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Mauricio Bicalho de Melo

Diretor-presidente da ArcelorMittal Bioflorestas

Op-CP-36

Sustentabilidade: como fazer isso acontecer?

Gosto da definição de sustentabilidade que nos remete ao agente sustentável como aquele que produz competitivamente, utilizando menos recursos e reduzindo as pressões sobre o meio ambiente, além de estar contribuindo para a melhoria das condições de bem-estar social, da qualidade de vida de seus empregados e da comunidade onde atua.

Na prática, para fazer isso acontecer, é fundamental integrarmos os sistemas econômico, social e ambiental como inerentes ao conceito. Devemos promover a informação, a discussão e o desenvolvimento de práticas e de habilidades voltadas para a sustentabilidade, sem que deixemos de fora temas relevantes, como eficiência energética, uso menos intensivo dos recursos naturais, destinação adequada e redução de resíduos, conservação da biodiversidade, recuperação de ecossistemas e redução da pobreza.

Uma empresa de base florestal já trabalha, em sua essência, com algo que, por si, tem muito de sustentabilidade em seu negócio: a preservação. Segundo dados da Abraf, as empresas florestais associadas são responsáveis pela proteção de mais de 2 milhões de matas nativas entre Reservas Florestais Legais e Áreas de Preservação Permanente. O manejo adequado das florestas plantadas, desde a sua implantação até a colheita, ajuda, em diversos aspectos, a proteção da água e dos solos, a reabilitação de terras degradadas e a recuperação de paisagens, sem contar a retenção de carbono.

A atividade florestal também é geradora de emprego e renda, fortalecendo comunidades locais, pagando impostos e contribuindo para a desconcentração industrial. Não ficamos apenas no essencial da indústria florestal, somos também multiplicadores de boas práticas, seja diretamente no uso racional da terra, de técnicas de plantio ou conservação, seja em ações sociais que ajudam no desenvolvimento de comunidades, muitas vezes não atendidas plenamente pelo setor público.

Temos vários exemplos, em diversas empresas do setor florestal, de atividades sociais comunitárias que dão muito resultado e contribuem para deixar uma cultura local mais forte e pronta para o futuro daqueles que virão. Vejo que, a cada ciclo de plantio, melhoramos técnicas, mas também melhoramos nossa gestão com as pessoas. Criamos cultura e estamos sempre deixando esse aprendizado com nossos empregados e comunidades vizinhas.

Na ArcelorMittal BioFlorestas, nossos valores ambientais são continuamente desenvolvidos e aperfeiçoados, servindo para motivar e orientar a participação dos empregados nas ações de gerenciamento. Reconhecemos, valorizamos e estimulamos a participação de todos nos projetos e nos programas em desenvolvimento, atuando na conscientização de combate ao desperdício em suas atividades de rotina.

Plantar florestas é armazenar energia solar. É aproveitar o CO2 existente no ar e a energia disponível do sol, que realiza, por meio da fotossíntese, essa transformação maravilhosa em madeira, rica em carbono e água, matéria-prima para a fabricação de papel, móveis, carvão vegetal e diversos outros produtos.

Devemos, como gestores, administrar todos os recursos que utilizamos nessa prática. Saber utilizá-los, de maneira racional e ambientalmente responsável, é nossa obrigação. Também o é transmitir essa cultura a toda a nossa organização e permitir que os futuros gestores também adotem práticas das quais poderão se orgulhar de terem participado.

Em nossa gestão, temos que estabelecer mecanismos de planejamento e monitoramento, de forma a identificar, evitar e mitigar quaisquer impactos das atividades florestais ao meio onde atua, garantindo respeito aos valores sociais e culturais. Temos que avaliar os impactos socioeconômicos de nossas atividades a longo prazo. Também nos cabe realizar monitoramentos contínuos de fauna, flora, solo, água e ar.

Fazer a sustentabilidade acontecer é dar importância a ela. Seu conceito e respectivas práticas têm que estar ligados ao planejamento estratégico da empresa, ao seu DNA. As atividades têm que ser desdobradas em ações e metas, além de serem acompanhadas formal e sistematicamente. Realizar eventos alusivos ao tema e premiar as melhores práticas entre os empregados.

É também ir às comunidades e conversar com as pessoas, verificar se as atividades de manejo florestal lhes causam impacto, é entender o que necessitam e como a empresa pode ajudá-las. É ensinar a obter resultados com o que se tem disponível ao redor. Muitas vezes, não sabem que existe tal recurso. Nunca deram oportunidade de considerá-los.

Desenvolvemos uma atividade social, que tem tudo a ver com sustentabilidade. Contratamos grupos de teatro, artistas e professores de artes cênicas, para desenvolverem artistas nas comunidades vizinhas onde atuamos. Esses grupos ficam um tempo, suficiente para que sejam desenvolvidos grupos capazes de trabalhar uma peça, ato musical ou uma atividade completa. São trabalhos de médio prazo, que tomam vários meses.

Até que se crie a cultura local de uma opção instalada de uma nova atividade que, antes, não era sequer considerada. Ao final de um ciclo, esses pequenos grupos, muitas vezes apenas formado por crianças e adolescentes, já estão apresentando seus trabalhos. É maravilhoso poder ver, sentir, participar de um evento assim. Aparecem artistas com um potencial e uma qualidade que nos enchem o coração de alegria e orgulho.

Em cada etapa do processo que gerenciamos, temos sim que observar o que entra, o que sai e o que fica. Não podemos ser alheios a essas etapas. Se alteramos o sistema, temos que retorná-lo ao estado original. O trato e o manejo do solo têm que ser feitos de maneira racional, sem alterar a composição química a longo prazo. Hoje, se conhece o que a floresta extrai do solo, logo, repor esses elementos deve ser uma prática habitual.

A manutenção florestal tem que obedecer a critérios de conservação e do uso de elementos naturais para se combater pragas e competidores à cultura instalada. O uso de técnicas de manejo integrado de pragas é fundamental na linha de um processo florestal sustentável. O uso racional da água é uma prática cada vez mais utilizada. Todos necessitamos de água em nossos processos produtivos e temos que devolvê-la à natureza em um estado ótimo para que o meio ambiente agradeça e retribua essa condição.

A cada dia, vemos que é possível trabalhar com menor alteração dos elementos que nos cercam. O trabalho com a sustentabilidade passa por gerar uma cultura empresarial atenta ao fato conservacionista, cuidadosa com as ações de preservação e iniciativas ambientais em todos os seus aspectos. Enfim, fazer a sustentabilidade acontecer é fazer a coisa certa.