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Joésio Deoclécio Pierin Siqueira

Vice-presidente da STCP

Op-CP-27

As inovações contribuem para a rentabilidade do negócio florestal

O modelo tradicional adotado pela maioria dos gestores do setor florestal, tanto em nível nacional como internacional, é o de focar, individualmente, suas necessidades nas mais avançadas tecnologias existentes para cada operação (silvicultura, colheita, transporte ou, ainda, processo industrial). Isso é relevante para fortalecer a busca do desenvolvimento de tecnologias e técnicas operacionais aplicadas em cada atividade.

No entanto a opção de menor custo para a adoção de uma tecnologia específica, para uma fase qualquer das operações florestais, não garante o menor custo da madeira para o produto final desejado.

Isso só poderá ser alcançado via utilização do perfeito conhecimento do contexto de tecnologias e operações na cadeia produtiva, desde a silvicultura até o processamento industrial e a disponibilização do produto ao usuário final.

É importante observar que, para alcançar resultados econômicos e financeiros significativos na cadeia de negócios florestais, é necessário ter conhecimento e experiência na identificação das reais potencialidades operacionais e produtivas das tecnologias disponíveis no mercado.

Para tanto, é imprescindível a definição e a escolha rigorosa de um modelo de custeamento robusto para minimizar os erros de planejamento orçamentário, até mesmo como forma de garantir a rentabilidade prevista em cada negócio. A seguir, são apresentadas as inovações ocorridas nos últimos 15 anos.

Produção de mudas (viveiro): As tecnologias de produção de mudas florestais no Brasil, particularmente dos gêneros Eucalyptus spp e Pinuss pp, evoluíram tanto no que se refere a melhoramento genético como a técnicas operacionais da produção em viveiro.

No âmbito genético, a busca das empresas por mudas (clonais ou de sementes) que resultem em florestas de qualidade superior, de acordo com a necessidade industrial (propriedades físicas e mecânicas), e elevada produtividade vem sendo alcançada através de elevados investimentos em biotecnologia. Essa evolução tecnológica é considerada, em nível nacional, um dos maiores avanços, em todas as áreas, obtidos no Brasil, nos últimos 30 anos.

Assim, a busca pela mecanização com a automação de todo o processo de viveiro, como misturador de substrato, desempilhador de bandeja, esteira de plantio automática, linha de seleção de mudas e de expedição para o campo, entre outros, tem sido a base para a construção de novos viveiros e ganhos em produtividade.

A quantificação desses ganhos é difícil de ser determinada, mas, se for considerado que, nesse período, a variação do IGPM foi da ordem de 280% e que o preço da muda variou de R$ 0,15 para R$ 0,27 em média (aumento de 80%), o ganho alcançado com as novas tecnologias evitou o repasse de mais de 100% no custo/preço da muda.

Silvicultura: As tecnologias aplicadas à mecanização das operações de silvicultura no Brasil foram originadas, basicamente, dos equipamentos utilizados na agricultura, customizados para uso florestal através do desenvolvimento de implementos específicos, como os subsoladores, rebaixadores de tocos, plantadeiras e outros.

Hoje, as técnicas para as atividades silviculturais se vinculam à “silvicultura de precisão”, que representa uma nova forma de produção e administração das florestas pela adoção de tecnologias, como fotogrametria e fotointerpretação, cartografia, SGI e videografia, e permitem gerenciar grande volume de informações, as quais contribuem para a silvicultura com as “receitas” ideais, pois aumentam o rendimento da floresta, usando as potencialidades do solo e de outros fatores ambientais locais.

Da mesma forma que o caso de viveiros, comparação da variação do IGPM com a variação dos custos de silvicultura de eucalipto em um ciclo de 7 anos, os ganhos alcançados com as novas tecnologias e a mecanização intensiva das operações permitiram “represar” o aumento dos custos em pelo menos 90%, ou seja, passou de cerca de R$ 3.500,00 por hectare para R$ 7.000,00.

Colheita: Com a abertura do mercado brasileiro, nos anos 90, para as importações de equipamentos, as técnicas de colheita florestal evoluíram e permitiram otimizar os processos em todas as condições silviculturais, tanto das espécies florestais utilizadas como de topografia e solos, com a adoção de alta tecnologia dos harvesters, forwarders, skidders, Fellers, cabo aéreo, picadores e outros.

Atualmente, essas “novas tecnologias”, com ganhos significativos, são constituídas de detalhamentos e ajustes técnicos nos equipamentos, conhecidos como customização, para as condições brasileiras e, em muitos casos, para operações específicas demandadas pelas grandes empresas.

Pode ser considerada, ainda, uma das novas tecnologias a definição da ordem dos processos operacionais para a colheita (derrubada, desgalhe, descascamento, traçamento, baldeio, etc.) com os equipamentos disponíveis no mercado, adicionados de alguns ajustes técnicos, resultando nos conhecidos “novos sistemas de colheita”.

No caso da colheita, os ganhos alcançados com as novas tecnologias aplicadas em equipamentos e gestão de operações de um mesmo sistema e tipos de equipamentos mostram um comportamento bastante similar aos descritos para viveiros e operações de silvicultura.

Nesse caso, a variação do custo médio de R$ 10,00 por m³ para cerca de R$ 18,00/m³ atuais (aumento de 80%) evitou o repasse de mais de 100 pontos percentuais da variação do IGPM.

Transporte: A movimentação de madeira no Brasil baseia-se, primordialmente, no transporte rodoviário, e as tecnologias dos caminhões que transitam nas estradas são as mesmas dos países mais desenvolvidos.

O transporte de madeira de projetos em grande escala no Brasil, representados principalmente pelos empreendimentos dos segmentos de celulose, siderurgia e painéis, adota, para a otimização do ciclo de transporte, tecnologias avançadas com a utilização de caminhões de grande porte (treminhão de PBT de 75t) equipados com sistemas de rastreamento via satélite.

Essas tecnologias também trouxeram ganhos econômicos importantes restringindo a variação dos custos de frete, no período, de R$ 0,09/m³ para R$ 0,18/m³ (aumento de 100% contra a variação e 280% do IGPM).

Indústria: Os resultados tecnológicos da área florestal contribuíram para que a indústria alcançasse maior eficiência, tanto no processo de transformação como na utilização dos insumos e ainda na oferta de produtos com maior qualidade e respostas ambientais adequadas.

Por exemplo, o setor de celulose produzia 8 toneladas de celulose por hectare, contra 11,3 toneladas atualmente, trabalha com a expectativa de chegar até 14 toneladas, via ampliação do uso de material genético nas plantações.

Finalmente, as tendências para o setor florestal em nível nacional, na medida da evolução e do uso das tecnologias que estão sendo e que serão disponibilizadas, tanto pela iniciativa privada como pelas instituições de pesquisas, são da melhoria da rentabilidade (econômica e financeira) e de suas contribuições, via adequadas respostas ambientais e sociais, ao desenvolvimento do Brasil como um todo.