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Élio Nunes

Gerente Corporativo Operacional da ArcelorMittal BioFlorestas

Op-CP-24

A nova fronteira pode ser aqui

Em 2005, estudamos alternativas de expansão dos nossos plantios de florestas renováveis de eucalipto, para atender ao crescimento de nossa demanda interna. Como conclusão, decidimos implantar um Programa de Parceria Florestal na Região de Juiz de Fora-MG, motivados por ser um polo de entrega de nosso produto, biorredutor (carvão vegetal) produzido com madeira de floresta renovável de eucalipto, e não dispormos de nenhuma atividade florestal na  região.

Local privilegiado, servido de boa infraestrutura, população com índice elevado de cultura e informação. Na região, há quatro universidades federais, incluída universidade para formação e influência na área agrária.

Estabelecemos nosso programa considerando todas as nuances relativas à sustentabilidade, realizamos estudos na região da Zona da Mata e Vertentes, bem como dezenas de reuniões com formadores de opinião, líderes de todas as áreas da sociedade, empresários, políticos, religiosos, acadêmicos, ruralistas, ONG’s, dentre outros, visando mostrar o programa, debatê-lo e aperfeiçoá-lo dentro das demandas, realidades e expectativas regionais.

Estratégias foram elaboradas para obter aprovação de venda de crédito de carbono, via Tratado de Kyoto, visando ao aumento de receita dos fazendeiros parceiros. Participamos ativamente na construção da primeira cooperativa para venda de crédito de carbono do mundo. Entendemos que nos preparamos bem para a abertura dessa fronteira. Tudo ocorreu como planejado. Fomos para a implantação.

A primeira constatação foi que os potenciais parceiros que – acreditávamos – deveriam aceitar bem o programa, incorporando os conhecimentos à sua cultura, não apareceram. Mas, como bons mineiros, ficaram, em sua maioria, observando quem se habilitava  a efetivar a parceria e “assuntar” a efetiva viabilidade do projeto.

O Programa de Parceria Florestal está localizado em uma região  de aproximadamente 2.500.000 ha, onde estamos implantando 24.000 ha, 1% da área de atuação. Fizemos um levantamento da matriz fundiária da região e detectamos onde priorizar ações de pareceria. Essas  deveriam ser propriedades maiores que 100 ha.

Encontramos inúmeras propriedades sem documentação competente, escrituras com registro de áreas que não condiziam com a veracidade, documentação ambiental inexistente, às vezes áreas destinadas à reserva legal não dispondo de qualquer elemento arbóreo.

Até aí tudo passível de adequação. O suporte necessário foi dado pela empresa para a legalização requerida. Criamos uma estrutura para questões fundiárias, desenvolvemos um setor de geografia,  pois a topografia não mais atendia às necessidades, e conseguimos evoluir. Mas a dificuldade preponderante veio da resistência à eucaliptocultura.

Constatamos que nem todos conheciam os verdadeiros impactos do eucalipto, ficando claro que todos nós devemos agir com entusiasmo, com vistas a possibilitar informações qualificadas sobre silvicultura com eucalipto.

Nossa sociedade necessita conhecer que, além de sermos ambientalmente corretos e socialmente justos, estamos agregando uma  cultura agrícola com ganhos representativos para todos – mantendo a cultura existente na propriedade e incluindo a cultura de árvores. O primeiro grande impacto está na retroalimentação do lençol freático e na  redução drástica da erosão laminar do solo.

Nossa sociedade precisa saber que a geração de emprego e renda é amplamente superior ao manejo anteriormente praticado. Dentro do princípio da sustentabilidade, buscamos o desenvolvimento local de prestadores de serviços. Na prática, executamos desde a seleção dos potenciais fornecedores até a constituição da empresa, com vistas ao atendimento aos requisitos fundamentais – gestão, capacitação técnica e administrativa.

Ressalta-se que, para uma região onde a cultura do eucalipto não existia, conseguimos relativo sucesso de seis empresas orientadas para o projeto. Cinco estão atuando, sendo que uma delas já presta serviços para outras empresas do setor Brasil afora.

Outra grande dificuldade está na obtenção de crédito, apesar de disponibilizarmos contratos nos quais nossa empresa versa como avalista: nosso sistema financeiro não acompanhou a velocidade dos projetos implicando aporte de recursos maiores que o previsto por nossa organização. Bem, passados quase seis anos, o programa está caminhando com sucesso.

Quase 20.000 ha estão sendo concluídos até o final deste ano, e muitos novos defensores da classe estão em plena formação. A partir de 2012, iniciaremos a compra da madeira em pé de nossos parceiros e o processo de produção de biorredutor, consolidando mais essa nova fronteira.