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Carlos José Caetano Bacha

Professor de Economia da Esalq-USP

Op-CP-15

Importância do setor florestal para a economia brasileira

O sistema agroindustrial florestal (complexo florestal ou agronegócio florestal - termos normalmente usados como sinônimos) é o conjunto de atividades realizadas pela silvicultura e extração vegetal e pelos setores a elas vinculados. O sistema agroindustrial florestal - SAG-Florestal, é composto por quatro segmentos. O segmento 1 (indústrias a montante), constitui-se das empresas que ofertam insumos para a produção florestal.

Parte dessas empresas compõem-se de indústrias de equipamentos e insumos, e outras referem-se às prestadoras de serviços para a extração vegetal e a silvicultura. A produção florestal compõe o segmento 2 (produtos florestais in natura), que se divide na produção oriunda da exploração de matas nativas (extração vegetal) e da exploração de matas plantadas (silvicultura).

A produção florestal divide-se em produtos madeireiros (lenha, carvão, toras e cavacos) e produtos não madeireiros (como serviços ambientais, folhas, raízes, gomas, frutos, por exemplo). Esses produtos são transformados no segmento 3 (primeira transformação industrial) ou diretamente consumidos no segmento 4 (segunda transformação industrial ou consumo final).

Alguns produtos transformados no segmento 3 são reprocessados no segmento 4. Os quatro segmentos são supervisionados por entidades privadas e públicas. Um exemplo da sequência de atividades que compõem o SAG-Florestal é a empresa Caterpillar do Brasil, que produz tratores utilizados na extração de toras de florestas nativas, que são transformadas em pranchas nas serrarias e/ou utilizadas na indústria moveleira.

A produção desses tratores da Caterpillar insere-se no segmento 1, a produção de toras no segmento 2, a produção de madeira serrada no segmento 3 e a de móveis no segmento 4. O Ibama é uma instituição pública regulatória, supervisiona as atividades feitas pelos extratores e indústrias de transformação da madeira.

Diversas atividades do SAG-Florestal ainda não podem ser dimensionadas na economia brasileira. Isto é o caso das “indústrias a montante”, de parte da produção não madeireira e ecoturismo. Devido a isto, as informações abaixo mencionadas referem-se à parte do SAG-Madeira.
Considerando apenas os produtos florestais madeireiros e a primeira e segunda transformações industriais, têm-se que eles representaram 3,26% do PIB brasileiro, em 1995, e 3,06%, em 2000.

Eles também geraram US$ 9,2 bilhões de exportações, em 2006, equivalentes a 6,7% das exportações brasileiras. O saldo comercial (exportações menos importações) do SAG-Madeira foi de US$ 8 bilhões em 2006. Além disso, esse SAG gerou 1,45 milhão de empregos por ano, no período de 1993 a 1995. O SAG-Madeira é superavitário em suas transações comerciais externas.

De um saldo comercial de US$ 972 milhões, em 1980, atingiu-se US$ 8 bilhões, em 2006. É interessante ressaltar que, apesar da valorização cambial dos anos de 2003 a 2006, as exportações do SAG-Madeira têm crescido.
Isto é fruto do estabelecimento de unidades produtivas - em especial de celulose, papel, madeira serrada, chapas de madeira, móveis e produtos siderúrgicos a base de carvão vegetal, voltadas para a exportação. No período de 1989 a 2006, a taxa geométrica anual de crescimento das exportações do SAG-Madeira foi de 8,21%.

No entanto, essa taxa foi 16,8% a.a. de 2001 a 2006 e de 7,4% a.a. de 1989 a 2001, evidenciando um crescimento mais forte das exportações nos últimos 5 anos.
As importações, por sua vez, são bastante sensíveis à taxa de câmbio. Elas cresceram de 1995 a 1998, quando houve valorização cambial; diminuíram de 2000 a 2002, quando houve desvalorização cambial; e voltaram a aumentar de 2003 a 2006, com a valorização cambial.

Os principais produtos exportados pelo SAG-Madeira, em ordem decrescente de valor, são: celulose, papel e papelão, produtos siderúrgicos à base de carvão vegetal, painéis à base de madeira, madeira serrada, manufaturados de madeiras, móveis de madeira, obras de marcenaria, carvão e madeiras em toras. Os principais produtos importados, em ordem decrescente de valor, são: papel e papelão, celulose, painéis à base de madeira, madeira serrada, manufaturados de madeira, madeira laminada e carvão.