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Dartagnan Baggio Emerenciano

Coordenador do Curso de Engenharia Florestal da UFPR

Op-CP-19

O futuro do ensino da engenharia florestal no Brasil

Em 1978, recebi o grau de engenheiro florestal no curso de Engenharia Florestal da UFPR - Universidade Federal do Paraná, o primeiro do Brasil, criado pelo decreto federal 48.247, e que, em 30 de maio de 2010, comemora os seus 50 anos de existência, representando o jubileu de ouro da engenharia florestal no Brasil.

Em 1979, iniciei a carreira docente na UFPR e, desde então, tenho procurado acompanhar a qualidade do ensino, monitorando junto aos meus alunos conhecimentos que atendam às exigências do mercado empresarial associadas aos resultados do ensino, da pesquisa e da extensão. O exercício de cargos administrativos na UFPR e a participação em projetos do Ministério da Educação me permitiram adquirir experiências que, hoje, são de muita valia para a construção de programas educacionais visando ao mercado de trabalho.

Comecei a analisar a importância do ensino da engenharia florestal direcionado à formação do “verdadeiro” engenheiro florestal, de modo a não permitir que o profissional formado na UFPR saia da academia sem saber qual o seu papel diante da engenharia das florestas associada à natureza, aos benefícios sociais e ao mercado de trabalho, sempre atendendo aos princípios da sustentabilidade para a manutenção da biodiversidade no planeta.

Em 4 anos como coordenador do curso, pude presenciar, tanto no nosso curso como também em alguns outros do Brasil, o que representa currículos desatualizados, gessados em princípios jurássicos e por burocracias que os impedem de ser modificados para atender às realidades ambientais e do mercado nacional e internacional. Também percebi desvios de foco, os quais direcionaram o ensino a um rumo que não o dos princípios do engenheiro florestal.

Ocorreram, e ainda ocorrem, distorções, sendo a maioria provocada por docentes que adestram o aluno a pensar, por exemplo, que o engenheiro florestal deverá ser um biólogo, um botânico, um ecologista ou ambientalista, ignorando que essas profissões voltam os seus currículos e os seus modelos para uma formação profissional especializada.

O futuro do ensino da engenharia florestal deverá ter como base essas realidades, e o elenco das disciplinas curriculares não deverá contemplar somente os conhecimentos fundamentais de disciplinas afins, da silvicultura, do manejo florestal, da tecnologia e da economia florestal. Deverá conter disciplinas profissionalizantes adequadas às exigências das atuais realidades ambientais, atendendo às necessidades das empresas que utilizam recursos florestais.

O novo currículo do curso de engenharia florestal da UFPR foi implantado em março de 2010, com base nas Novas Diretrizes Curriculares Nacionais, e prevê o atendimento ao anteriormente citado, com instrumentos que permitem modificações isentas de desgastantes processos burocráticos. O elenco de disciplinas é composto por matérias obrigatórias, que contemplam em seus programas os conhecimentos fundamentais, aprofundados e necessários como base a outras disciplinas, chamadas de complementares, destinadas à formação profissional adequada às realidades atuais do mercado.

Foi com base em análises de resultados de consultas efetuadas a órgãos governamentais, empresas florestais, professores e alunos que verificamos, juntamente com a equipe responsável pela elaboração do novo projeto político-pedagógico, a necessidade de, além dos princípios que norteiam a formação do engenheiro florestal, incluir disciplinas de gestão florestal, organização e administração florestal, as quais permitirão aos futuros profissionais entender e administrar o equilíbrio necessário para a transferência de recursos do ambiente natural para o econômico. Na minha opinião, a engenharia florestal deve ter como foco o manejo sustentável de áreas florestais e a produção de madeiras, atendendo às necessidades econômicas e sociais.

O manejo da floresta e a aplicação de tecnologias adequadas são instrumentos econômicos importantes no contexto da política social, obedecendo a objetivos que servem de meta à economia geral, como abastecimento de mercados, geração de empregos, crescimento econômico, conservação do meio ambiente e economia externa.

Para concluir, recomendo uma reflexão sobre a realidade da qualidade dos profissionais que estão sendo formados em engenharia florestal, uma vez que as avaliações educacionais, tanto internas, de Instituiçoes de Ensino Superior, como as externas, do Ministério da Educação, têm mostrado a deficiência que os alunos, em sua grande maioria, possuem em conhecimentos de silvicultura, inventário e manejo florestal, conhecimentos esses fundamentais para o exercício profissional de um engenheiro florestal de qualidade.