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Roque Justen

Presidente da Ageflor - RS

Op-CP-10

Crescimento baseado na competitividade e na cooperação

Um excelente cenário acena para o competitivo setor florestal brasileiro, especialmente no Rio Grande do Sul. A atração de investimentos nacionais e internacionais para o solo gaúcho comprova isto. Temos condições climáticas que nos favorecem, além do esforço permanente no desenvolvimento de modernas técnicas silviculturais e de manejo florestal.

Nossas florestas produzem eucalipto em 7 anos, enquanto nossos concorrentes produzem em 50. O pinus cresce aqui 10 a 20 vezes mais rápido que no Canadá. Além disso, temos logística. O estado possui um porto em Rio Grande, ponto estratégico, quando se pensa em exportações para Ásia - principalmente na China e Índia, que são os potenciais consumidores de madeira e fibra de celulose.

Mas, esta situação vantajosa que temos também é resultado do esforço de cooperação que une diferentes setores, em direção ao desenvolvimento. Vejamos dois exemplos. No início de 2003, o Comitê da Indústria de Base Florestal e Moveleira da Fiergs, Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, formado por seis entidades setoriais, reuniu-se com o Governo do Estado para apresentar a proposta de criação de um programa para alavancar o setor de base florestal do RS.

O governo gaúcho acolheu a proposta e, com recursos do Fundeflor, Fundo de Desenvolvimento Florestal, foi contratada a Universidade Federal de Santa Maria, para realizar os estudos necessários à sua elaboração. Com a denominação de Programa Floresta Indústria-RS, foram delineadas metas relacionadas ao aumento da base florestal, modernização e ampliação das indústrias existentes e atração de novas indústrias.

Percebeu-se que tal iniciativa poderia servir para planejar o adensamento de empresas de diferentes escalas e a expansão da base florestal em todo o estado, na forma de Arranjos Produtivos Locais, assegurando a utilização sustentável do seu potencial e agregando maior valor aos produtos e serviços, dessa importante cadeia produtiva.

Uma base florestal que não se destina apenas a abastecer as indústrias de celulose no estado. O setor tem condições de consolidar uma cadeia produtiva que contemple madeireiras, fábricas de móveis e painéis, assim como usinas de biomassa. Esta cadeia de empreendimentos pode se formar ao redor dos grandes fabricantes de celulose (e aqui teremos pelo menos três), envolvendo desde fornecedores, até clientes do setor.

É possível agregar novas indústrias, voltadas à produção de chapas de MDF, insumos químicos e máquinas agrícolas, especializadas em manejo das florestas. Empresas âncoras também podem dedicar parte de suas bases florestais para o múltiplo uso. Para isso, algumas áreas teriam que estender o seu ciclo. Dessa forma, as árvores cresceriam o suficiente para serem divididas, com cada parte da planta sendo destinada a um tipo de indústria: celulose, painéis, madeireira e biomassa.

A disponibilidade de matéria-prima permitiria a instalação de outras atividades econômicas, em torno dos investimentos das indústrias da celulose, desde pequenas madeireiras, até indústrias de móveis de grande porte. Ao mesmo tempo, produtores independentes formariam um estoque de matéria-prima disponível, para todo o arranjo produtivo. Isso poderia consolidar um cenário de remuneração adequada da produção florestal. E as indústrias integradas ao arranjo produtivo poderiam ampliar sua produção, sem precisar comprar novas áreas para plantio.

O segundo exemplo é a parte já implantada deste primeiro programa apresentado. Baseado no conceito de esforço de cooperação de diversos agentes que o Floresta Indústria-RS propõe, um grupo de empreendedores do plantio de pínus trabalha, agora, unido, na busca do crescimento mútuo. Através da Associação Gaúcha de Empresas Florestais, estes empresários deram início ao Competpinus, Programa de Manejo Sustentável, para a Competitivi-dade da Indústria do Pínus no RS.

O plano receberá recursos da iniciativa privada e deverá contar com parcerias de entidades, universidades e governo estadual e municipal. Estão propostas ações, como a restauração e conservação da biodiversidade, controle de incêndios, controle de pragas e doenças, pesquisa e desenvolvimento genético, capacitação tecnológica, desenvolvimento de mercado, entre outras. Quem vai decidir as ações prioritárias são seus participantes.

Além do estabelecimento deste sistema de coordenação e cooperação entre agentes econômicos, instituições de pesquisa, fomento, prefeituras e outros órgãos, o que se espera alcançar com o programa do pínus é a consolidação dos plantios de modo sustentável, a construção de propostas de ordem legal e institucional, que garantam sua competitividade, e a ampliação da pesquisa científica e tecnológica, ligada ao seu cultivo e beneficiamento. O desenvolvimento da iniciativa será de significativa importância para as regiões do litoral e serra gaúcha.

Temos hoje uma cadeia de base florestal já consolidada e com um enorme potencial. Temos também o esforço de vários agentes, cooperando para o nosso crescimento. É preciso apenas contemplar aspectos sociais, econômicos e ambientais, sob o mesmo peso. Precisamos ter marcos legais claros e permanentes, que assegurem tranqüilidade aos empreendedores, sem distinção de grandeza e, acima de tudo, coerentes com a realidade que se equilibra no princípio da sustentabilidade. Se assim agirmos, seremos “modelo para toda Terra”.