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Gustavo Dobner dos Santos

Gerente Florestal da Caxuana Reflorestamento

Op-CP-22

A silvicultura do futuro começa hoje

Num cenário de competitividade global acirrada, constantes mudanças e busca por altas taxas de retorno em curto intervalo de tempo, como conciliar investimentos em florestas plantadas – uma cultura com retorno esperado entre 5 e 7 anos, no caso de eucaliptos, e 12 a 18 anos, no caso de plantios de pinus? Traçar o caminho da silvicultura não é tarefa fácil.

Apesar de a produtividade brasileira estar entre as mais altas do mundo, o futuro se mostra extremamente desafiador. A viabilidade econômica, social e ambiental de projetos de reflorestamento é o resultado de um esforço de produção, e, assim sendo, a madeira, na grande maioria dos casos, precisa remunerar essas despesas para que haja continuidade dos processos.

Somam-se à madeira outros produtos florestais não madeireiros, como resinas, óleos essenciais, frutos, sementes e extrativos. De forma ainda incipiente, mas com grande potencial de crescimento, também podemos contabilizar serviços ambientais, como regulação climática, proteção de solos e mananciais, potencial de turismo, mercado de carbono, entre outros.

No entanto, para que haja resultado satisfatório, é preciso obedecer a algumas regras, e gerenciar os custos de produção é tão óbvio quanto importante. Qual o desvio das nossas ações em relação à meta? Quantas mudas perdemos no viveiro? Quantos hectares precisam de replantio? Quantos metros cúbicos de madeira deixamos de produzir sem que fossem necessários investimentos adicionais? Definido o plano de ação, precisamos executá-lo com eficiência, e monitorar as operações é uma ferramenta de ajuste de rota e garantia de cumprimento dos objetivos.

É necessário estar atento às mudanças, desenhar novas formas de realização e incorporar as melhorias de processo no dia a dia das operações. O ganho operacional potencial é enorme. Plantamos 100% das mudas de determinada área e, em raríssimos casos, colhemos os mesmos  100%. Muitas mudas não se desenvolverão e não formarão árvores.

Além dos fatores operacionais, somam-se os fatores ambientais da atividade. Trabalhamos com recursos naturais. Em uma visita recente a áreas de florestas plantadas no estado do Rio Grande do Sul, fiquei surpreso com o bom desenvolvimento dos materiais genéticos plantados ali, não tanto pela boa produtividade, mas sim pelo fato de que esses mesmos materiais também obtêm bom desempenho em plantios em estados como São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul e Goiás, ou seja, em situações de clima e solo completamente diferentes.

Diante desse fato, é inevitável questionar: qual é realmente o potencial genético das espécies florestais com as quais estamos trabalhando hoje? Uma coisa é certa: a natureza é poderosa e complexa, e devemos respeitá-la e agir com sabedoria. Da mesma maneira que somos surpreendidos positivamente, nos deparamos com outro fato importante que vem ocorrendo nos plantios de eucaliptos: o potencial de dano que novas pragas e doenças estão provocando em todo o Brasil.

Está claro que devemos nos preparar melhor para combater essas e outras mais que surgirão. A convivência daqui para frente é inevitável, e devemos aprimorar as técnicas de manejo e seleção de material genético. O percevejo-bronzeado, por exemplo, em pouco tempo já foi identificado nas grandes áreas de florestas plantadas do País, com registros de danos.

O investimento de florestas plantadas no País está crescendo, atraindo desde grandes grupos nacionais e internacionais até pequenos e médios produtores. Entender melhor as perdas e os ganhos, investigar suas causas e propor mudanças é fundamental. E, nesse quesito, a pesquisa proporcionou grandes avanços à silvicultura. Precisam ser mantidos investimentos nessa área, pois uma nova fronteira está sendo explorada.

Combinar as melhores práticas de manejo em 100% do tempo é o objetivo dos silvicultores, porém, na prática, gerenciar todas as variáveis não é tarefa fácil. Exige competência, conhecimento e um time de profissionais comprometidos. A silvicultura incorpora tecnologia a cada dia que passa, se tornando mais específica. É preciso estar informado e atento às oportunidades. Se nada for feito, os custos sobem, o retorno cai, e perdemos competitividade. Devemos ser questionadores, criativos e dinâmicos, pois a solução dos problemas passa por nossas mãos. A silvicultura do futuro começa hoje.