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Antonio Tadeu Giacomet

Diretor Comercial da Braspine Madeiras

Op-CP-08

Mercado internacional de madeiras

O Mercado Internacional de Madeiras está passando por transformações importantes na maioria dos segmentos e na maioria dos mercados, provocadas por diversos fatores, como ambiental, tributário, cambial, vespa da madeira, tempestades, retração do consumo em mercados importantes, etc...

Por um lado, temos uma dramática retração no consumo de produtos de madeira no maior mercado mundial, o norte-americano, da ordem de 25 a 30%,  provocada, principalmente, pelo forte ajuste pelo qual está passando o setor de construção civil daquele país. Esta situação não deverá ser revertida, senão em médio e longo prazo.

O número de novas moradias, que era da ordem de 2,1 ou 2,2 milhões anuais, agora se situa ao redor de 1,5 milhão, provocando um brutal ajuste, num espaço de tempo relativamente curto. Como conseqüência desta grande retração do consumo, vivenciamos nos últimos 12 meses um ajuste sem precedentes nos preços de todos os produtos de madeira naquele mercado.

As reduções de preços chegaram a ultrapassar a casa dos 50% para alguns produtos, como no caso do OSB. Os volumes comercializados foram também afetados, envolvendo não somente a produção doméstica, como também as oriundas de seus maiores fornecedores: o Canadá, Europa e América do Sul, envolvendo desde madeira serrada até os produtos mais elaborados, incluindo todos os tipos de painéis.

Por outro lado, surpreendentemente, noutros mercados como Europa, Ásia e Oriente Médio, observa-se uma situação totalmente diversa do que ocorre no mercado norte-americano. A Europa, depois de décadas de baixo crescimento econômico, e o Japão, que desde 1997 estava com sua economia estagnada, agora, estão vivendo uma situação de maior crescimento econômico, com conseqüente crescimento da demanda de produtos de origem florestal.

Do ponto de vista de suprimento, observam-se regiões com excedentes de volumes de toras disponíveis para industrialização, como ocorre na Europa Central e Sul da Suécia, provocados por fortes tempestades que destruíram milhares de hectares de florestas, provocando uma oferta adicional de milhões de metros cúbicos naqueles mercados. O mesmo acontece na Costa Oeste do Canadá, porém provocado por infestação de vespa da madeira.

Paradoxalmente, noutras regiões acontece o oposto, como é o caso dos países nórdicos, principalmente Finlândia, Rússia, Países Bálticos, onde há uma forte redução de oferta de toras. Essas regiões já vinham enfrentando, há cerca de 18 meses, uma limitação na disponibilidade de toras. Ultimamente, esta situação se agravou ainda mais, devido às condições climáticas do último inverno (brando e curto), que não permitiram um nível de extração compatível  com a necessidade de consumo das indústrias locais, provocando, inclusive, o fechamento de serrarias e laminadoras de grandes empresas naqueles países.

Há um outro fato novo que pode provocar uma grande alteração nos mercados de produtos florestais. Recentemente, a Rússia, que exporta mais de 50 milhões m3/ano, anunciou um cronograma de  aumento dos impostos de exportação de toras, que prevê aumentos importantes em julho próximo e em fevereiro de 2008, com ápice em janeiro de 2009.

Se esse Imposto de Exportação for realmente implementado, vai gerar grandes transtornos, principalmente a China, Japão e Finlândia, provocando condições favoráveis,no curto prazo, para outros fornecedores  não tradicionais, como o Brasil. Em médio e longo prazo a situação pode se reverter, pois isso se supõe que seja o objetivo da Rússia: industrializar mais sua matéria-prima, tornando mais onerosa a exportação de suas toras.

Com relação a madeiras tropicais, também está havendo uma redução da produção, provocada, principalmente, por limitação de novas licenças de corte, tanto no Sudeste Asiático, como noutras regiões, tais como, Brasil e África, com conseqüente aumento nos preços dessas espécies. A produção de madeiras nativas no Brasil vem decrescendo anual-mente e deve assim continuar, principalmente por motivos ambientais.

O mesmo deverá acontecer com a produção de madeiras reflorestadas, envolvendo tanto a madeira serrada como compensada. A exceção fica por conta da produção de painéis reconstituídos, principalmente MDF, que deve duplicar a produção nacional nos próximos dois anos. No mais, continuamos a ver as mesmas situações antagônicas de sempre em nosso país, desta vez com um controle cada vez maior nas licenças de corte na região norte do país, por motivos ambientais.

Paradoxalmente, assistimos a uma imposição de maiores dificuldades para o plantio de florestas no sul do país, notadamente no Rio Grande do Sul, onde já se fala na criação de um  ”deserto verde” para o plantio de eucaliptus, ora em andamento naquele estado, sem contar na constante afronta de invasores do MST, movimento anárquico que, infeliz-mente, conta com proteção e amparo governamental.

Já é hora de nossas autoridades pararem de nadar contra a correnteza. Exatamente quando tudo nos indica que o hemisfério sul está prestes a ter um papel cada vez maior no setor florestal mundial, é que se deve oferecer menos burocracia e mais segurança aos investidores deste setor que, por natureza, é de maturação a longo prazo.

Finalizando, aqui vai um desabafo de um exportador “desamparado e desesperançado”. Além de todos os problemas e riscos inerentes do negócio, acima mencionados, os exportadores brasileiros estão sendo dizimados, um de cada vez, em conseqüência da maior barbaridade que já aconteceu neste país, nos últimos 500 anos.

Trata-se da manutenção das atuais taxas de juros, em patamares exorbitantes pelo Banco Central brasileiro, exatamente num momento em que existe uma abundância de liquidez financeira no mundo todo, o que provoca um fluxo cambial especulativo, sem precedentes, de recursos externos, que busca e consegue um rendimento 100%  superior ao obtido noutros países decentes e organizados. Provocando, com isto, uma valorização astronômica de nossa moeda.

E, o mais impressionante é que não se vê nenhuma efetiva e firme manifestação de nossas entidades de Classe, Federações e Confederações das Indústrias e do Comércio, como se tudo estivesse dentro da normalidade. Não podemos perder de vista que depois da bancarrota dos exportadores, virão os importados, muito mais baratos, que levarão nossos empregos para o outro lado do mundo, como já está acontecendo em diversos setores produtivos.