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Arthur Rizzardo Zanardi

Gerente de Projetos da Bracell

Op-CP-60

Fazendo diferente e melhor
Em 2017, um vídeo na plataforma TED me despertou um sentimento bastante forte. Motivado pela luta incessante de sua mulher contra um câncer, o engenheiro da IBM Joshua Smith buscava desenvolver um detector precoce de células cancerígenas, baseado em nanobiotecnologia, que fosse possível ter em casa.

Contando a sua experiência, ele cita números impressionantes: 40% das pessoas na população em geral terão câncer em algum momento da vida e apenas 50% delas sobreviverão. Já imaginou quanta felicidade está guardada no sucesso dessa ferramenta? Quantas famílias poderão ser mais felizes e quantas vidas poderão ser salvas?

Não existe propósito mais belo do que o de salvar vidas. E a tecnologia tem um papel fundamental nisso. Evolução e tecnologia são duas palavras completamente interdependentes. Não há evolução sem tecnologia e não há tecnologia sem haver evolução. Quanto maior é o uso da tecnologia, ou seja, quanto mais aplicamos o conhecimento científico para fins práticos, melhor, mais rápido e mais eficiente será o processo evolutivo.
 
A humanidade passou por diversos momentos em que pequenas ou mais relevantes revoluções tecnológicas romperam com a realidade até então para gerar algo melhor, com mais valor. Há um milhão de anos, descobrimos o fogo. Há vinte mil anos, houve a revolução neolítica, quando o homem transitou de caçador solitário para agricultor que vive em comunidades.

Depois, houve a descoberta da irrigação, da navegação, do aço, do relógio mecânico, da impressora, da fotografia, do telégrafo, do telefone, da luz elétrica, do automóvel, do rádio, do avião, da televisão, do computador, da energia nuclear, do voo espacial, do computador pessoal, da internet, da inteligência artificial.

Em cada um desses momentos, nós descobrimos uma forma melhor de fazer algo. A evolução da sociedade, portanto, só foi possível graças à tecnologia. Olhando para o passado, o século XX foi o século da revolução industrial, em que as empresas eram reconhecidas pelos seus ativos fixos e pela maximização da capacidade produtiva.

A eficiência em produção era a chave para garantir o sucesso e a perenidade das empresas. Já recentemente, o século XXI é o da revolução digital. O ativo físico deu lugar à eficiência na gestão dos dados, na velocidade de transformação dos números em informação, na conectividade allways on e, principalmente, no olhar fundamental para o cliente.

Toyotas e Fords deram lugar a novos protagonistas, como Ubers e Airbnbs. Kodaks e Blockbusters ficaram para trás, pois não acompanharam a evolução tecnológica. O objetivo mais universal da tecnologia é o de resolver problemas. Basta-se ter uma questão sem solução aparente, que a tecnologia é empregada para tentar resolvê-la.
 
Foi assim, por exemplo, que surgiram as fintechs, instituições financeiras que usam de tecnologia para resolver os problemas de seus clientes. O Nubank nasceu para mitigar várias dificuldades enfrentadas por clientes de banco, como as filas, a demora nos atendimentos, complicação e burocracia.

Outro exemplo, mas fora do mundo financeiro, é o iFood, que surgiu para facilitar, dentre outras coisas, a conexão entre clientes e restaurantes. Podemos citar inúmeros outros exemplos nos quais a tecnologia foi empregada para solucionar problemas, melhorar processos e gerar mais valor ao cliente.

É fundamental salientar as palavras “geração de valor”. Ou seja, de nada adianta a tecnologia se ela não for capaz de gerar valor.  No agronegócio, o tema tecnologia está em voga de diversas formas, mas a principal delas recebe o nome de Agricultura 4.0. Segundo afirma Silvia Massruhá, chefe-geral da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na revista Pesquisa FAPESP, de janeiro de 2020, a agricultura 4.0 é a conexão, em tempo real, dos dados coletados pelas tecnologias digitais, com o objetivo de otimizar a produção em todas as suas etapas, e representará a chegada da Internet das Coisas (IoT) ao campo. 
 
Segundo a mesma revista, o uso de tecnologias da informação vem transformando o agronegócio, pois o processo decisório, antes baseado na tradição, experiência e intuição, passou a ser apoiado em informações mais precisas e em tempo real. Nos últimos anos, sensores terrestres, drones, sistemas de rastreamento via satélite e outros dispositivos foram introduzidos no ambiente rural para coletar dados referentes às variáveis que influenciam a produtividade, como características do solo, variação climática e incidência de pragas.

Tratores e máquinas agrícolas são equipados com sistemas que permitem seu monitoramento e operação remotos, beneficiando o manejo da lavoura. Softwares auxiliam a gestão dos dados. Agora, a interconexão desses recursos gera novos impulsos ao agronegócio. Dentro do agronegócio, o setor florestal tem se destacado pela velocidade com que os avanços tecnológicos aconteceram nos últimos anos. 
 
Há trinta anos, o plantio e a colheita florestal eram preponderantemente manuais. Hoje, além da alta mecanização das atividades, novas tecnologias têm ajudado o setor a tornar a gestão das florestas cada vez mais eficiente e sustentável. Exemplos, como a utilização do LiDAR (Light Detection And Ranging) para inventários florestais, de drones para avaliação de áreas novas e sistemas de precisão para aplicação de insumos, são apenas algumas dentre muitas das tecnologias atuais e que ainda estão sendo testadas para aperfeiçoamento. 
 
Ainda assim, os desafios a serem superados são enormes. Em geral, na maior parte do Brasil, há uma necessidade urgente de investimento em infraestrutura nas florestas para que tenhamos conectividade mínima que seja adequada para o tráfego de dados e informação. O cenário de trabalho, portanto, tem mudado de forma exponencial.

A importância da tradição e da experiência, a necessidade de especializações em técnicas de trabalho repetitivo ou braçal, a dificuldade e imprevisibilidade nas tomadas de decisão por falta de dados, tudo isso tem se transformado de forma cada vez mais acelerada. O novo cenário de trabalho exige novas formas de pensar, de avaliar, de fazer.

Teremos sucesso nas nossas ações se nos propusermos a incrementar a nossa capacidade analítica, melhorar a gestão dos dados, buscar maior precisão nas tomadas de decisão, buscar a antecipação de problemas e soluções de mitigação, buscar, incessantemente, o diagnóstico precoce. A chave para tudo isso é a tecnologia.

Assim como o exemplo de Joshua Smith, que, por meio da tecnologia, buscava uma solução de diagnóstico precoce de uma doença devastadora e que fosse do alcance de todos, a cada dia, o novo cenário de trabalho impõe aos profissionais o emprego da tecnologia, seja para gerar mais valor ao negócio, aos clientes, ou à sociedade em geral. Com o avanço da tecnologia, inúmeras oportunidades de fazer diferente e de fazer melhor ainda virão, e todos nós devemos nos preparar para isso.