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Moacir Batista do Nascimento Filho

Superintendente Técnico da V&M Florestal

Op-CP-30

Investimentos em P&D, I e a competitividade

O setor florestal no Brasil cresceu em ritmo acelerado a partir da Lei dos Incentivos Fiscais de 1970, quando grandes áreas foram destinadas ao reflorestamento. Muitos desses cultivos foram conduzidos sem o conhecimento da realidade da cultura e sem cuidados essenciais.

Apesar disso, tivemos grandes exemplos de sucesso, principalmente, quando o recurso foi tomado por empresas estruturadas, o que consolidou a cultura do eucalipto no País.

Lembro, quando iniciei minha vida profissional, em 1977, que as grandes empresas começavam a estruturar suas áreas de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), principalmente, nos setores de siderurgia e celulose.

A criação de estruturas dedicadas (gerências e/ou departamentos), com equipes multidisciplinares, focadas nas importantes áreas do desenvolvimento (melhoramento genético, proteção, nutrição e manejo dos solos), objetivava a sustentabilidade da produção.

Estas, com a criação das instituições de pesquisas ligadas às universidades e ao governo – citam-se, aqui, IPEF (1968), SIF (1974), Embrapa Florestas (1978), entre outras, cujo principal objetivo foi dar suporte ao desenvolvimento florestal do Brasil –, foram responsáveis pelo grande avanço alcançado na silvicultura brasileira. Recentemente, a Embrapa Bioenergia tem procurado seguir o mesmo caminho no setor florestal.

Ao longo do tempo, em função das diferentes situações econômicas, boa parte das empresas florestais não conseguiu manter as equipes internas, levando a uma significativa redução do ritmo de desenvolvimento tecnológico inicialmente alcançado.

A pergunta que se faz hoje, “o que deve ser mudado para a manutenção e o avanço de nossa liderança no setor florestal?”, é difícil de ser respondida, mas passa, certamente, pela parceria entre empresas, universidades e governo e necessita de mais investimentos em P&D.

Considero importante o fortalecimento de equipes dedicadas à pesquisa, com profissionais que possam atuar com as universidades e direcionar a pesquisa científica para os interesses das empresas, o que, certamente, trará desenvolvimento tecnológico voltado à produção.

O manejo florestal, hoje, é muito complexo. Não basta apenas o conhecimento de genética e nutrição, mas também as interações ambientais e sociais, as quais interferem de forma determinante para o sucesso da floresta plantada.

Temos que continuar investindo no meio ambiente como forma de proteção do investimento florestal, conhecer a biologia dos insetos e das pragas e produzir inimigos naturais para evitar o uso de pesticidas.

Precisamos continuar criando instrumentos de proteção contra invasão e fogo criminosos para garantir a produção e considerar o desenvolvimento social das comunidades que sofrem os efeitos de nosso manejo para que tenhamos material humano compatível com as nossas atividades, cada dia mais exigentes e especializadas.

Nesse sentido, o reforço na parceria empresas-universidades-instituições de pesquisa será fundamental para otimizar os recursos, agindo por objetivos comuns.

Outra parte importante dentro das empresas florestais que precisa ser melhorada ou trabalhada com mais rigor é o desenvolvimento. Quero dizer, a transferência dos resultados da pesquisa aplicada para a produção.

Essa etapa carece de estrutura adequada nas empresas com profissionais capazes de tornarem aplicáveis, no nível operacional, os resultados obtidos pela pesquisa. Em muitos casos, são necessárias adequações e/ou adaptações nas máquinas, equipamentos e nos procedimentos operacionais.

Outro ponto importante para que tenhamos a garantia da manutenção do conhecimento e, consequentemente, a liderança no setor florestal é como perpetuar o know-how dentro da empresa. Uma possível alternativa é a efetivação de um plano de sucessão de profissionais nas áreas-chave (posição-chave).

Perdemos muito conhecimento com a saída de profissionais importantes (pessoas-chave), seja pela pressão do mercado de trabalho ou por suas aposentadorias, sem que se tenha a preocupação de ter desenvolvido um substituto à altura.

Isso não acontece apenas nas empresas, mas também nas universidades e instituições oficiais, onde os grandes nomes não estão sendo substituídos, ou raramente o são. Em países mais desenvolvidos, o maior número de cientistas e engenheiros está nas empresas, focando no desenvolvimento da área produtiva.

Lógico que essa ação exige a contrapartida dos órgãos governamentais nos diferentes níveis para que, de forma conjunta, possamos direcionar a pesquisa básica para onde é preciso crescer e/ou para onde se quer reduzir custos com aumento de produtividade e qualidade.