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José Eduardo Petrilli Mendes

Pesquisador Sênior da Fibria Celulose

Op-CP-29

O manejo integrado de pragas e a certificação florestal

Com o advento da globalização, da abertura e do crescimento de mercados internacionais, dos grandes acordos comerciais e da criação de grupos de livre comércio, a venda de commodities em geral, dentre elas a celulose, atingiu níveis elevados nos últimos anos, período em que novas plantas industriais entraram em operação.

Atrelados ao aumento da demanda por celulose, estão o aumento da consciência coletiva relacionada ao meio ambiente e à sustentabilidade da produção e dos negócios e, consequentemente, das cobranças em relação à padronização produtiva, qualidade dos produtos, respeito ao homem, à sociedade e ao meio ambiente.

Nesse cenário, a certificação florestal demonstra o cumprimento de padrões dos processos produtivos, pautados em normas, princípios e critérios preestabelecidos. Como exemplos, podem-se citar o FSC - Forest Stewardship Council e o Cerflor, além das normas ISO e OHSAS.

O setor florestal brasileiro se destaca em escala mundial em função das altas produtividades obtidas e das tecnologias produtivas empregadas. O MIPF - Manejo Integrado de Pragas Florestais se destaca como uma ferramenta fundamental à viabilidade dos plantios comerciais altamente produtivos. Como pilares básicos de sustentação do MIPF, podem ser citados:

 

  • O planejamento de plantio, por meio do manejo da paisagem, prioriza a diversidade biológica, a conectividade entre áreas de conservação, os mosaicos genéticos e por idades, as unidades de manejo por bacias hidrográficas e os direcionadores de colheita;
     
  • A recomendação de materiais genéticos para o plantio leva em consideração, além das características tradicionais do melhoramento clássico florestal, as fenotipagens em condições controladas para as principais pragas e doenças do eucalipto, a verificação de adaptação aos sítios de plantio, complementada ainda pela instalação de campos de prova para doenças de grande importância, evitando o plantio de clones que sejam suscetíveis aos principais desafios fitossanitários da cultura;
     
  • As práticas de manejo são sempre as mais adequadas aos locais de plantio, incluindo diferentes formas de preparo do solo, com base em análises físicas e do relevo, priorizando o uso do cultivo mínimo. O espaçamento de plantio é variável de acordo com a capacidade dos sítios, e as fertilizações são baseadas em análises químicas do solo.
     
  • A adequação dos níveis nutricionais das plantas é monitorada e corrigida quando necessário. Sempre que possível, os resíduos da colheita anterior são mantidos na área. O manejo por talhadia é recomendado apenas para clones com bom status fitossanitário, e o manejo de matocompetição é realizado mediante avaliações prévias e com técnicas adequadas para cada situação;
     
  • Os monitoramentos populacionais das pragas, feitos de forma personalizada por região de atuação e por praga alvo, por sistemas especialistas, de forma customizada, têm como foco definir onde, quando e como devem ser tomadas ações de manejo. Adicionalmente, materiais de suporte à diagnose fitossanitária estão disponíveis online para consulta;
     
  • O controle natural das populações é privilegiado pelas ações já mencionadas, favorecendo o equilíbrio biológico. Os controles biológicos clássico e aplicado são as primeiras ações a serem tomadas, atuando sempre nos momentos adequados para a sua aplicação;
     
  • O controle químico é a última alternativa aplicada no MIPF, onde são usados produtos seletivos, de alta eficácia, que tenham as melhores características de segurança ambiental e ocupacional possíveis e nos melhores níveis de localização; e
     
  • As premissas de aplicação do MIPF são convergentes com os requisitos de certificação florestal e devem ser aplicadas em qualquer empreendimento florestal. Essa aplicação atende plenamente aos requisitos das certificações florestais e à maioria das condicionantes dos processos de derrogação de químicos do FSC (autorização para uso temporário de um produto considerado “altamente perigoso” pelo FSC, mediante o atendimento de condicionantes vinculadas à sua aplicação).