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Carlos Cardoso Machado

Professor de Colheita e Transporte da UF de Viçosa

Op-CP-20

O estado-da-arte da terceirização frente às inovações tecnológicas

Na utilização da mecanização para colheita de madeira, deve-se considerar que diversos fatores relacionados às características das árvores, ao maciço florestal e ao tipo de terreno, somados aos relacionados à habilidade do operador e a especificações técnicas das máquinas e equipamentos, interferem na capacidade operacional das máquinas e, por consequência, no custo final da madeira processada. 

O conhecimento da influência desses fatores, tanto isoladamente quanto a interação entre eles, é extremamente necessário para que o usuário possa decidir pelo melhor sistema e como conseguir plena capacidade operacional do sistema escolhido. Ao se adotar informação oriunda de outros países em diferentes condições de trabalho, no que se refere aos padrões da floresta, clima, método de trabalho, formação do operador etc., pode haver decisões equivocadas ou implantação de sistemas inadequados ao uso desejado.


Os sistemas mecanizados de colheita florestal estão se modernizando com a introdução constante de novas tecnologias, visando ao aumento da produção e à diminuição dos custos. A maior parte das máquinas disponíveis no mercado nacional são originárias da América do Norte e Escandinávia e possuem alto custo de aquisição.

No entanto os prestadores de serviços no Brasil, responsáveis por mais de 60% da mão de obra utilizada na produção de florestas plantadas, estão trabalhando com tecnologia defasada.
A modernização das empresas, entendida como o somatório dos conceitos de qualidade, produtividade, agilidade, baixo custo operacional e alta capacidade concorrencial, tem na terceirização uma de suas principais ferramentas, à medida que esse processo permite a concentração de esforços e recursos na atividade principal da organização e da contratação de serviços especializados para tarefas acessórias, estabelecendo-se uma relação de parceria.

As principais razões que justificam a terceirização são focalizar as áreas que geram vantagens competitivas, possibilitar melhoria da qualidade nas atividades não essenciais, ter acesso a novas tecnologias, sem arcar com os custos financeiros, assegurar acesso a recursos qualificados, compartilhar riscos operacionais e financeiros com um terceiro e reduzir custos a curto, médio e longo prazo.

No caso do setor florestal brasileiro, os prestadores de serviços estão presentes desde o plantio até a colheita, passando por todas as etapas do manejo florestal. A fase mais dispendiosa é a colheita florestal, por demandar máquinas complexas, de maior investimento e mão de obra treinada. Observa-se que os empresários do setor de colheita florestal não incluem nas planilhas de custos a remuneração de capital e uma correta depreciação dos bens.

Essa não contabilização causa a impossibilidade de renovação dos equipamentos, levando ao envelhecimento das máquinas utilizadas na produção. Atualmente, a idade média das máquinas é superior a 10 anos.
Na área de colheita florestal, as empresas terceirizadas não conseguem acompanhar a evolução tecnológica, atuando apenas nas atividades de colheita.

Empresas que conseguiram investir em máquinas mais sofisticadas geralmente executam também as atividades de transporte florestal ou receberam grande apoio das empresas contratantes. Isso acontece pelo fato de o setor de colheita não possuir garantias, como patrimônio, principalmente, contratos de longo prazo que viabilizem grandes financiamentos, compatíveis com os preços das máquinas de colheita.

Os resultados obtidos nas questões financeiras demonstraram a vulnerabilidade e a dependência dos terceiros junto às empresas contratantes. A necessidade da criação de programas específicos de crédito por parte do governo para investimentos em máquinas florestais é de fundamental importância para a evolução tecnológica do setor.


As empresas terceirizadas da área de colheita florestal não têm como investir em tecnologia, em especial, pelo fato dos atuais preços dos serviços prestados. Esse cenário poderá se agravar, em virtude do envelhecimento técnico das máquinas que acarretará maiores custos operacionais e menores produtividades.

Além disso, a manutenção mecânica das máquinas de colheita florestal precisa ser preditiva ou preventiva, sinônimo de mão de obra qualificada e pouco disponível no mercado. Por outro lado, o operador dessas máquinas precisa ser qualificado e bem treinado, dado que ele é parte fundamental na produtividade e na melhoria delas.