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Boris Tabacof

Vice-presidente da Suzano Papel e Celulose e do Conselho Superior de Economia da Fiesp

Op-CP-01

Ocupando espaços políticos na arena global

A Bracelpa vem ampliando sua atuação internacional, porque há um movimento muito intenso de crescente inter-relacionamento entre países e blocos geoeconômicos que, se não for monitorado e não nos tiver como agentes, poderá afetar duramente os interesses das nossas empresas. Para evitar isto, é indispensável influirmos competentemente, desde sua base, em todos os detalhes, que são em grande número e abrangem uma multiplicidade de aspectos, podendo produzir conclusões a nosso desfavor.

No passado, a indústria de celulose e papel, em cada país produtor, estabelecia individualmente seus próprios critérios de instalação, crescimento e mercado, saindo a seguir, fronteiras afora, para vender seus produtos. Com a globalização do setor, passou-se a olhar, com mais cuidado, as relações de equivalência entre os fabricantes dos diversos países e a disputa pelo mercado começou a considerar, além de qualidade e preço, também os atributos ecológicos e sociais, que se tornaram requeridos.

A globalização total, agora em curso, sofistica e agudiza este processo, criando a imperiosa necessidade de que cada fabricante, representado coletivamente por sua associação de classe, mantenha-se muito bem informado sobre sua evolução. E também para que tenha condição de influenciar as conclusões globais sobre todas as demandas sociais, ecológicas e de produção, de forma a manter-se perfeitamente sintonizado, a fim de poder ampliar sua presença e participação nesse grande mercado global, que já é uma realidade para nosso setor.

A Bracelpa tem, por isso, procurado expandir sua presença nos fóruns internacionais, para fazer valer nossas posições e influir nas decisões, respaldada por todos os aspectos relevantes de modernidade de nossa indústria, duramente conquistados nas últimas décadas e cujos avanços são mundialmente reconhecidos. Nesses fóruns internacionais, constroem-se, hoje, premissas sobre diversos aspectos que geram impacto sobre o setor, cuja resultante poderá vir a constituir barreiras comerciais de múltiplos tipos.

Não é por outra razão que as associações representantes de países como os EUA, Canadá, União Européia e Japão – para citar apenas alguns – trabalham arduamente para estabelecer critérios que favoreçam seus fabricantes, nesta grande construção de termos de referência, que se converterão em padrões universais. Nesse ambiente de gigantes, a indústria brasileira de celulose e papel tem volume e escala relativamente pequenos – o que poderia circunscrever-nos a uma função coadjuvante.

Apesar disso, um conjunto único de importantes fatores positivos torna nossa posição peculiar e nos permite esta luta, para que nos situemos entre os protagonistas. A qualidade world class de nossos produtos já é amplamente reconhecida. O respeito à natureza e o importante papel social do setor são realidades, cuja percepção solidifica-se continuamente.

E as vantagens competitivas naturais de nossa indústria florestal, aliadas à nossa tecnologia, completam um quadro que nos assegura lugar de destaque, ao lado dos astros principais. Dispomos, portanto, como se reconhece, de todos os atributos empresariais necessários para exercer papel de destaque global no setor. Ao atuar intensamente nos fóruns internacionais, o que estamos ampliando é a ocupação de espaços políticos.

E, no processo, ajudando também a criar condições para atrair financiamentos e investimentos, destinados a incrementar nossa produção. Por essa razão, a Bracelpa participa ativamente da Confederação Industrial de Celulose e Papel Latino-Americana (Cicepla); do International Council of Forest and Paper Associations (ICFPA); e do Advisory Committee on Paper and Wood Products da FAO/ONU, onde tenho a honra de exercer a Presidência.

Temas discutidos nestes fóruns, como a exploração ilegal da madeira, as mudanças climáticas, a certificação florestal e a adesão ao Pacto de Kyoto, podem parecer, a uma visão superficial, excessivamente distantes dos interesses de nossas empresas. No entanto, são questões como estas que serão as colunas mestras – e parâmetros de entendimento – nas mesas de negociação dos blocos em formação, às quais seremos cada vez mais chamados a nos sentar. Visão estratégica e dedicação em pavimentar o caminho das boas relações empresariais dos nossos associados, assegurando a equalização dessas premissas, com o interesse da nossa indústria, é o foco da intensa atuação internacional da Bracelpa.