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Alexandre Barboza Leite

Diretor da Teca Consultoria

Op-CP-04

Fomento florestal na região Bragantina

Atualmente, o fomento florestal tem tido uma grande aceitação em muitas regiões brasileiras. A região Bragantina, situada a sudeste do Estado de São Paulo, é um exemplo dessa situação. As condições climáticas e forte ondulação do relevo, somadas à estrutura socioeconômica das propriedades rurais e à proximidade dos pólos consumidores, determinam a alta vocação florestal da região e a crescente demanda dos produtores rurais pelo fomento florestal.

Os serviços na região foram iniciados com a realização de um levantamento técnico florestal, onde se observaram os seguintes fatores: situação geral dos fragmentos florestais, principais problemas ambientais, características dos prestadores de serviços, perfil social dos proprietários rurais e a atual ocupação das propriedades.

A baixa produtividade dos fragmentos, em torno de 15 st/ha/ano, o elevado índice de autuações ambientais em áreas de florestas produtivas, a informalidade em todos os segmentos da prestação de serviços e, principalmente, a carência absoluta de assistência técnica, foram os principais fatores observados. A análise destes foi determinante para o planejamento dos serviços, respeitando-se a cultura florestal da região. Após essa fase inicial, foi instituída parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada - CATI, através das Casas da Agricultura, assegurando a credibilidade dos serviços e facilitando a interlocução com os produtores.

Em seguida, foram realizadas várias reuniões com os técnicos da CATI e os produtores florestais regionais, com o objetivo de esclarecer a relação do fomento (CATI, VCP Florestal e TECA Consultoria e Empreendimentos Florestais), discutir as oportunidades regionais e apresentar as diretrizes do Prodeflor, Programa de Desenvolvimento Florestal, criado com os seguintes objetivos: recuperação das áreas florestais improdutivas, implementação de técnicas atualizadas de silvicultura, adequação das práticas operacionais à legislação ambiental (recuperação de APPs e proibição do uso do fogo), inserção dos fragmentos florestais como complemento das propriedades e desenvolvimento do uso múltiplo das florestas.

A renovação e a manutenção da área florestal da região, aproximadamente 20.000 ha, foi estabelecida como meta para ser alcançada nos próximos 10 anos. Atualmente, a área florestal sob nossa atuação totaliza aproximadamente 10.000 ha, entre florestas reformadas e novos plantios. A produtividade média dos fomentados varia entre 60 e 70 st/ha/ano, com pleno respeito aos valores ambientais das áreas assistidas.

A abordagem enfática nos aspectos ambientais resultou na distribuição de aproximadamente 1 milhão de mudas de espécies nativas, para recuperação de APPs e na eliminação da prática do uso do fogo na limpeza de áreas na região. Temos utilizado como instrumentos básicos para implementação de nossos trabalhos o relacionamento respeitoso e transparente junto ao produtor rural, a relação de assistência técnica, além da produção florestal, realização de dias-de-campo para difusão de tecnologia, organização de eventos para integração dos produtores, treinamento e capacitação dos terceiros, identificação de potenciais parceiros (ONGs, órgãos do governo, associações comunitárias, escolas, etc) e integração dos mesmos no processo de desenvolvimento florestal da região.

Nossa relação respeitosa com o produtor (fazemos questão que esta seja a nossa marca), segue algumas premissas básicas, que procuramos aprimorar e enriquecer todos os dias:

1. O ator principal dos trabalhos é o produtor;
2. A floresta é um dos componentes da propriedade rural, não o único;
3. O produtor precisa conhecer todas as etapas do processo, do plantio à comercialização;
4. A assistência técnica para todas as atividades rurais do produtor transforma a relação de negócio, numa relação de amizade;
5. A palavra do profissional responsável pelo fomento vale mais do que qualquer contrato;
6. O interesse da empresa precisa ser respeitado, na medida exata do que foi combinado;
7. A orientação para se plantar bem, vale tanto quanto a orientação para se vender bem;
8. O preço justo da madeira é o fator mais sensível e perceptível pelo produtor;
9. Uma negociação frustrada destrói credibilidade e gera inimizade;
10. Cada produtor satisfeito, independente do tamanho, é a melhor propaganda do programa de fomento.

Apesar dos resultados obtidos, é importante salientar, que o desenvolvimento florestal da região Bragantina é um processo contínuo, havendo necessidade de se implementar mecanismos para consolidar a sustentabilidade da atividade na região. Entre estes mecanismos, destacamos: formação de uma cadeia produtiva local, tendo como base o uso alternativo da madeira; desenvolvimento de mecanismos que aprimorem os canais de comercialização com agregação de valores; sistematização das técnicas de colheita e transporte, considerando-se as características da pequena propriedade; aprimoramento técnico-científico da silvicultura voltada, exclusivamente, à pequena propriedade (clones, sementes, adubação, proteção, seguro, etc).

É importante frisar que, em muitos casos, a silvicultura empresarial não passa na porteira do pequeno produtor. Daí, essas necessidades específicas do fomento florestal, voltado a pequenas e médias propriedades. A experiência profissional que estamos tendo oportunidade de vivenciar na região Bragantina, já nos permite ter a convicção de que: “O fomento florestal sempre resulta numa relação que integra produção e credibilidade entre pessoas. A produção você compra, mas a credibilidade você só consegue conquistando, e não há dinheiro que pague!”.