo da tão desejada remuneração do capital investido.

Ressalta-se que a necessidade de administração de custos e de investimento cresce de forma vertiginosa nestas empresas, e quando estes são calculados, fica demonstrada a dificuldade financeira que os prestadores de serviços de colheita, logística de movimentação e transporte de madeira têm para sobreviverem e alcançarem condições de desenvolver tecnologia, situação esta que não é, logicamente, exclusividade deste setor na economia nacional.

Diante disto tudo, e do fato de ainda estarmos discutindo “planilhas de custo”, ao invés de “sistemas integrados de gestão de custos e análise de investimento” nas contratações de prestação de serviço, ficam algumas perguntas para a nossa reflexão:

 

  • Quais são os reais custos dos prestadores de serviços na produção de madeira?
  • O que custa mais por unidade produzida, tecnologia ou tributação?
  • Qual a quantidade de produção necessária para viabilizar os investimentos dos prestadores de serviços?
  • Quanto sobra, na base temporal, para que estes agentes invistam em tecnologia?
  • O que é mais sustentável para o setor de base florestal?

Não se quer aqui registrar precisamente e detalhadamente o tema, mas se pode afirmar que o setor de base florestal precisa se posicionar de forma mais contundente quanto a estas questões, sob pena de estarmos correndo um sério risco de estagnarmos o desenvolvimento tecnológico no tocante à colheita, a logística de movimentação e ao transporte de madeira no Brasil, através do rompimento deste elo de ligação, formado pelos prestadores de serviço florestal.