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Elizabeth de Carvalhaes

Presidente executiva da IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores

Op-CP-36

Os frutos sustentáveis do setor de árvores plantadas

O lançamento da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) marca o início de significativas mudanças no setor de árvores plantadas nacional. Com o objetivo de valorizar ainda mais os atributos econômicos e socioambientais dos plantios florestais, a associação passou a representar, institucionalmente, desde abril, os segmentos de painéis de madeira, pisos laminados, celulose, papel e florestas energéticas, além dos produtores independentes e investidores de florestas plantadas.

A Ibá reúne as 70 empresas e associações estaduais do setor que participavam da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa), da Associação Brasileira da Indústria de Piso Laminado de Alta Resistência (Abiplar), da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf) e da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).

A criação da nova associação é resultado de um estudo que apontou a necessidade de os diferentes segmentos de produtos originários de árvores plantadas terem um único interlocutor para apresentar, promover e defender seus pontos em comum, principalmente as árvores plantadas como vetor de desenvolvimento econômico e o reconhecimento do setor como referência socioambiental e vanguardista em tecnologia na busca de inovação e dos múltiplos usos da base florestal.

A agenda da Ibá visa à melhoria contínua da competitividade das empresas. Esse objetivo baseia-se na certeza de que a árvore plantada é o futuro das matérias-primas renováveis, recicláveis e amigáveis ao meio ambiente, à biodiversidade e à vida humana. Ou seja, o compromisso com a sustentabilidade permeia a origem da entidade, seus esforços para o fortalecimento do setor e o relacionamento com os diversos públicos de interesse.

Assim, buscaremos tornar o Brasil a principal referência mundial em produção e manejo de árvores plantadas, pois esses plantios terão cada vez mais relevância para atender às demandas relativas ao crescimento da população mundial que, em 2050, chegará a 9 bilhões. Essa visão de presente e futuro do setor faz parte, inclusive, de sua sigla. Em tupi-guarani, Ibá significa “frutos”.

A expressão pode ser entendida como os diversos produtos e serviços que vêm da árvore plantada, os aspectos sociais da atividade do setor – entre eles, a geração de emprego e renda, a fixação do homem no campo e a promoção do desenvolvimento de comunidades – e a geração de serviços ambientais, com destaque para a absorção de carbono e a manutenção da biodiversidade.

Sem dúvida, há os frutos do futuro, a partir das inovações da indústria e investimentos em pesquisa, por meio da biotecnologia e da nanotecnologia, que deve permitir mais de 5 mil usos da fibra e da madeira para distintas indústrias, como automobilística, farmacêutica, alimentícia, aeronáutica, entre outras.

A Ibá começa a atuar a partir de uma base estruturada e relevante para a economia nacional, representada pelos 7,2 milhões de hectares de árvores plantadas do Brasil. Em 2013, o setor de árvores plantadas alcançou receita bruta de R$ 60 bilhões, o que corresponde a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial. Além disso, as exportações somaram US$ 8 bilhões, o que equivale a mais de 3% das exportações brasileiras.

O setor também é responsável por 5 milhões de empregos no País, cerca de 5% da população nacional economicamente ativa. Outro dado fundamental é que o potencial das árvores plantadas norteia os investimentos de R$ 53 bilhões das empresas, em andamento e previstos, voltados ao aumento dos plantios, à ampliação de fábricas e à construção de novas unidades até 2020.

Atuação social: Cada vez mais, a Ibá e suas associadas buscarão destacar a atuação social do setor de árvores plantadas, já reconhecida no mercado. Para isso, promoverão os programas sociais, nas áreas de educação, saúde, treinamento e capacitação profissional; as boas práticas de manejo florestal, a certificação dos plantios florestais e dos produtos deles originários e o uso consciente dos recursos naturais.

Destacaremos que todas essas iniciativas e atividades geram relevante valor social em regiões distantes dos grandes centros urbanos do País, por meio da melhoria das condições de vida, da geração de postos de trabalho e das parcerias com pequenos produtores por meio dos programas de fomento florestal.

Esses últimos permitem que os produtores participem da cadeia produtiva das empresas, fornecendo madeira de árvores plantadas em suas propriedades, criando parcerias de longo prazo que levam à integração da comunidade no negócio florestal. Além de melhorar a qualidade de vida das comunidades, os programas de fomento fixam, de fato, o homem no campo, gerando prosperidade.

Na prática, essas parcerias e programas mostram que o modelo de relacionamento com as comunidades do entorno das áreas de atuação das empresas está mudando. As relações conflituosas e baseadas exclusivamente em projetos filantrópicos do passado estão evoluindo para o relacionamento e o engajamento entre todas as partes interessadas.

Esforço coletivo: Essa mudança é resultado do esforço de todos. As empresas começaram a criar e a implantar mecanismos para garantir a efetividade das ações, como diagnóstico para compreender as demandas das comunidades, diálogo constante, encontros com líderes comunitários, agenda presencial de atividades, garantia de atenção às necessidades e demandas dessa população, entre outras atividades.

Esse caminho do diálogo tem sido extremamente produtivo, e as comunidades passaram a se beneficiar ainda mais, pois seus representantes, agora, compartilham responsabilidade em iniciativas que promovem o desenvolvimento rural e social local. Os ganhos ambientais são enormes, pois os pequenos produtores são essenciais para um manejo florestal sustentável. Assim, graças aos programas de fomento, eles ajudam a reduzir a pressão sobre matas nativas e a recuperar solos degradados.

E, do ponto de vista social, essas parceiras, que incentivam e dão ampla assistência nos plantios florestais, promovem e diversificam atividades locais, geram emprego e renda e contribuem  para o desenvolvimento das comunidades nas quais a floresta e a indústria estão inseridas.

Uma das prioridades da Ibá será a promoção da certificação de plantios florestais, com os selos do Forest Stewardship Council (FSC) ou do Programa Brasileiro de Certificação Florestal (Cerflor), em especial para os pequenos produtores, o que lhes dará mais acesso ao mercado, conhecimento sobre regulamentação do uso do solo, melhores práticas de manejo, além de preços mais competitivos para a madeira.

Valor compartilhado: Acreditamos que aliar eficiência econômica e desenvolvimento socioambiental a um mesmo objetivo é um conceito que ganhará relevância. A ideia é gerar mais valor social nas áreas de atuação das empresas por meio do valor compartilhado. O que se espera vai muito além da filantropia e se traduz pela busca de soluções práticas para as questões, aproximando a indústria das comunidades.

Na prática, surgem situações nas quais a empresa age como facilitadora e sua ação social acaba necessariamente beneficiando a comunidade, ao mesmo tempo em que agrega valor à empresa. Ampliar o conhecimento sobre essa postura do setor de árvores plantadas será uma das prioridades da Ibá. A promoção do desenvolvimento socioambiental do setor beneficiará a todos, pois traz consigo valores relacionados à competitividade, à perenidade, à responsabilidade e à inovação, intrínsecos à nossa atuação.