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Fernando Campos

Diretor da Ponsse Latin America

Op-CP-62

Serviços digitais para uma colheita 4.0
Dados, informações, estatísticas, gráficos, relatórios e análises fazem parte da rotina atual de trabalho de qualquer pessoa ligada à colheita florestal. Seja na tomada de decisão gerencial, seja na operação dos equipamentos florestais. Hoje, qualquer movimento na operação se torna um número que aparece na tela do gestor imediatamente.

Não consigo mais imaginar esse mundo sem todas essas planilhas e dashboards. Com isso, o desafio à nossa frente é também cada vez maior. O que fazer com tantos dados que chegam à tela do celular ou do computador, como eles podem auxiliar na tomada de decisão? Qual o melhor momento de parar para uma manutenção? Qual peça trocar e como realizar o diagnóstico?

Questionamentos como esses fazem com que as parcerias fornecedores-clientes estejam cada vez mais fortalecidas e, em uma verdadeira relação de troca, criando soluções que atendam às expectativas do campo e do negócio, com confiabilidade, segurança, disponibilidade e sustentabilidade. 
 
Nessa crescente tecnológica, gostaria de discorrer rapidamente sobre as megatendências que impactam diretamente a colheita florestal. Elas normalmente descrevem uma mudança importante por que um setor está passando ou uma direção para a qual se encaminha. Para a colheita, elenco quatro delas: digitalização, sustentabilidade, conectividade e automação. 

Em resumo, esses quatro pontos nos dão uma gama de equipamentos e uma nova demanda florestal que foge do usual e passa 
para o campo de serviços digitais. Quem, há 50 anos, poderia imaginar que estaríamos pensando em experiência de usuário, navegabilidade, segurança de dados e transmissão via nuvem em tempo real?

Aliás, quem diria que as nossas preocupações também incluiriam a segurança da transmissão de dados? Hoje, a adoção de sistemas de segurança de informação se tornou indispensável, e não estamos falando estritamente das áreas de TI das empresas. Essa compreensão da colheita florestal nos coloca no novo patamar de prestador de serviços digitais.

Todos os itens que citei nas primeiras linhas deste artigo fazem parte de uma experiência de usuário, não só do abate de árvores em si, com máquinas robustas e eficientes, mas principalmente na interface direta da operação com a estratégia do negócio, favorecendo o planejamento e a tomada de decisão para maior competitividade.

Muito mais que equipamentos mecanicamente adequados, abastecemos o mercado com inteligência artificial para análise eficiente dos dados que chegam do campo a todo o tempo, sejam elas para automação de comandos, acompanhamento de resultados em tempo real, ou o que mais nosso cliente demandar. 
 
A chegada da tecnologia 4.0 nas máquinas de colheita florestal nos permite inúmeras possibilidades. Sensores espalhados em diferentes componentes são capazes de informar o volume de madeira processada, quantidade de toras, indicando o diâmetro de cada uma delas e, além dos dados de produção, também nos trazem informações importantes sobre a saúde do equipamento: desde o consumo de combustível, peças que precisam de manutenção até assistência virtual ao operador e ao mecânico. 
 
Gosto de apontar algumas etapas específicas da colheita florestal quando falo em serviços digitais. O primeiro deles é a manutenção preditiva. A capacidade de prever uma parada de máquina, sabemos, reduz custos e aumenta a disponibilidade. Hoje, os dados vindos do campo nos permitem analisar o tempo de uso de cada componente e se está chegando a hora de uma substituição.

Em alguns países da Europa, já é possível solicitar uma peça de dentro da máquina, através do catálogo instalado no computador de bordo. Aqui no Brasil, a conectividade em campo ainda é um obstáculo para a transmissão de todos esses dados em tempo real. Porém acredito que estamos muito perto de solucionarmos esse ponto, principalmente com a chegada da tecnologia 5G.
 
Outro ponto que o setor ganha é a rapidez e a qualidade no diagnóstico. Por exemplo, a realidade virtual permite que o mecânico conheça cada componente e simule situações de reparos para maior qualidade de diagnóstico. Se for necessária uma manutenção corretiva em uma máquina, pode simular com realidade virtual as causas e encontrar o defeito, sem precisar desmontar um cabeçote inteiro.

Ganhamos tempo, disponibilidade, segurança e eficácia. Ainda gosto de citar que, hoje, a tecnologia nos permite diminuir a curva de aprendizagem de operadores e mecânicos, com simuladores, óculos de realidade virtual e assistentes de operação virtual, resultando em uma maior qualidade de operação e de diagnóstico de manutenção. 
 
Em quarto lugar, conquistamos mais segurança na operação florestal. Não só máquinas estão, cada vez mais, robustas, como também a tecnologia nos permite ergonomia, que reduz acidentes no campo. E, por último, vejo o ganho de eficiência energética. Atrelado diretamente à sustentabilidade do negócio, esse ponto ainda trará muitas outras evoluções para os equipamentos de colheita florestal. 
 
Hoje, o ganho de eficiência energética é significativo se comparado às primeiras máquinas do setor e, tenho certeza, daqui a dois anos, esse número será muito diferente. Eu imagino um futuro próximo da colheita florestal com máquinas eletrificadas, reduzindo ainda mais o impacto ao meio ambiente, e autônomas, que monitoram o terreno e sabem escolher as melhores árvores para o abate.

Porém não é possível chegarmos a essa grande evolução sem passarmos pelas cinco etapas que citei anteriormente. Se começamos a pensar em como os dados florestais podem nos ajudar a fabricar bons produtos e a nos tornar mais produtivos e eficientes, devemos começar com uma perspectiva ampla.

Em que partes da cadeia de aquisição de madeira os dados são gerados, onde eles são armazenados e como podem ser extraídos para resultados úteis? Após reconhecer os requisitos de nossos clientes e das partes interessadas, devemos definir os requisitos dos resultados que os dados devem proporcionar.

Pode ser um método melhor para controlar o cabeçote harvester com base nos dados do sensor; a localização das pilhas de toras, baseada em informações de coordenadas geográficas; ou os relatórios de produtividade em um serviço baseado na nuvem. Independentemente de qual deve ser o resultado requerido, devemos identificar as demandas, analisar os dados necessários e como processá-los.

O resultado final deve ser uma característica melhor ou um produto que atenda às necessidades iniciais. Agora que o processo de fabricar melhores produtos é, relativamente, conhecido, o difícil é definir o que é um produto melhor ou uma operação mais eficiente. Para essa definição, os dados podem ajudar a identificar a eficiência na operação, desde a definição do talhão até a transformação na indústria de valor.