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Alexandre França Tetto

Coordenador do Curso Engenharia Florestal da UF-Paraná

OP-CP-34

Índice de perigo de incêndios como proteção

O incêndio florestal é uma das maiores ameaças aos investimentos em cultivos florestais. Sua ocorrência está relacionada à existência de material combustível, oxigênio e calor. Todas as formas de prevenção e combate são elaboradas com base nesse tripé. Por outro lado, caso ocorra um incêndio, o comportamento do fogo será regido, além do material combustível, pela topografia e pelas condições meteorológicas.

Levando em consideração que as condições meteorológicas, sobretudo temperatura, precipitação, umidade relativa e velocidade do vento, têm influência sobre o fogo, foram criados os índices de perigo de incêndios, que indicam a probabilidade de ocorrer um incêndio, assim como a facilidade de ele se propagar.

O estabelecimento de uma relação entre as variáveis meteorológicas e os incêndios teve início a partir de 1920, quando foram elaboradas algumas tabelas de perigo de incêndios, mas, somente em 1933, foi estruturado o primeiro índice, denominado escala de Gisborne. Atualmente, no Brasil, os índices mais utilizados são o Índice de Nesterov, a Fórmula de Monte Alegre (FMA) e a Fórmula de Monte Alegre Alterada (FMA+).  


O Índice de Nesterov foi desenvolvido na Rússia, em 1945, e possui várias adaptações em sua escala de perigo, com o objetivo de ser utilizado em locais com clima diferente de onde foi desenvolvido, tais como Cuba e Moçambique, por exemplo. A FMA foi desenvolvida em 1972, pelo Prof. Ronaldo Viana Soares. Naquela ocasião, ele já sugeria e destacava a importância do acréscimo da variável "vento", de difícil obtenção naquela época.

Esse acréscimo se deu em 2005, no trabalho desenvolvido pelo Prof. José Renato Soares Nunes, que propôs a criação de um novo índice, denominado FMA+. Por meio de investigações realizadas na sequência, correlacionando os dias de perigo de incêndio com as ocorrências, foram estabelecidas três escalas de grau de perigo para o estado do Paraná. O mesmo trabalho ainda é necessário para o restante do Brasil.

Os índices são ferramentas importantes no planejamento de atividades que envolvam o uso do fogo, tais como medidas preventivas, relacionadas ao comportamento e à supressão do fogo. Além disso, são utilizados para definição da estação normal de perigo de incêndios, orientação para a realização da queima controlada e para auxílio na decisão de fechamento de áreas à visitação pública.

Medidas preventivas:

• Estabelecimento de períodos para a realização de treinamentos;
• Manutenção de estradas, aceiros e acessos aos pontos de captação de água;
• Revisão das ferramentas, equipamentos e EPIs;
• Estabelecimento de vigilância preventiva e da operação das torres de observação;
• Limitação ao uso do fogo em atividades agrícolas e florestais, e
• Definição do plantão de equipes e avisos à população.

Comportamento do fogo:

• Indica a dificuldade de ignição do material combustível;
• Tamanho das chamas, e
• Velocidade de propagação do fogo.

Dificuldade de supressão do incêndio:

• Indica qual tipo de combate é viável (direto, paralelo e/ou indireto).

Com o intuito de facilitar a interpretação do grau de perigo e auxiliar no planejamento das operações de prevenção e combate, os valores calculados nos índices de perigo de incêndios são divididos em classes de perigo de incêndios. Nos casos do FMA e do FMA+, são utilizadas as seguintes classes: nulo, pequeno, médio, alto e muito alto, que são divulgadas à população e/ou a funcionários por meio de painéis.

As classes “alto” e “muito alto” significam que o material combustível está seco e, consequentemente, com alto nível de inflamabilidade, enquanto as classes “nulo” e “pequeno” indicam que o material combustível está com elevado teor de umidade e pouco inflamável.

A importância da utilização dos índices não diz respeito somente ao planejamento, mas também aos custos envolvidos na prevenção e no combate aos incêndios florestais. No entanto, para sua correta utilização, é muito importante que se tenha o índice – qualquer que seja - ajustado para a região.

A permanência do índice nos graus de perigo alto e muito alto durante vários dias do ano aumenta consideravelmente o custo de proteção da área, uma vez que é necessário acionar todo o sistema de proteção, envolvendo a vigilância, além da restrição a algumas atividades. Por outro lado, um grande número de dias nas classes nulo e pequeno gera uma racionalização excessiva dos recursos, que pode acarretar grandes prejuízos, pelo fato de a área não estar sendo eficientemente protegida.