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Sandro Morais Santos

Gerente de Qualidade e Meio Ambiente da Cenibra

Op-CP-25

Desenvolvimento e/ou preservação

De acordo com dados das Nações Unidas, estima-se que, a cada segundo, nascem 4,2 crianças no mundo e, ao fim do dia, serão cerca de 360.000 novos habitantes na Terra. O balanço, descontadas as mortes ocorridas por causas naturais, doenças ou acidentes, é de cerca de 200.000 pessoas. Ou seja, todos os dias, somam-se aos já existentes 6,95 bilhões, cerca de 200.000 novos habitantes, todos demandando por água, alimentos, roupas, papel, energia, habitação e outros bens e serviços necessários à sobrevivência.

Além do aumento populacional, existe uma natural e justa busca por melhorias na qualidade de vida, quer dizer, as pessoas e as nações anseiam por desenvolvimento, que pode ser entendido como o crescimento econômico associado à melhoria dos indicadores de qualidade de vida (saúde, educação, lazer, oportunidades de trabalho).

Tem-se, então, um cenário de crescente pressão sobre os recursos naturais, o que sugere uma talvez falsa dicotomia: desenvolver ou preservar? Atender às demandas da sociedade por bens e serviços ou manter intocáveis os atributos e as funções dos ecossistemas? Utilizar os recursos naturais existentes ou não fazê-lo e, com isso, não permitir que nações se desenvolvam? O problema dessa discussão é a visão extremista, tanto ambiental como econômica, que tende a polarizar a discussão e, assim, impede que haja avanços importantes para a sociedade.

E colocar em prática soluções que viabilizem o desenvolvimento, adaptando-o aos limites dos recursos naturais, parece ser a reposta para o dilema apresentado. Falar em desenvolvimento é falar em transformação, mudanças, visando à melhoria na qualidade de vida das pessoas.

O atual contexto de crise econômica global é, talvez, uma oportunidade para repensarmos os paradigmas de produção e consumo. E, se a isso associarmos uma conscientização das nações para que as taxas demográficas ocorram em níveis compatíveis com seus recursos, além de adotarmos modelos sustentáveis de produção, talvez tenhamos um caminho possível para a conciliação do desenvolvimento com a preservação.

E falar de modelo sustentável de produção é falar do setor de florestas plantadas no Brasil, que demonstra harmonizar a produção de madeira com a preservação de ecossistemas nativos em suas propriedades, além de ter as questões sociais como parte intrínseca de seu negócio, com o envolvimento efetivo da sociedade nas práticas de manejo.

E, nesse contexto, a Gestão Integrada do Território - GIT apresenta-se como uma ferramenta de planejamento e ordenamento da ocupação do território para a busca de um desenvolvimento abrangente e inclusivo, de forma a considerar todos os componentes possíveis.

Essa abordagem de gestão considera, inicialmente, a história local, com o resgate do processo de ocupação de um determinado território, e acrescenta os aspectos sociais, com destaque para o sentimento de pertencimento das comunidades daquele território. Isso é possível porque o GIT inclui as comunidades nas tomadas de decisão, e seus anseios são considerados, incluindo a melhoria da qualidade de vida e a preservação ambiental e de culturas.

Essa forma de gestão já vem sendo praticada e demonstrando ser uma ferramenta aplicável na busca do desenvolvimento de um modelo de produção sustentável. O planejamento dos espaços territoriais de atuação das empresas florestais inclui não somente as áreas de produção de madeira, de preservação ambiental e as vias de transporte até as unidades fabris, mas também o envolvimento das comunidades, cuja participação legitima ações da empresa e internaliza no manejo as demandas sociais.

Em uma abordagem voltada também para a preservação, o GIT considera e busca aplicar os conhecimentos científicos já desenvolvidos. Ciências ambientais como a ecologia de paisagem e o manejo, tendo a bacia hidrográfica como unidade de gestão, já são realidade do setor de florestas plantadas no Brasil. Como consequência, atingem-se objetivos que demonstram não apenas ser possível, mas também necessário o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.

Exemplo disso é a preservação de ecossistemas nativos que prestam importantes serviços de proteção biológica às florestas de produção. Isso ocorre porque as áreas preservadas com vegetação nativa abrigam inúmeros inimigos naturais das pragas das plantações. Trata-se de um típico exemplo em que desenvolvimento e preservação devem caminhar juntos.