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Reginaldo Sérgio Pereira

Professor de Colheita e Transporte Florestal da UNB

Op-CP-20

Inovações da colheita e transporte de madeira

Com 5 milhões de km², o Brasil é detentor de uma das maiores florestas tropicais do mundo e possui, aproximadamente, 6 milhões de hectares de florestas plantadas com pinus e eucalipto, que atendem aos setores de laminado, painéis, madeira serrada, celulose e papel, carvão vegetal e energia. Os primeiros métodos de exploração das florestas brasileiras foram os manuais e o uso de força animal.

Esses métodos eram caracterizados pela rusticidade, exigência de grande esforço físico por parte do trabalhador florestal, além do alto grau de risco de acidentes. Até a década de 1940, praticamente não se utilizavam máquinas na colheita florestal, sendo a modernização do setor iniciada na década de 1970, quando surgiram as motosserras profissionais e os tratores agrícolas equipados com implementos florestais. Na década de 1980, vieram as máquinas específicas para a colheita florestal.

Todavia, com a abertura das importações em 1994 e o aumento do custo de mão de obra, muitas empresas iniciaram a mecanização da colheita de forma mais intensiva.
Atualmente, as empresas com alta demanda por madeira e com maior disponibilidade de capital utilizam sistemas e métodos de colheita altamente mecanizados, com máquinas e equipamentos sofisticados.

Destaca-se o uso das máquinas de corte florestal harvester (derruba, desgalha, destopa, mede, tora e descasca) e feller-buncher (derruba, acumula e embandeira), os tratores para extração de madeira skidder (trator florestal arrastador) e forwarder (trator florestal autocarregável) e os carregadores mecânicos.
Alguns dos modelos do mercado são adaptações de uma retroescavadeira.

Possuem cabine fechada com sistema de ar condicionado e proteção contra queda de galhos e árvores.
A movimentação dos dispositivos dos implementos florestais são acionados pelo operador, que empunha um controlador joystick. Algumas das vantagens de utilização dessas tecnologias frente aos métodos manuais e semimecanizados (motosserra) são o alto rendimento, conforto e segurança para o trabalhador florestal e possibilidade de trabalho em turnos.

Entretanto essas máquinas necessitam de toda uma infraestrutura de apoio, ou seja, peças de reposição, mecânicos treinados, oficina, etc.
Para o sucesso do empreendimento, o treinamento e a valorização de mão de obra são qusitos fundamentais. O uso de simuladores de realidade virtual é uma ferramenta moderna de apoio ao treinamento de operadores de máquinas de colheita florestal, já utilizada corriqueiramente no Brasil.

Outro aspecto a considerar são os impactos causados ao solo pelo tráfego dessas máquinas, que pesam entre 20 e 30 toneladas. Estudos com alguns atributos físicos do solo, como, por exemplo, densidade e resistência do solo à penetração, têm sido realizados por diversos pesquisadores como forma de avaliação dos danos causados ao solo, que podem afetar a eficiência das operações de reforma do povoamento florestal.

Hoje, algumas empresas florestais estão adotando máquinas com rodados de esteiras, por entenderem que, assim, menor pressão será aplicada ao solo, contribuindo para minimizar os efeitos da compactação mecânica.
Com relação ao transporte florestal, a modalidade predominante no Brasil ainda continua sendo a rodoviária. 

Justifica-se pela disponibilidade e extensão da malha de estradas do País. Diversas composições veiculares de carga têm sido utilizadas no setor, tais como rodotrem, treminhão, bitrem etc. Uma preocupação do setor de transporte rodoviário florestal, que pode interromper o fluxo de abastecimento das indústrias, é com o baixo padrão de qualidade e conservação das estradas florestais.

Normalmente, são estradas que possuem apenas uma estrutura básica de cascalho sobre o subleito, o que pode não ser suficiente para suportar as altas cargas induzidas pelos veículos de transporte de madeira, principalmente, nos períodos chuvosos. As empresas florestais já possuem uma série histórica do uso das modernas tecnologias de colheita e transporte florestal.

Indicadores técnicos e econômicos das mais variadas operações, envolvendo sistemas e métodos de trabalho, já são bastante conhecidos. Eles variam de região para região e em função do tipo de povoamento, das condições ambientais (solo, clima e topografia), da finalidade da madeira (tamanho das toras), das máquinas, equipamentos e recursos financeiros disponíveis.