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Celso Trindade

Diretor da Geraes Qualidade e Meio Ambiente

Op-CP-14

Controle de Qualidade das atividades silviculturais

O controle de qualidade na atividade florestal vem sendo praticado desde o início da década de 80, baseado em um trabalho pioneiro, da antiga Champion Florestal, atual International Paper. Hoje, sua prática está bastante difundida na maioria das empresas florestais. Este modelo utilizava equipes de qualidade externas à área vistoriada e gerava muito atrito entre a área de qualidade e a operacional.

No início de 1987, evoluímos para o sistema onde os próprios executores realizariam estes controles. Na ocasião, este trabalho foi denominado de autocontrole ou autogestão. Em função da demonstração de sua eficácia, desde 1987, temos trabalhado com o, hoje denominado, conceito do Controle Estatístico de Processo - CEP.

Quando são observados desvios de conformidade, a própria equipe detecta e age preventiva ou corretivamente, com ações implementadas tão logo quando detectadas. No processo de auditorias externas da área, as correções eram realizadas após a ocorrência do fato, com prejuízos para as organizações. Observamos situações, onde a equipe passou pela fazenda no momento em que o preparo de solo estava sendo realizado.

Fizeram a avaliação do que foi possível e, tempos depois, quando retornaram à fazenda, a plantação já havia sido concluída. A equipe detectou, então, um desvio de espaçamento de cerca de 20% de erro, como o restante das operações já haviam ocorrido, este erro teve que ser absorvido pela empresa. O controle da operação permite conhecer o processo e ter previsibilidade sobre o mesmo, dando garantia da qualidade das atividades.

As informações colhidas nos controles, além de serem uma excelente ferramenta para tomada de decisões diante desvios de conformidade, devem contribuir para compor um importante banco de dados, que auxiliará a fazer inferências frente a resultados obtidos - produtividade, facilitando a rastreabilidade e desencadeando ações gerenciais de melhoria das operações.

A título de exemplo, para programarmos o controle de uma determinada operação ou atividade, utilizamos uma ferramenta conhecida como “5W+1H”, do inglês: What (o que); Where (onde); Who (quem); When (quando); Why (por que) e How (como)? Mesmo executando o controle de processo, a maioria das empresas ainda não percebeu a potencialidade de seu uso como alavanca para o processo de melhoria a ser utilizado pelos grupos de qualidade, na resolução de problemas.

Alguns gestores ainda têm como foco principal a descoberta do erro, com punição da pessoa que o cometeu, perdendo oportunidades de que tal ferramenta seja incorporada de forma positiva à cultura da empresa. Atualmente, grande parte das empresas utiliza o sistema de equipes de auditores, que, mesmo não sendo o mais adequado, ainda contribui para melhoria.

Os dados da qualidade são relatados e usados em nível gerencial, mas, infelizmente, as ações de correção e prevenção ainda são incipientes. Desde 1985, temos observado inúmeros ganhos com o trabalho do controle da qualidade, como, por exemplo: aumento da sobrevivência dos plantios; maior homogeneidade dos mesmos; ajustes nos procedimentos recomendados; criação de indicadores de qualidade; desenvolvimento de metodologias/mecanismos de controle; uso de ferramentas da qualidade na solução de problemas, e maior transparência das empresas prestadoras de serviços, mediante os resultados apresentados.

A necessidade de controlar a qualidade fez com que fossem criados vários instrumentos e formas de avaliação, como: medidores de profundidade de gradagem e subsolagem; medidores de estouramento de solo; adequação de distribuidores de fertilizantes; uso de dosadores graduados/balanças nas aferições de equipamentos; uso de limitadores de profundidade nas plantadeiras; uso de gabaritos nas mesmas, para garantir distância de aplicação; aumento da capacidade das plantadeiras, para receber a dose de gel recomendada; utilização de espaçadores acoplados em tratores, para melhorar a distância entre plantas; utilização de válvulas dosadoras para reduzir perda de água na irrigação e controle dos bicos de pulverização; dentre outros.

Alguns erros têm sido observados durante a implementação do controle de qualidade, tais como: resultados usados para perseguir área/pessoa auditada; manipulação dos resultados por má fé ou medo; resultados não utilizados como ferramenta de gestão pela gerência ou direção da empresa, e resultados não utilizados para implementar programas de melhoria contínua pelos grupos de trabalho. Esta falta de foco da maioria dos gestores tem reduzido a oportunidade de ganhos mais expressivos.

Pensamos que, no futuro, as empresas possam aplicar plenamente o CEP, como ferramenta de trabalho, inserindo o mesmo em sua cultura, devendo esta busca ser responsabilidade de todos, mas com apoio total da direção das organizações. A prática da qualidade deve ser incorporada em cada um, de forma a possibilitar que todos possam crescer em responsabilidade e atingir níveis superiores de qualidade, desta forma todos ganhariam em sustentabilidade - empresa, funcionários, fornecedores, clientes e sociedade.