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José Zani Filho

Diretor da Agriflora Mudas Florestais

Op-CP-26

Floresta implantada: um grande negócio

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (2008), a contribuição das florestas (carvão e lenha) na matriz energética do País é de 12%, ficando atrás apenas de hidroelétricas (14%), cana-de-açúcar (16%) e petróleo (36%). Metade da energia vinda da biomassa florestal é proveniente de florestas naturais – principalmente do bioma cerrado –, e a outra metade, de florestas implantadas – notadamente de eucaliptos e pinus.

Com as restrições ambientais de uso das florestas naturais como fonte energética e também com o aumento de custo no transporte da lenha e do carvão, devido à redução das florestas naturais ao redor das fontes consumidoras, elas serão, em curto prazo, uma fonte de energia drasticamente reduzida. Assim sendo, as florestas implantadas deverão assumir um papel relevante nesse cenário como fonte de energia renovável.

O uso das florestas implantadas como fonte de energia é economicamente viável e estratégico perante as demais fontes, devido a sua disponibilidade em todos os pontos geográficos de consumo (olarias, secagem de grãos, indústrias agrícolas, etc.), quando cultivadas. Seu custo como insumo de produção é compatível com o produto final, sendo que, na maioria das vezes, é muito menor que as demais fontes.

Também é uma fonte segura, pois não depende do “humor político” interno ou externo do País, ou de cartéis, situações em que há sempre ameaças de aumento de preços e insegurança na continuidade de abastecimento.

Além dos grandes benefícios sociais e ambientais que as florestas implantadas oferecem em comparação com as demais fontes energéticas, o efeito de distribuição de renda aos pequenos e médios produtores agrícolas é altamente relevante. Hoje, um hectare de floresta plantada em uma pequena propriedade rural é mais lucrativo do que as culturas tradicionais.

Essa nova alternativa de produção e renda ao agricultor tem trazido muitas esperanças ao campo, segundo depoimentos dos próprios agricultores. A cultura de floresta, principalmente de eucaliptos, está sendo desmistificada no meio rural, pois o agricultor está procurando e recebendo maiores informações técnicas a respeito da cultura e, principalmente, tendo a facilidade na compra de mudas de boa qualidade genética.

Com o crescimento do consumo de energia do País, aliado à redução da madeira proveniente de florestas nativas, a escassez energética é iminente. Com isso, é inevitável que o custo das demais fontes tenda a crescer. Por outro lado, há grande interesse dos agricultores em usar parte de suas áreas cultiváveis, principalmente aquelas de solos pobres e menos produtivas, em plantios florestais.

Os produtores que já fizeram essa conversão estão muito satisfeitos, pois diversificaram a produção e aumentaram a renda da propriedade. Porém, o agricultor ainda não está acostumado a investir em cultura com produção de médio prazo (5 a 6 anos) e vender a sua produção ao mercado livre, ou seja, a quem oferecer o melhor preço.

Na agricultura tradicional, com a qual ele convive, a produção geralmente está “amarrada” a um único comprador local, e seu poder de negociação é praticamente nulo. Além disso, o produto agrícola é de curto prazo de produção (6-12 meses) e altamente perecível na colheita e armazenamento, ficando, assim, mais vulnerável frente ao comprador. Já com o comércio de madeira, há possibilidade de negociar e aguardar o melhor preço de venda, sem que haja perda de qualidade do produto.

Então, se por um lado existe a ameaça de escassez desse recurso como fonte energética, por outro existe a oportunidade para milhares de agricultores interessados nessa nova oportunidade de negócio, com a possibilidade de a produção ficar mais próxima das fontes consumidoras (secadoras de produtos agrícolas, olarias, pequenas e médias indústrias, etc.), presentes em todos os municípios.

Para que esse pequeno – porém grande – negócio seja acessível e intensifique-se entre os produtores e as fontes consumidoras, há necessidade urgente, por parte dos governos e da iniciativa privada, de maior atenção a essa peça da cadeia produtiva.

Essa atenção deve vir na forma de investimentos, desenvolvimento e divulgação de técnicas e equipamentos mais modernos aos meios produtivos, tais como: colheitas direcionadas a produção de cavacos, transporte e armazenamento adequado do produto em contêineres, equipamentos de queima (combustão) perfeita da madeira, para gerar uma energia limpa e sem passivos trabalhistas. Com isso, produtor e consumidor terão a oportunidade de ampliar os plantios e usar a biomassa de florestas implantadas como fonte segura e sustentável de geração de energia.