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Fernando Henrique da Fonseca

Presidente da Abraf

Op-CP-10

As florestas plantadas e a estruturação de pólos de desenvolvimento

As atividades de florestas plantadas no Brasil, que se dedicam ao cultivo do eucalipto e pinus, vivem um momento de franca expansão, em um horizonte que se prolongará pelos próximos vinte anos, de modo a atender à crescente demanda de madeira certificada das indústrias de celulose e papel, painéis de madeira reconstituída, siderurgia a carvão vegetal e produtos de madeira sólida, setores nos quais os investimentos já anunciados superarão 20 bilhões de dólares, durante os próximos dez anos.

Todavia, a par do fornecimento da madeira às indústrias de transformação e da criação de pólos industriais na região de influência das florestas e das fábricas integradas, as atividades florestais induzem e estruturam também uma série de outras atividades ao seu redor, criando círculos virtuosos de crescimento nas pequenas e médias comunidades vizinhas, injetando recursos nas economias municipais e fixando as populações nessas localidades.

O uso múltiplo das florestas e a obtenção de produtos não-madeireiros estruturam um grande leque de atividades, que abrangem a laminação, serrarias, fabricação de móveis, embalagens, resinagem (pínus), além da apicultura, extração de essências e de serrarias especializadas, que realizam a secagem técnica da madeira (eucalipto), promovendo sua comercialização para os mercados mundiais, atividades às quais devemos acrescentar a própria produção de mudas, com seu grande potencial de geração de empregos e formação de mão-de-obra especializada.

Ao mesmo tempo, os programas de fomento florestal estendem aos pequenos e médios produtores rurais, na área de influência das florestas e das fábricas integradas, a repartição de benefícios, incorporando essas populações ao ritmo de produção dos grandes empreendimentos, mediante o fornecimento de mudas, insumos e assistência técnica, e a celebração de contratos de compra da produção, incluindo a venda futura e a antecipação de pagamentos, do que resulta a injeção de recursos nas economias municipais e o desenvolvimento das redes de serviços, gerando emprego e renda nessas localidades.

Em 2006, a soma das áreas cultivadas pelos pequenos e médios proprietários parceiros das empresas associadas da Abraf, nos programas de fomento florestal, ultrapassou 320 mil hectares, representando mais de 13% da área própria dessas empresas. E se considerarmos, por outro lado, as ações de responsabilidade social das empresas de base florestal, nos campos da educação, saúde, cultura e meio ambiente, devemos incluí-las como iniciativas que incrementam e aperfeiçoam o desenvolvimento local e regional, induzido pelas atividades de florestas plantadas.

As empresas associadas da Abraf, cuja área total plantada alcança menos da metade da área total de florestas plantadas no país, investiram, em conjunto, no ano de 2006, nas áreas de ação social, saúde, educação básica, educação ambiental e programas culturais, mais de 140 milhões de reais, beneficiando mais de um milhão de pessoas, em mais de 700 municípios, em uma extensão do país que vai do estado da Bahia ao Rio Grande do Sul.

Portanto, ao plantarem e promoverem o plantio de florestas de eucaliptoepínus, os empreendimentos florestais do país, além de ampliarem a capacidade de produção de suas fábricas de celulose e papel, painéis de madeira reconstituída, siderurgia a carvão vegetal, produtos de madeira sólida e móveis, e aumentarem a geração de empregos, o recolhimento de tributos e a geração de divisas com as exportações, estão também estruturando novas atividades, em uma grande rede de municípios e regiões produtoras de florestas plantadas, quer através de APLs - Arranjos Produtivos Locais, ou mesmo de clusters regionais, induzindo a criação de pólos de desenvolvimento diversificados, ricos em oportunidades para pequenos e médios empreendedores locais.

Mediante essa visão, os investimentos em florestas plantadas e indústrias integradas, já anunciados para regiões do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia, dentre outras do país, devem ser analisados em uma perspectiva que vai muito além das florestas plantadas e fábricas integradas próprias de cada um desses empreendimentos, pois a capacidade estruturante das atividades florestais multiplica-se em um grande elenco de ramos de negócio, beneficiando as populações regionais e dinamizando a economia de seus municípios.

Vivemos um momento no país em que, a par do apoio dos governos estaduais e municipais aos grandes empreendimentos de florestas plantadas, já anunciado em várias regiões do país, assistimos também às ações contrárias de movimentos sociais nacionais e internacionais, visando impedir a implantação e o pleno desenvolvimento desses investimentos.  

Nesse cenário, é indispensável que a sociedade organizada conheça as cadeias produtivas das indústrias de base florestal, em seus diversos setores e segmentos, com suas ramificações regionais e municipais e sua capacidade estruturante promotora de benefícios que ultrapassam os números dos grandes projetos, alcançando as populações regionais e locais, proporcionando-lhes emprego e renda. E, sobretudo, resgatando a dignidade de uma grande parcela de cidadãos brasileiros, que, ao invés de migrarem e se sujeitarem aos subempregos e à favelização dos grandes centros urbanos, poderão assim permanecer em suas regiões de origem, com remuneração, moradia e serviços públicos adequados.