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Pedro Alves Silva Neto

Coordenador de Suprimento de Madeira da ArcelorMittal BioFlorestas

OpCP66

Colheita florestal x logística de transporte
Com o avanço da tecnologia, a cada dia que passa, temos disponíveis, no mercado, novos equipamentos e ferramentas capazes de incrementar os equipamentos de colheita florestal e de transporte de madeira. São diversas ferramentas que podem ser utilizadas para auxiliar na coleta e transmissão dados, como os sistemas de telemetria, a gestão de frotas, a roteirização, os sistemas para medição de produção. 
 
Mas o fato de termos a tecnologia disponível e embarcada não garante o sucesso da operação; para tal, é necessário muito mais que isso, precisamos transformar os dados em informações e, a partir daí, utilizá-las de forma inteligente, para gerarmos conhecimento e conseguirmos planejar e executar as atividades de forma mais assertiva. 
 
Operações de colheita florestal e transporte da madeira representam um percentual expressivo do custo da madeira entregue na unidade de produção, por isso um bom planejamento pode reduzir significativamente os custos das operações finais. E um dos maiores desafios para quem lida com as operações de colheita florestal e de logística de transporte da madeira é realizar o planejamento e a execução dessas atividades, de forma integrada, pois, apesar de serem atividades distintas, não podemos trabalhá-las separadamente, já que o sucesso de uma atividade depende da necessidade e do bom planejamento da outra, e vice-versa. 

Se engana quem acredita que a operação de logística do transporte da madeira se inicia a partir do momento em que se finalizam as operações de colheita; o processo de logística deve ser pensado muito antes de a madeira estar processada na beira da estrada, é preciso pensar de maneira antecipada. 

Pensando nessa necessidade de integração entre as áreas, em nossas operações, trabalhamos de forma conjunta com todos os setores que possuem interface com a produção, ou seja, as áreas de planejamento, operação e manutenção, e, assim, conseguimos ter acesso ao máximo de  informações e variáveis possíveis, como a demanda/consumo de madeira por unidade de produção, o estoque de madeira no campo, a distância do talhão até a unidade de produção, a condição do talhão para o transporte em período chuvoso, o VMI, a disponibilidade mecânica dos equipamentos, a produtividade das atividades de CBT (Colheita/Baldeio/Traçamento), e todas essas informações nos dão subsídios para criarmos o planejamento macro do ano seguinte e, posteriormente, desdobrarmos o planejamento tático.

Desdobrando todas essas informações, criamos um microplanejamento detalhado, e é aí que o fator tecnologia entra em ação, pois, com a utilização de um sistema de gerenciamento de operações, conseguimos fazer essa comunicação com os operadores, em uma via de mão dupla: disponibilizamos o que foi planejado, e o operador consegue visualizar essas informações dentro da cabine da máquina. Ao mesmo tempo, coletamos os dados que são utilizados para alimentar os sistemas de apontamento e controle de produção, que também se transformam em informações para o próximo ciclo de planejamento.

Para a criação do nosso microplanejamento, mais uma vez, a interação entre as áreas é fundamental. Nessa etapa, a equipe que vai a campo é composta por supervisores das atividades de colheita mecanizada, baldeio e traçamento, além dos supervisores responsáveis pelas atividades de manutenção de estradas, do transporte de madeira e pela equipe do planejamento.

E é nesse momento que o detalhamento do plano tático é realizado, pensando na atividade “de trás para frente”, ou seja, pensando na saída das carretas de transporte de madeira, que é definida toda a estratégia para definir o sentido da derrubada, o baldeio e o posicionamento das pilhas de madeira traçada. 

Também, então, conseguimos levantar e delimitar possíveis áreas que requerem a atenção do operador, como locais com declives acentuados, erosões, rede elétrica, etc. Na oportunidade, são levantadas todas a necessidades relacionadas à manutenção e à preparação das estradas, como nivelamento, aplicação de cascalho, abertura de curvas, preparação para período chuvoso, posicionamento das bacias de contenção; enfim, são muitas possibilidades, e todas podem ser tratadas.

Todas essas informações vão para o microplanejamento e, posteriormente, ficam disponíveis para cada operador dentro da máquina, o qual consegue visualizar pela tela, em tempo real, o seu posicionamento no talhão, além de ter disponíveis todas as informações que foram levantadas previamente durante a fase de elaboração.

O sistema de gerenciamento de operações utilizado, além de levar para o operador todas as informações relacionadas ao talhão, também trabalha como um coletor de dados, enviando, em tempo real, as informações de produção: volume de madeira  colhida, baldeada e traçada, quantidade de horas operadas, horas em manutenção, produtividade, enfim, o sistema entrega uma grande variedade de informações, que dão aos gestores a opção de agirem com mais celeridade e assertividade, uma vez que é possível enxergar toda a operação de qualquer lugar, do escritório ou até mesmo pelo celular.
 
E o fator humano onde entra?  Sistemas de gerenciamento, tecnologias, ferramentas, informações, tudo isso é fundamental, mas nada se concretiza sem o fator humano. Tão fundamental quanto a tudo o que foi discutido são as pessoas, e não podemos discutir estratégias, inteligência, planejamento sem valorizar e ressaltar a importância que cada profissional tem em cada etapa dos processos.  Precisamos olhar com atenção, capacitar, disponibilizar recursos e, assim, teremos pessoas preparadas e engajadas para entregar o seu melhor.

Conhecimento, planejamento e interação: para mim, esses são os fundamentos que devemos utilizar quando estamos trabalhando nas estratégias de colheita e de logística de transporte de madeira. Tecnologias e sistemas de gerenciamento de operações não trabalham sozinhos, é preciso conhecer as demandas, as ferramentas, os recursos, as pessoas, a área; é preciso interagir, agrupar, colaborar; e, somente assim, é possível criar estratégias inteligentes, aproveitando ao máximo das informações disponíveis para gerar conhecimento, e uma boa estratégia contribui para superar os desafios e manter a sustentabilidade do negócio.