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Marcos Antonio Drumond

Pesquisador da Embrapa Semiárido

Op-CP-24

Florestas no nordeste brasileiro

O Nordeste brasileiro, com uma área de aproximadamente 1.561.177 km2, possui um grande potencial para a expansão das áreas com plantio de espécies florestais. Os resultados de pesquisas obtidos nos últimos anos para essa região, tais como zoneamento e espacialização das aptidões florestais, caracterização ambiental dos municípios, contemplando os solos, a cobertura vegetal e uso antrópico, e uso de híbridos e/ou espécies/procedências do gênero Eucalyptus, como alternativa de plantio, têm demonstrado a potencialidade da região para ser uma nova fronteira para a produção de madeira de florestas plantadas.

Dentre as áreas potenciais, a Chapada do Araripe, formada por um mosaico vegetacional onde predominam manchas de floresta ombrófila e estacional, cerrado e caatinga, resultantes da heterogeneidade ambiental, modelada no decorrer de diversos períodos geológicos, se constitui um importante planalto que está inserido nos limites de três estados: Pernambuco, Piauí e Ceará.

Ela está localizada numa faixa com precipitação pluvial acima de 750mm, que oferece condições para o reflorestamento comercial, especialmente para fins energéticos. As calcinadoras do polo gesseiro da região Nordeste, localizado na Chapada do Araripe, têm como matriz energética, para a industrialização da gipsita, a madeira extraída da vegetação nativa (caatinga), que consome, atualmente, mais de 2.000.000 st por ano, totalizando um desmatamento diário de 25 hectares por dia, tornando-se o principal consumidor da madeira que venha a ser produzida através da abertura da nova fronteira florestal.

Estudos recentes têm mostrado desmatamento excessivo em áreas sob risco de desertificação. Nessa região, a área indicada para florestamento/reflorestamento na região do Araripe é de 100.920 hectares. Outro fator que agrava ainda mais o processamento do gesso na Chapada do Araripe é a localização da extração da madeira nativa, que fica mais distante a cada ano, estando, atualmente, a cerca de oitenta quilômetros, o que aumenta o custo final de produção.

Visando à redução do desmatamento e manter a dinâmica do polo de produção de gesso da região, o plantio de eucalipto vem sendo difundido como alternativa para produção de madeira como fonte de energia para a demanda da indústria de processamento do gesso.

Existem no mercado empresas que já dispõem de material genético adaptado a essas condições edafoclimáticas, tais como os híbridos resultantes do cruzamento das espécies Eucalyptus camaldulensis, E. grandis, E. brassiana e E. urophylla, com características de tolerância à seca, crescimento rápido e alta produtividade de madeira, com expectativa de produção média de madeira, no intervalo de sete anos, em torno de 200 m3 por hectare.

O reflorestamento é importante em razão de seu grande potencial gerador de emprego e renda, não apenas pelo Governo, através de programas de incentivos fiscais, mas por um novo modelo que possa incentivar e orientar programas de investimentos na implantação de pequenas áreas de florestas em propriedades de pequeno porte.

O Piauí é o estado que reúne as melhores características para essa atividade, onde já existe um programa de desenvolvimento florestal, em função das características edafoclimáticas, sociais e econômicas, que prioriza as regiões de Teresina (49 municípios) e Uruçuí (25 municípios), identificadas como as que apresentam melhores condições para as plantações florestais em grande escala com propósitos industriais.

As áreas dessas duas regiões, com relevo e solos adequados ao plantio de florestas e precipitação pluvial variando de 700 a 1300 mm, representam 11,6 milhões de hectares, ou 46% da área total do estado. Desse total, a região de Teresina representa 41%, enquanto a região de Uruçuí participa com cerca de 59%.

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - Codevasf, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, tem promovido ações direcionadas para o desenvolvimento florestal nas bacias dos rios São Francisco e Parnaíba, dentro da perspectiva de utilização sustentável dos recursos florestais e geração de emprego e renda. As empresas que estão investindo em reflorestamento no estado visam atender à demanda energética para a produção de cerâmica, carvão vegetal, extração de ácido pirolítico, produção de pellets e celulose.