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Luís Antônio Künzel

Gerente Florestal da Lwarcel Celulose

Op-CP-22

Desafios para o crescimento da silvicultura

Nas últimas três décadas, foi fantástica a evolução da silvicultura brasileira, mais especificamente no setor de florestas plantadas. O aperfeiçoamento das técnicas de manejo e de melhoramento genético e o foco em sustentabilidade resultaram em ganhos de produtividade e, consequentemente, maior competitividade internacional para os nossos produtos.

A produtividade média das florestas de eucalipto no Brasil cresceu significativamente, passando de 25 para 40 m³/ha/ano. Algumas empresas, como a Lwarcel Celulose, já ultrapassaram os 53 m³/ha/ano. Nos países do hemisfério Norte, essa produtividade média gira em torno dos 10 m³/ha/ano.

Esse crescimento em produtividade também foi acompanhado por melhorias nos aspectos ambiental e social, que podem ser comprovadas pelo significativo número de certificações de manejo florestal com reconhecimento internacional, como o FSC – Forest Stewardship Council, ou a Cerflor – Programa Nacional de Certificação Florestal, que a maioria das grandes empresas nacionais do setor possui.

Essas conquistas, o clima favorável e a disponibilidade de terras propiciaram a multiplicação de projetos de novas indústrias, especialmente no setor de celulose, acompanhada do proporcional aumento das áreas de plantio, em especial do eucalipto. Grandes projetos industriais, hoje, estão se deslocando para o Norte e para o Oeste, na busca de novas áreas para expansão.

A produção brasileira da indústria de base florestal cresceu fortemente voltada para o mercado externo. No entanto, apesar do nível de excelência alcançado na produção de madeira, a nossa competitividade internacional é dependente dos custos com logística associados às rodovias, ferrovias e portos.

Por exemplo: a malha ferroviária brasileira, de forma geral, é antiquada, ineficiente, não interligada e, em alguns locais, inviabiliza a chegada aos portos, isso sem abordar as suas diferenças de bitola. É inadmissível que a velocidade média dos trens de carga no Brasil seja de 25 km/h, enquanto, em alguns países do hemisfério Norte, a média é acima de 80 km/h.

A movimentação das indústrias para o interior do País irá requerer investimentos públicos na ampliação, modernização e integração dos modais logísticos, sob pena de se perder a posição que foi conquistada com muito esforço. Nesse sentido, a Bracelpa – Associação Brasileira de Celulose e Papel, está elaborando uma proposta estratégica para o governo, com sugestão de investimentos em logística e infraestrutura.

Outro aspecto crítico para o sucesso do crescimento da silvicultura e da indústria de base florestal está relacionado às questões legais. Investimentos de grande porte, em geral, demandam recursos financiados por instituições para as quais a segurança jurídica é fundamental, em especial em relação ao direito de propriedade e à legislação ambiental.

A impunidade e a morosidade no tratamento dos casos de invasões de propriedades produtivas criam dificuldades e reduzem as possibilidades de investimento no País. Na questão ambiental, houve uma ampla consulta à sociedade brasileira para a formulação de sugestões para a revisão e modernização do Código Florestal.

As contribuições do setor de florestas plantadas foram apresentadas pela Abraf – Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas, ao governo. É importante a conclusão e a aprovação da revisão do Código, eliminando dispositivos contraditórios e de interpretação imprecisa, pois necessitamos ter regras claras e objetivas.

Por outro lado, a condição atual do Brasil com o expressivo e continuado crescimento da economia poderá levar à escassez de mão de obra para as atividades rurais. Isso irá requerer aumento dos investimentos em mecanização, biotecnologia e eficiência de processos, visando à manutenção da competitividade internacional em custos.

Para a silvicultura, também vale o ditado “o sucesso do passado não garante o do futuro”. A união do setor privado, do governo e das entidades representativas do setor é fundamental para prover o apoio necessário que garanta o crescimento planejado, o escoamento ágil da produção e os níveis de competitividade que o Brasil merece.