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Mauricio Bicalho de Melo

Diretor Operacional da ArcelorMittal BioFlorestas

Op-CP-25

O equilíbrio é o caminho para o desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento e/ou preservação. Essa não é uma questão de impasse. É uma necessidade inquestionável para nosso futuro. Crescer e desenvolver são essenciais para gerar riqueza, mas a preservação do nosso entorno é imprescindível. Não destruir o meio ambiente é vital para as presentes e futuras gerações. 

Em nosso setor florestal, existe um potencial enorme de desenvolvimento sustentável. Caminhando pelo interior do País, vejo imensas áreas de terras sem nenhuma utilização econômica, nenhuma cultura; muitas vezes, sequer pastagens são encontradas.

Esse desperdício do potencial gerador de riquezas incomoda. Temos um país de dimensões continentais, excelentes recursos naturais, insolação abundante, muita água e solo fértil. É nossa obrigação transformá-lo, gerar riqueza e permitir que seu potencial seja explorado de forma racional.

Temos, sim, que saber fazê-lo, de forma sustentável, sem comprometer o meio ambiente ou transferir ônus perversos para as próximas gerações. Tenho convicção de que é possível fazê-lo dessa forma, e esse é o único caminho que temos adiante. Não gosto de posicionamentos extremistas, sejam eles desenvolvimentistas ou ambientalistas.

Os extremos não ajudam a construir um caminho de consenso, de equilíbrio entre as situações de desenvolvimento e preservação. O meio ambiente não deve ser encarado como intocável. Assim, estaríamos na mesma situação quando aqui chegaram os portugueses, em 1500. Existe um equilíbrio saudável entre o que podemos e como devemos modificar o meio que queremos instalar para a geração de prosperidade.

Em nosso setor, plantamos árvores, cobrimos a terra de verde, cultivamos florestas. Instalamos uma massa verde onde, muitas vezes, não existia mais que um solo pobre, recoberto por uma vegetação rala e pouco significativa. Transformamos a terra de baixa produtividade em uma atividade geradora de riquezas, que irá beneficiar pessoas ao seu redor. 

A terra é sim, um bem escasso. A produção florestal e a agropecuária são setores produtivos que demandam os maiores volumes de terra do País, apesar de ocuparem, juntas, um percentual menor que as áreas não produtivas, ocupadas pelas reservas indígenas e unidades de conservação.

O Brasil, na posição de terceiro maior produtor agrícola e nono maior detentor de florestas plantadas do mundo, tem a obrigação de desenvolver políticas que estimulem o equilíbrio razoável entre preservação e produção florestal. Essas políticas deveriam incentivar os ganhos de produtividade na produção agropecuária e florestal, evitando novos desmatamentos e suas consequências na geração de gases do efeito estufa.

Em seu Anuário Estatístico de 2011, a ABRAF mostrou que, em 2010, a área total de florestas plantadas de eucalipto e pinus no Brasil atingiu 6.510.693 ha, apresentando um crescimento de 3,2% em relação ao total de 2009. Esse aumento é considerado modesto, tendo em vista o crescimento médio anual de 4,5% no período de 2005 a 2009.

Essa área plantada representa aproximadamente 1% da cobertura florestal brasileira. Volto a insistir nesse ponto de vista em que o conflito de desenvolver e preservar tem que ser gerenciado e conciliado da melhor forma entre os múltiplos atores. Não podemos deixar de desenvolver, não podemos deixar de criar riquezas.

Temos que ser sábios em fazê-lo buscando o mínimo impacto ambiental e preservando as riquezas naturais. É possível, sim, desenvolver preservando o meio ambiente. A legislação vigente e a que está atualmente em discussão estabelecem limites de preservação que são condições mínimas para a convivência harmônica entre o desenvolvimento e a preservação de áreas ocupadas pela produção agropecuária e florestal.

O respeito à mata nativa, aos fluxos de água, aos topos de morros, às encostas, aos mangues, enfim, às áreas consideradas de elevada importância ambiental, é inquestionável.  O uso do potencial da terra para a geração de riqueza também deveria ser inquestionável. Encontrar o equilíbrio entre esses dois caminhos nos habilitará a sermos melhores geradores de riqueza. Para todos.