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Wagner Alípio Lopes

Gerente de Negócios da Evonik Degussa

Op-CP-29

O uso eficiente da água

O uso da água na agricultura é um fator limítrofe à produção de qualquer cultura, sendo sua disponibilidade em qualidade e quantidade um grande diferencial em projetos agrícolas e florestais de sucesso. A exploração das terras agricultáveis tem causado confronto com as necessidades de sustentabilidade dos ecossistemas. A produção agrícola e florestal irrigada tem despontado como opção que visa ao uso racional dos recursos hídricos disponíveis.

Dito isso, o manejo racional da água não somente traz benefícios ecológicos como também reduz os custos de produção, gerando maior lucratividade aos empreendimentos rurais. O desenvolvimento industrial das famílias de polímeros chamados “superabsorventes” data da década de 1980, quando se passaram a utilizar tais produtos em larga escala na produção de artigos de higiene, como as fraldas descartáveis e os absorventes femininos.

Esses produtos se diferenciam pelo alto grau de oclusão da água em sua estrutura química, o que permite aos seus usuários conforto e garantia de produtos “secos” no uso diário.

Com o avanço da tecnologia de fabricação dessa indústria, também se desenvolveram novas linhas de “superabsorventes”, desenhadas especificamente para aplicações em embalagens, extinção de incêndio e condicionadores de solo para uso agrícola, florestal e no paisagismo.

Nessa última classe mencionada, destacam-se os polímeros à base de Poliacrilato de Potássio, capazes de absorver até 300 vezes seu peso em água e liberá-la às plantas no campo e ao solo. Tal propriedade é denominada, conforme o Ministério da Agricultura, CRA ou Capacidade de Retenção de Água. Devido à sua estrutura química, o cátion potássio é potencialmente disponibilizado por troca iônica com o meio, permitindo, assim, dispor de outra propriedade denominada CTC ou Capacidade de Troca Catiônica.

Age, portanto, como uma reserva hídrica essencial no transplante de mudas para o campo, reduzindo o estresse do plantio, os efeitos da estiagem e auxiliando no estabelecimento da cultura, disponibilizando nutrientes. Por meio da melhoria das propriedades do solo via osmose e de acordo com a demanda da planta, auxilia no crescimento da raiz e da sua parte aérea.

Por serem degradáveis, falamos de produtos seguros à planta, ao manuseio e, ainda, ao meio ambiente. A partir da década de 1990, iniciou-se o desenvolvimento dessa nova tecnologia no uso desses produtos na agricultura e no reflorestamento, por recomendações originárias de empresas na África do Sul e EUA.

Popularmente conhecido como “gel”, devido à aparência quando hidratado, passou a ser, então, avaliado por diversos institutos de pesquisa e universidades, buscando adaptar seu uso à nossa realidade, inclusive no plantio de nativas, atendendo às exigências do Código Florestal.

Num setor industrial caracterizado por altas demandas de plantio e suprimento de madeira para indústrias de celulose e papel, carvão, siderurgia, madeira e afins, acrescidos de condições climáticas crescentemente adversas, essa tecnologia veio ao encontro das necessidades de campo.

Devido à alta capacidade de absorção de água e aos repetidos ciclos dessa absorção, o mercado ganhou uma nova ferramenta para a “irrigação” de plantio durante estações secas, o que permitiu a redução de custos por diminuição da frequência dessa operação.

Permitiu ainda que se otimizasse o uso das equipes de irrigação em outras frentes, além de reduzir o transporte de água no campo. Evidentemente que novas tecnologias pioneiras, como essa, encontraram dificuldades, principalmente na implementação operacional, pois buscaram manter a produtividade e o padrão de plantio de campo.

Assim, nasceu a parceria com fabricantes de equipamentos, que auxiliaram a promover a aplicação adequada desses produtos. Sistemas dosadores, plantadores e aplicadores foram criados para atender à nova demanda, dessa vez, associada à ergonomia, além da qualidade e da produtividade em áreas extensivas. Nesse contexto, podemos dizer que o Brasil se tornou referência mundial, disseminando essa tecnologia a outros países por ter alcançado um nível diferenciado e único no plantio florestal semimecanizado.

Evidentemente que, apesar de determos, hoje, esse estado da arte, ainda se busca a redução dos custos operacionais da silvicultura. Dessa forma, os próximos passos estão alocados na direção da mecanização e do atendimento às necessidades das empresas nas novas fronteiras agroflorestais em um País, de fato, continental.