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Gabriela Procópio Burian

Gerente de Meio Ambiente da Monsanto do Brasil

Op-CP-28

Sustentabilidade, na prática

É chegado junho de 2012: estamos vivendo a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) e a consequente inserção na agenda do País, em todos os setores, sem exceção, da questão da sustentabilidade – na prática. Projetos-pilotos ou modelos de um novo desenvolvimento são demonstrados e avaliados em relação ao potencial de replicação e aumento de escala. Nesses últimos dezoito meses, diversos setores da sociedade trabalharam proativamente pelas metas de biodiversidade do País.

E, se ainda estamos longe de um processo ideal, com certeza estamos vivenciando o início de uma nova era: época de diálogo e construção conjunta de uma visão para 2020 (no caso das metas de biodiversidade ou metas de Aichi) ou mesmo a visão para 2050 (nesse caso, a visão que o setor empresarial tem desenhado dentro do processo capitaneado pelo CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável para o ano de 2050).

Em ambos os casos, vale ressaltar o papel diferenciado que o setor privado brasileiro vem desempenhando rumo a uma nova economia, avaliando metas desafiadoras e, ao mesmo tempo, reais. Nesse processo, o setor tem participado desde iniciativas multistakeholders, parcerias com ONGs (Organizações Não Governamentais), iniciado o processo de mapeamento e integração da biodiversidade com seus negócios, até o entendimento de serviços ecossistêmicos e valoração da biodiversidade.

Ainda temos um longo caminho pela frente, e as expectativas em relação a um país megabiodiverso como o Brasil naturalmente tendem a ser elevadas (tanto interna quanto externamente), o diálogo começa (ainda que timidamente) a permear a sociedade - e isso deve ser salientado.

Temos, em todos os setores deste país, um papel de liderança natural nesse novo cenário internacional que começa a surgir, mas, para exercê-lo, é fundamental que encontremos pontos comuns nas diversas agendas internas, de modo a contribuirmos em fóruns internacionais de maneira mais significativa – sobretudo em relação a critérios que internalizem as externalidades e trabalhem pela regulamentação do mercado. Já há alguns anos, o setor florestal nacional tem sido um excelente exemplo na busca por sustentabilidade na prática.

Com base em diálogo entre as diversas partes, avaliações de novas oportunidades e potenciais riscos, as particularidades das comunidades do entorno no dia a dia e novos arranjos com a cadeia produtiva têm sido considerados parte das soluções. Tudo isso tem permitido maior conservação regional, e, hoje, é crescente o reconhecimento interno no Brasil e no cenário internacional pela constante busca do setor florestal de um equilíbrio no tripé econômico, social e ambiental.

Como um dos exemplos, podemos citar o sistema agrosilvopastoril – entre outros, já instalados em diversas localidades, que têm transformado realidades, incluído comunidades e preservado áreas na prática. Se muito esse setor brasileiro tem avançado, devido sobretudo à capacidade de reinventar-se, a hora agora é de ampliação dos pactos, numa busca pela otimização de processos e ampliação do alcance dos avanços conquistados.

Com base nesses anos de trabalho, o setor pode assumir, e deve mesmo liderar, uma agenda positiva regional inclusiva que considere as diversas áreas de negócio atuantes em cada uma das regiões, visando à integração entre as cadeias do "berço ao berço" – minimizando uso de recursos naturais, reduzindo desigualdade e valorando ativos ambientais, de modo alinhado com a estratégia de atuação de governos locais e nacionais para discussão internacional.

A construção desse novo cenário exige, por um lado, conhecimento da prática em nível local e, ao mesmo tempo, posicionamento firme em fóruns de negociação internacionais. Apenas setores que têm trabalhado por essa agenda na prática têm o peso político necessário para conseguir fazer a soma dos diversos interesses em uma mesma direção e atuar de modo estratégico nas negociações internacionais.

Esse é o papel que cabe ao setor florestal brasileiro em 2012: ultrapassar suas fronteiras e liderar uma agenda efetiva em direção a um equilíbrio econômico e socioambiental, com base em suas conquistas e avanços na prática desse megabiodiverso País rumo à visão que temos para 2050!