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Ricardo Malinovski e Branca Ulchak

CEO e Coordenadora de projetos da Malinovski Consultoria, respectivamente

OpCP66

O auge da inteligência
O cenário atual do setor florestal é de alta competitividade, não somente entre as empresas do segmento, mas também com outras áreas, como a agricultura e a pecuária. Dessa forma, a busca por maior eficiência nos processos e a tão esperada redução de custos são unânimes em todas as áreas.

Com a evolução e a implementação de novas tecnologias embarcadas em máquinas e caminhões, surgiu um novo departamento de inteligência, e essa grande disponibilidade de dados e de informações advindas de todas as operações se transforma em vantagem competitiva para a criação de áreas de inteligência integradas. Entretanto o centro de inteligência vai muito além de captação e análise de dados. 
 
Para garantir o sucesso desse departamento, antes mesmo do uso de tecnologias, é fundamental o desenvolvimento de procedimentos operacionais bem definidos e padronizados. Tecnologicamente a evolução da área de inteligência passa de simples planilhas para o uso de BI (Business Intelligence), até o RPA (Robotics Process Automation) para a automatização de decisões rotineiras, e a inteligência artificial para a tomada de decisões complexas.

Tudo isso baseado em conhecimentos e habilidades, ou seja, as famosas hard skills e soft skills, juntamente com monitoramentos em tempo real, análises de processos e indicadores de desempenho, que permitem a obtenção de respostas de forma rápida para a tomada de decisão. 
 
A onda de transformação digital trouxe mudanças significativas nas empresas e tem acelerado muito o processo de maturação das áreas de inteligência. As principais tecnologias empregadas, hoje, são o Advanced Analytics e a  Inteligência Artificial, fazendo com que a Ciências de Dados (Data Science) seja fundamental nesse movimento, assim como o apoio de startups, centros de pesquisa, universidades, empresas privadas e instituições financiadoras de inovação.

No entanto o segmento ainda encontra alguns desafios, principalmente devido à falta de conectividade em campo, o que dificulta a transmissão de dados e o gerenciamento on time. Provavelmente, em breve, esses problemas serão sanados com a vinda da tecnologia 5G, para a qual acabou de ser dado o start com as licitações em âmbito nacional.
 
Falando especificamente da colheita e da logística, elas são as operações que geram o maior impacto no abastecimento fabril e, portanto, precisam estar extremamente alinhadas com o planejamento estratégico, tático e operacional.  

A característica mais importante dessa área é possuir uma visão estratégica integrada, identificando oportunidades e desafios que impactam a operacionalização das atividades de suprimento de madeira. O segundo fator preponderante para o sucesso dessa área de apoio é a organização das informações. O mundo gera dados o tempo todo e, nas operações florestais, não é diferente, são milhares de sensores mensurando o consumo das máquinas, produção, distâncias percorridas, e uma infinidade de softwares que disponibilizam dados e análises.

O segredo é organizar tudo isso e filtrar o que é relevante para cada condição operacional. Percebe-se que a inteligência da colheita está diretamente ligada à definição de blocos de colheita de forma otimizada, ao dimensionamento de frota por módulos, ao consumo de combustível e demais insumos, bem como à produtividade do módulo. Todos esses fatores impactam, de forma incisiva, o custo da operação. 

Já quando a pauta é estratégia de transporte, a primeira ideia que vem à mente é a redução da distância entre os pontos de interesse, entretanto essa não é a realidade das empresas de base florestal. Cada vez está mais difícil concentrar os plantios florestais próximos às fábricas; a falta de matéria-prima faz com que esse raio de transporte seja cada vez maior, aumentando ainda mais os desafios. Atualmente, o modal rodoviário é predominante nas operações de transporte de madeira, tendo seu desempenho logístico afetado principalmente pela falta de infraestrutura das estradas.

Existem algumas estratégias de desenvolvimento dos modais ferroviários e hidroviários (principalmente fluvial), mas nenhuma iniciativa concreta para o curto prazo. Portanto, já que a quilometragem baixa é um desafio difícil de alcançar, visando à redução de custos e à otimização operacional, as empresas têm buscado trabalhar com logística integrada. Esse conceito compreende conhecer em especificidade cada etapa do supply chain e monitorá-las simultaneamente, por meio da criação de fluxogramas, gerenciamento da cadeia de suprimentos, análise de KPIs, monitoramento, em tempo real, da frota, das cargas e do trajeto do frete (roteirização), tudo em plataforma on-line. 
 
Dentre as vantagens dos centros de inteligência ligados à colheita e ao transporte, a principal é monitorar as operações a fim de avaliar as metas diárias, de forma instantânea, além de parâmetros, como consumo de insumos e de combustível pelas máquinas, a rotação e a temperatura do motor, a posição geográfica, a velocidade média, o status de desempenho operacional, os ativos disponíveis ou em manutenção, entre outras informações, tudo isso auxiliando na tomada de decisão, tanto para manutenções preventivas quanto para aumento da eficiência produtiva, de forma otimizada e, consequentemente, reduzindo custos.
 
Para o futuro, espera-se o aprimoramento e a consolidação das tecnologias, como softwares de gestão, rastreabilidade de informação, além de máquinas, caminhões e processos autônomos. O auge da automação será quando não houver intervenção humana em nenhuma fase do processo, levando a ações que prevejam e corrijam qualquer queda de produção. Para isso, as informações precisam ser geradas com qualidade, transmitidas, tratadas e analisadas com muita criticidade.