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Paulo Eduardo Rocha Brant

Presidente da Cenibra

Op-CP-42

Um desenvolvimento justo e perene
Afora as adversidades enfrentadas em função da gravíssima crise, de múltiplas dimensões, que atinge o País, o Brasil é uma terra reconhecidamente fértil em diversas vertentes; tem vocação para produção de florestas; é privilegiado pela dimensão territorial e condições favoráveis, como abundância de luz, calor, períodos de chuva distribuídos ao longo do ano, tecnologia de ponta, maior produtividade e qualidade mundial.

Parafraseando Gonçalves Dias na “Canção do exílio”, posso dizer que as árvores que aqui crescem e se desenvolvem não se desenvolvem como lá, em outros países. Nesse sentido, é importante a sociedade compreender que, no setor de árvores plantadas brasileiro, está o rumo sustentável para uma solução efetiva frente à demanda global por fibras, energia e bioprodutos. Sendo assim, a adoção segura de tecnologias inovadoras e processos otimizados é fundamental para obter resultados que possam evoluir em um continuum.

A premissa para o desenvolvimento das tecnologias e processos necessários é romper paradigmas com boas ideias e integrar as gerações em prol de um futuro palpável, onde há ordem no progresso sustentável, gerando valor (e não apenas riquezas) para todos. As perspectivas para o crescimento do setor são animadoras e extremamente possíveis. No País, são aproximadamente 7,7 milhões de hectares de árvores plantadas, correspondendo a apenas 0,9% do território nacional.

Uma leitura preliminar da paisagem brasileira já indica que o País possui grandes áreas antropizadas e subutilizadas. Apenas com a conversão da pecuária extensiva para o modelo de confinamento controlado, estima-se a liberação de 70 milhões de hectares para outras atividades de manejo responsável. Diante da possibilidade de expansão, as organizações devem refletir quanto ao comportamento da sociedade e seus anseios por produtos com uma cadeia produtiva limpa, em que recursos são usados de forma equilibrada e responsável.

O próximo, e até mesmo simultâneo passo, é pesquisar, compreender e utilizar o potencial de aplicabilidade e transformação da madeira, especialmente de eucalipto. Trata-se de avançar em inovação com uma produtividade focada em alavancar a participação em novos mercados, mesmo que ainda incipientes. Para isso, a aplicação da ciência e o alinhamento com  as instituições científicas são fundamentais. A promissora nanocelulose, por exemplo, está em ritmo acelerado de pesquisas nas instituições. 

 
Embora a implantação dos nanocristais de celulose no mercado mundial em larga escala comercial esteja distante, há quem defenda que a nanotecnologia da madeira será uma alternativa aos plásticos em determinadas aplicações. Portanto a sociedade deve entender que o setor de árvores plantadas não concorre com a produção de alimentos, mas a complementa na medida em que apresenta produtos essenciais ao cotidiano a partir de fontes renováveis.

Seja qual for a direção escolhida pelas empresas, é importante manejar com responsabilidade os recursos naturais e buscar vencer o desafio de equilibrar os custos de produção, as adversidades operacionais e climáticas, bem como o atendimento a uma legislação cada vez mais restritiva e burocrática, no famigerado sentido da palavra. Decisões como a restrição, desde 2010, determinada pelo parecer da Advocacia Geral da União (AGU), que impõe limite para a compra de terras pelo capital estrangeiro, com base na Lei n° 5.709, de 1971, mesmo que seja revertida, gera insegurança jurídica, impactando fortemente a confiabilidade e os investimentos estrangeiros, especialmente os de longo prazo.

O efeito em cadeia dessa regulamentação interfere no desenvolvimento do País tanto em relação à preservação da biodiversidade quanto à geração e à distribuição de renda. O modelo econômico contemporâneo tem apresentado nuances de uma orientação determinada pela demanda final do consumidor. A partir de análise de especialistas, como Mark Dutz (economista-chefe do Dpto. de Práticas de Comércio e Competitividade Global do Banco Mundial), que define as quatro forças que orientam o cenário econômico mundial, como competitividade, abertura, conectividade e capacidade, torna-se evidente a necessidade de uma reorientação no posicionamento do Brasil.

O País precisa se integrar às cadeias globais de valor sem perder sua identidade, mas promovendo a expansão e permeabilização das fronteiras do conhecimento, das relações institucionais e comerciais. O Brasil precisa estar cada vez mais alinhado com o que há de inovação no mercado, de forma a buscar competir sem perder conquistas sociais históricas que confirmam a sobriedade e a responsabilidade da iniciativa privada, em especial das empresas de base florestal, como a Cenibra. Aqui, priorizamos a conservação dos biomas e a revitalização de áreas verdes, aliadas a investimentos em tecnologias para uma produção limpa, segura, eficiente e rentável. Não há dúvida de que as empresas ou setores que não introjetem esse aspecto como um valor cultural estão fadados à estagnação e até mesmo ao colapso comercial.