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Fausto Rodrigues Alves Camargo

Gerente de Poupança Florestal da VCP

Op-CP-04

Poupança florestal

O fomento florestal mostra-se um excelente instrumento de democratização da produção de madeira no Brasil e no exterior, permitindo uma distribuição mais justa das riquezas geradas pelos ramos e mercados ligados à madeira e seus derivados. A história das empresas florestais confunde-se com a do fomento florestal brasileiro. Cresceram e evoluíram juntos.

Hoje temos fortes projetos de fomentos, que não se limitam à distribuição de mudas, mas vão além, pois agregam valor à floresta, trazem princípios sociais e ambientais, com compromisso e seriedade, à altura das certificações mais respeitadas do mundo. Um produtor, ao optar pelo ingresso em um programa deste tipo, tem que enxergar em sua floresta muito mais que a venda da madeira, mas sim um rol de ganhos e oportunidades.

A agrossilvicultura é mais que uma realidade em nossos fomentados. É uma fonte de renda e sobrevivência, envolvendo a produção de grãos, carne, mel, dentre muitas outras opções. Na questão ambiental, o respeito ao Código Florestal, como condicionante da participação do programa e a diversificação do fomento com espécies nativas para recuperação de áreas, sobretudo as APP´s, trazem ganhos incalculáveis.

O tratamento de outras questões ambientais, como a devolução correta de embalagens de agrotóxicos, destino de resíduos, etc, são alvos destes programas. Ganhos sociais também podem ser medidos com o uso de trabalho familiar, geração de emprego e renda, formação de pequenas empresas no entorno dos programas, etc.

Tudo isto torna, hoje, o fomento florestal uma ciência, alvo de teses e estudos, tornando-se até disciplina obrigatória em alguns cursos de engenharia florestal. Os resultados têm demonstrado a eficiência e eficácia deste instrumento. A VCP iniciou seu programa de fomento florestal no final dos anos 70, com um modesto programa de doação de mudas na região do Vale do Paraíba, SP.

Nos anos 80, esta região já era um pólo produtor de madeira do estado, pois ali também atuavam outras empresas do ramo e órgãos oficiais de fomento. Com o decorrer do tempo, novas modalidades de fomento e formas de relacionamento foram criadas, já envolvendo interesses ambientais e sociais. Ao final dos anos 90, a incorporação de financiamentos, principalmente de insumos, já estava inserida no programa, dando origem ao fomento contratado, onde todo o plantio era financiado e a venda da madeira garantida, em forma de contrato.

Mas sempre achamos que o fomento poderia dar mais, render mais frutos, ser um instrumento de relacionamento com a sociedade. Unindo este sentimento às questões ligadas à responsabilidade social, com a clara percepção de que o fomento poderia e deveria atingir mais pessoas, sem discriminação e efetivamente gerar valor para a comunidade, criou-se o programa Poupança Florestal.

O projeto nasceu em 2004, tendo sido escolhida a nova Unidade Florestal Extremo Sul, RS, para iniciá-lo, por tratar-se de uma região com boa disponibilidade de terras, aptidão florestal e a possibilidade da realização de plantios consorciados com agricultura. A área escolhida foi a Metade Sul do Rio Grande do Sul. O programa nasceu com objetivos bem definidos, divididos por categorias, ou seja, com claras metas sociais (proporcionar emprego e renda, incentivar a utilização de mão-de-obra familiar, não discriminar produtores por classe, tamanho, etc.) e ambientais (como proteção de bacias, recuperação de áreas, mas, principalmente, a formação de uma consciência ecológica local).

Para a realização deste importante projeto, a VCP trouxe para dentro do programa mais três parceiros: A Emater, com grande experiência na extensão rural, abrangência em todo o estado do Rio Grande de Sul e com razão de existência muito parecida com a do programa, ou seja, atendimento ao pequeno e médio produtor, visando proporcionar-lhe uma melhor qualidade de vida.

Esta empresa ficou responsável pela assistência técnica ao produtor rural, sua especialidade, e tem desempenhado um papel fundamental nestes dois anos de existência do programa. O Banco Real, com uma área séria e forte na questão da responsabilidade socioambiental, atendendo ao programa no gerenciamento do financiamento dos projetos florestais, de forma diferenciada e única.

A Universidade de Santa Maria, com larga experiência na área florestal, através de professores de manejo florestal, ficou com a conta da experimentação de campo, com um único objetivo: testar formas reais de agregar valor aos plantios, principalmente estudando todas as variáveis da agrossilvicultura.

Montada a parceria, foi estabelecido um programa de forma a inovar e potencializar benefícios aos seus participantes. As vantagens e características únicas, que tornam o programa interessante e diferenciados são: integralmente financiado, não pega terra como garantia, o produtor não põe a mão no bolso e a compra da madeira é garantida por contrato. Fora do financiamento, as mudas, assistência técnica, capacitação e colheita da madeira, agregam valor ao programa.

Com 2 anos de existência, o programa já tem resultados impressionantes: são mais de 7.000 produtores interessados, centenas já receberam financiamento e a área plantada já está ao redor de 2.000 hectares. Duas empresas de silvicultura foram abertas para atender ao programa de plantio, outras já existiam, como no caso de implementos e insumos: aumentaram os seus quadros, gerando mais de 2 centenas de empregos na região, além de gerentes, técnicos e bolsistas, que gerenciam o programa.

Quase a totalidade dos Poupadores, nome carinhoso dado aos participantes do programa, estão produzindo florestas no sistema de agrossilvicultura, agregando valor às suas plantações. Apesar da pouca idade, os números, o entusiasmo e as perspectivas têm mostrado que este programa, no estilo do Fomento Florestal, está fadado ao sucesso, sobretudo pela sua condução na linha socioambiental.