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Augusto Praxedes Neto

Gerente de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Jari Celulose

Op-CP-10

Vale do Jari: pólo de desenvolvimento sustentável

Transformar a Amazônia em um pólo de desenvolvimento socioeconômico aliado à preservação do meio ambiente é o grande desafio para aqueles que têm ou pretendem ter negócios na região. E, o sucesso dessa empreitada passa pela conjugação equilibrada e sustentável da floresta, suas oportunidades e sua gente.

Nos dias atuais, em que a humanidade volta-se para o debate de questões que irão influenciar seu futuro e sua existência, como o aquecimento global, não há mais lugar para a exploração desenfreada de recursos. A palavra da vez é o equilíbrio e isto só é possível quando todas as partes envolvidas ligam-se em torno de um objetivo comum, de uma causa maior. Sim, é possível ter lucro com a floresta em pé.

Aliás, essa se tem mostrado como a única solução viável, por exemplo, no Vale do Jari. Em uma região complexa e repleta de desafios sociais e ambientais, é preciso pensar não somente na construção de negócios rentáveis, mas também na capacitação, na geração e na distribuição de riquezas para as comunidades locais. Essa preocupação permeia todas as atividades do Grupo Orsa, que desde 2000 tem o controle acionário da Jari Celulose, empreendimento pioneiro, criado no final dos anos 60, pelo magnata americano Daniel Ludwig.

O projeto ocupa uma área de 1,7 milhão de hectares, entre os estados do Pará e do Amapá, e abriga uma população de 139 mil pessoas, em três municípios e em dezenas de comunidades espalhadas pela floresta. Quando assumiu a operação no Jari, o Grupo Orsa acumulava 18 anos de know-how sobre toda a cadeia de produção de papel e embalagens, e a Fundação Orsa detinha uma vasta experiência no trabalho com comunidades. Para recuperar a capacidade produtiva do projeto, o grupo reestruturou a dívida assumida, elevou a capacidade instalada e fez investimentos em processos e pessoas.

Trabalhar de maneira integrada com a população local é um fator decisivo para os bons resultados na recuperação do Projeto Jari. O fomento florestal de eucalipto, por exemplo, além de ajudar a prevenir o êxodo rural, gera renda para pequenos agricultores da região, permitindo sua inclusão no mercado de madeira, ao mesmo tempo em que evita a pressão sobre as florestas nativas.

Outro modelo de desenvolvimento econômico implantado no Vale do Jari é o Projeto Cultura do Curauá. Sua implantação está alinhada ao princípio de manejar os recursos da natureza, mantendo a integridade da floresta. A proposta é incentivar a agricultura familiar. A fibra do curauá, biodegradável e leve, é utilizada em peças da indústria automobilística, como painéis dianteiros, e seu preço final é dez vezes menor que o da fibra de vidro. Toda a produção gerada é consumida pela empresa Pematec-Triangel, de Santarém, PA.

Na primeira etapa do projeto, foram plantadas 125 mil mudas, em cinco hectares, o que beneficiou 15 famílias das comunidades do Guete e de Bituba. A expectativa é atender, até o fim da década, 230 famílias e atingir uma área de 810 hectares. Ainda dentro dos projetos voltados ao desenvolvimento das comunidades na região está o Agulhas Versáteis, que oferece oportunidades de renda para as mulheres e estimula a liderança e o empreendedorismo. O programa é um exemplo de iniciativa dos voluntários da Jari Celulose, que vislumbraram a possibilidade de renda para a comunidade local, por meio da confecção de roupas.

A iniciativa tem dois focos principais: possibilitar às mulheres do Vale do Jari uma oportunidade de trabalho e atender à demanda de uniformes para colaboradores da empresa e de outros prestadores de serviços da região, antes importados de outros estados. As costureiras produzem, atualmente, 10 mil uniformes. Além de gerar capacitação técnica, gerencial e empreendedora, o programa tem se mostrado útil para valorizar a auto-estima das participantes, que passam a contribuir no orçamento familiar.

Ao lado da oficina de costura, funciona a Associação de Mães Artesãs do Vale do Jari, Amarte. As mulheres aprendem a fazer colares, brincos e pulseiras, a partir de sementes da floresta, e têm aulas de liderança e empreendedorismo. Já o Centro de Oportunidades e Potencialidades Profissionalizantes, COPP, foi criado para ajudar os jovens do Vale do Jari a encontrar uma profissão e, conseqüentemente, reduzir a migração para Manaus, Macapá e Belém.

Os jovens aprendem a fazer brinquedos pedagógicos e outros objetos, em cursos de marcenaria. Como matéria-prima, eles utilizam resíduos de madeira certificada, produzida pela Orsa Florestal, empresa do grupo que comercializa madeira, a partir do manejo de florestas nativas. Os participantes também recebem orientação sobre regras de mercado, qualidade, design e logística.

Esses são exemplos bem-sucedidos, que fazem com que o Grupo Orsa acredite no desenvolvimento de negócios, como agentes para a construção de uma sociedade sustentável. Sabe também que dada a extensão da propriedade e as carências da população da região, ainda há muito a ser feito. O percurso já realizado e os resultados alcançados mostram que o projeto, um verdadeiro laboratório de sustentabilidade no meio da floresta, pode tornar-se modelo para o mundo.