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Germano Aguiar Vieira

Diretor Florestal da Eldorado

Op-CP-43

Os desafios na nova era tecnológica
A mecanização florestal sempre foi um desafio das empresas de base florestal e principalmente do setor de celulose e papel. A busca contínua por otimização da mão de obra, melhoria das condições de trabalho no campo e aumento da produtividade do trabalho florestal sempre estiveram em pauta nas grandes decisões de expansão do setor. Nesse contexto e sendo considerada uma das maiores alavancas de melhoria do desempenho, a mecanização é, hoje, a grande aposta para superar os desafios impostos ao setor e contribuir para a melhoria da competitividade do produto florestal. 

A variabilidade de situações operacionais encontradas nas diversas empresas brasileiras do setor florestal requer um esforço contínuo de pensamento para a escolha de novas tecnologias aplicáveis às operações florestais para se ter os melhores resultados que irão garantir a sustentabilidade dessas empresas. O olhar para um futuro, não tão distante, mostra algumas preocupações e oportunidades de nos reinventarmos em termos de mecanização das atividades de silvicultura, colheita e transporte florestal.

A expansão da fronteira dos novos projetos de plantios de eucalipto, onde encontraremos condições adversas, apontam para problemas de falta de mão de obra rural, redução de produtividade das florestas, infraestrutura de estradas inadequadas e mudanças climáticas substanciais. Esse novo cenário cria, de imediato, demanda de novas tecnologias de plantio, com máquinas e implementos mais eficientes e que reduzirão os custos operacionais, descoberta de material genético que enfrentará o maior déficit hídrico, sistemas de colheita mais adequados a florestas de menor porte e sistema logístico capaz de compensar deficiências de estradas de acesso comuns nesse ambiente. Retratando o atual cenário de desenvolvimento de máquinas e equipamentos para o atendimento das operações florestais, enxergamos uma grande lacuna de empresas fabricantes de máquinas florestais na capacidade de apresentar soluções atrativas para o setor florestal.

Contrariamente a esse retrato, podemos citar os desenvolvimentos tecnológicos no campo agrícola, onde as superações são notadas anualmente, com os lançamentos de inúmeras inovações. Quando consideramos os maiores investimentos de mecanização no setor florestal, geralmente eles se referem, na sua grande maioria, à colheita florestal e muito pouco à silvicultura.

Mesmo que o setor florestal brasileiro seja expressivo, cerca de 8 milhões de hectares plantados, o desenvolvimento de equipamentos para a silvicultura ainda é marginal e inexistente nas grandes empresas fabricantes de máquinas. Isso provoca uma maior dedicação das empresas plantadoras na criação de soluções caseiras de implementos que atendam a suas necessidades. Isso tudo, no entanto, ocorre através de adaptações grosseiras de implementos agrícolas, porém sem o suporte de engenharia e tecnologia mais adequado, normalmente encontrados nos grandes fabricantes de máquinas.
 
Dessa forma, podemos observar, nos últimos anos, uma grande evolução dos índices de tratorização na agricultura quando comparado aos das empresas de base florestal. Hoje o número de hectares plantados por trator, na agricultura, é 14 vezes menor do que no setor florestal, onde o normal seria de apenas 6 vezes. Atualmente, o percentual médio de área mecanizada das empresas de base florestal é de, aproximadamente, 58%, sendo o índice de tratorização em torno de 1,4 mil ha/trator.

Nesse sentido, algumas empresas vêm se destacando com investimentos volumosos em mecanização florestal, superando grandes desafios nas áreas de desenvolvimento operacional, buscando um processo de produção altamente tecnológico. O plantio mecanizado de eucalipto já é uma realidade em várias empresas de ponta que já conseguem ter cerca de 80% de suas atividades mecanizadas.

Além do plantio mecanizado, também se destacam a irrigação mecanizada com alto nível de automação, subsolagem com adubações controladas, ou seja, altera-se a dosagem de acordo com a demanda indicada para cada talhão da fazenda. Sistemas de piloto automático já implantados nos tratores eliminam a necessidade da interferência dos operadores no alinhamento do plantio e no uso de drones para planejamento de todas as estradas e saídas d’água da fazenda. Adaptações no setor florestal ainda são necessárias para o pleno atendimento das necessidades do processo de produção florestal.

Na maioria dos casos, as adaptações são importadas da agricultura, com a esperança de dar velocidade às mudanças tecnológicas no suprimento das operações de campo. Equipamentos como autopropelido, que, antes, era exclusivo para combate a plantas invasoras na agricultura, hoje, são utilizados em larga escala pelas empresas florestais. Num futuro de curto prazo, podemos considerar a possibilidade do aumento da capacidade produtiva das máquinas com a introdução das operações em multilinhas e multitarefas e, com isso, poderemos reduzir ainda mais a dependência de mão de obra.  

Para as áreas de reforma, a expectativa é a introdução de operações combinadas de trituração de resíduos e subsolagem, eliminando, assim, uma operação de limpeza prévia que facilita a operação de preparo de solo.

Essa combinação de operações irá possibilitar maior rendimento no preparo de solo e redução no número de máquinas necessárias à execução das suas atividades. No longo prazo, há uma previsão de um maior nível de automação e mais eletrônica embarcada, tirando cada vez mais a intervenção humana na realização de atividades florestais e, como já visto em testes, operações de colheita realizadas remotamente (sem operador na máquina), propiciando o aumento na segurança e a velocidade da máquina.

A mecanização florestal exerce grande importância em processos de produção de empresas de base florestal, uma vez que, sem ela, perderíamos nossa competitividade diante do cenário de queda de preços das commodities.