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Celso Luiz Tacla

Presidente da Metso Paper South América

Op-CP-17

Crise e retomada da indústria de celulose e papel

Os últimos meses têm mostrado um cenário mais positivo, com as empresas brasileiras de celulose produzindo à plena capacidade e tomando espaço de produtores menos competitivos. Os preços da celulose no mercado internacional também reverteram a trajetória de queda, alcançando patamares mais elevados nos três principais mercados consumidores: Europa, Estados Unidos e China. Isso se deve a uma combinação de fatores, como a forte demanda chinesa, a redução do nível mundial de estoques e o fechamento de capacidade das empresas, que retiraram do mercado mais de cinco milhões de toneladas.

Apesar da queda na demanda mundial por celulose, a demanda por celulose de eucalipto apresentou expansão de 11% nos cinco primeiros meses deste ano, elevando a participação da celulose de eucalipto para 35% do consumo mundial ante os 29% no mesmo período de 2008, conforme dados divulgados pela indústria.

Somente nos últimos três meses, por exemplo, fabricantes chineses encomendaram cinco novas máquinas de papel da Metso, que deverão iniciar a produção no final de 2010 e início de 2011. Isso significará maior demanda num futuro próximo.
A combinação do aumento de demanda e a postergação de projetos devem levar a uma recuperação mais acelerada dos preços.

Essa recuperação é essencial para as empresas de bens de capital como a Metso, pois, com a melhora do mercado, virão as decisões sobre a retomada e a implantação de grandes projetos. Esses sinais de recuperação já foram suficientes para que as fábricas de celulose reiniciassem os estudos e trabalhos para a implantação de novos projetos.

Num primeiro momento, deveremos observar um crescimento no número de projetos que visem ao desgargalamento de produção e ao aumento de eficiência operacional e energética. Ainda neste ano, devem ser tomadas decisões para implantação de projetos, no Chile, com essas características. Em julho, por exemplo, a Suzano anunciou investimentos bilionários para a construção de novas plantas industriais.

A recém-formada Fibria, resultante da união da VCP e Aracruz, já anunciou que seu plano de expansão será implantado segundo as condições de mercado.
Dentro dessa conjuntura, nós esperamos que a retomada da implantação de grandes projetos ocorra já a partir do final de 2010 e meados de 2011. O mais importante é que as expectativas de longo prazo são bastante promissoras.

Nos próximos dez anos, com o crescimento da demanda de celulose de mercado somado à mudança estrutural do setor com a transferência de capacidade de produção do hemisfério norte para o sul, esperamos um aumento de produção superior a dez milhões de toneladas por ano, sendo que o Brasil deverá responder pela maior parte desse volume.

Isso porque temos no Brasil vantagens competitivas únicas para a produção de celulose. Já é fato conhecido que a produtividade florestal do eucalipto no Brasil é praticamente o dobro da alcançada nas florestas de rápido crescimento em outros países produtores, como Indonésia e Chile, e cerca de três vezes maior do que a obtida na península Ibérica.

Além disso, nossos principais fabricantes contam com escala de produção, processos atualizados e de excelente desempenho ambiental. O mercado de celulose desenvolve-se em ciclos, e, uma vez ultrapassadas as dificuldades do momento, esses fatores de competitividade da nossa indústria permanecerão, levando à retomada de um novo ciclo de investimentos.

Começamos a observar movimentos positivos, mas sabemos que o próximo ano ainda nos reserva dificuldades, pois os projetos em que trabalhamos são de longa maturação, e praticamente nenhum projeto teve início durante este ano. Por outro lado, estamos otimistas com o reinício dos investimentos e o início da implantação de novos projetos.

Por isso, já a partir de meados de 2008, adaptamos nossas operações para enfrentar as condições de mercado de modo bastante cauteloso, buscando preservar nossa capacitação e competências, pois o Brasil é um mercado estratégico para o crescimento dos negócios da Metso na área de celulose e papel e também nos outros segmentos em que atua.
Uma medida bastante importante para viabilizar a implantação dos novos projetos no Brasil seria a isenção de impostos para a construção de novas fábricas, medida já existente em outros países competidores.